Brasil

Brasil pode passar de 10 mil mortes no dia 10 de maio, prevê estudo

05/05/2020
O mais recente boletim ‘Covid-19 em Dados: Brasil’ produzido por especialistas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e apresentado na última segunda-feira (4) prevê que o país pode chegar até 10.112 mortes pelo novo coronavírus no dia 10 de maio.   Esse é o valor superior do intervalo de confiança da previsão, que possui um limite inferior de 8.145 mortes e uma média de 9.129 mortes para a mesma data.   A estimativa é feita com dados oficiais do Ministério da Saúde e com técnicas de estatística com modelos de séries temporais, como o ARIMA, que captura a memória histórica da série analisada e faz uma previsão do futuro. Atualmente, o Brasil possui oficialmente 7.921 vítimas confirmadas do novo coronavírus.   “O que a gente descobriu é que esse modelo acerta a tendência que é de aumento, mas ele tende a subestimar ligeiramente a quantidade das mortes. Se o modelo diz nove mil mortes, por exemplo, isso indica que vai morrer, no mínimo isso”, explica o coordenador do estudo, o professor de Ciência Política da UFPE, Dalson Figueiredo em entrevista a CNN. A equipe possui mais cinco pesquisadores: Antônio Fernandes, Diego Henrique, Enivaldo Rocha, Lucas Borba e Lucas Silva.
O documento adianta ainda que, na data limite analisada, dia 11 de maio, o Brasil terá entre 127.540 mil a 150.372 mil casos da Covid-19 e uma previsão de letalidade podendo chegar até 8,19%. “A nossa expectativa teórica é que o Governo aumente o número de testes, que, por sua vez, tende a reduzir a taxa de letalidade. Por isso, a previsão média de 6,95% é mais indicada para esse caso”, esclarece Figueiredo.   Segundo dados do governo federal desta tarde, o Brasil já possuía 114.715 pessoas infectadas. De acordo com o autor do estudo, é necessário respeitar o limite das expectativas de futuro, pois utilizando um prazo de uma semana de previsão há uma taxa de erro de 2%. “Não dá para prever a longo prazo. É muito perigoso extrapolar para mais de 15 dias por conta das subnotificações”, explica o pesquisador.   Para o professor do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Leandro Tessler, o boletim não faz exatamente um modelo epidemiológico, mas se vale de uma estratégia muito usada pelos estatísticos. “A previsão provavelmente está correta dentro do intervalo analisado. Ela está baseada na evolução temporal dos números dos últimos dias. Pode chegar a 10 mil (mortes) no dia 10 de maio ou logo depois”, explica. Tessler ressalta que como não é um modelo, o estudo não consegue prever o que acontece em caso de lockdown ou mesmo de isolamento. “Ele simplesmente segue as tendências da curva”, diz.   Segundo a microbiologista, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e presidente do Instituto Questão de Ciência, Natalia Pasternak, a soma da falta de adesão ao isolamento social com a falta de investimento em ciência, que deixou o Brasil sem a estrutura adequada para testar e acompanhar a evolução da doença, contribuirá para o país chegar aos 10 mil mortos da Covid-19. “Nos deixam sem laboratórios e universidades equipadas para termos uma noção real da pandemia no Brasil. Quando você tem teste e diagnósticos adequados, como na Coreia do Sul e na Alemanha, você consegue conter melhor a doença”, diz.