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O que sabemos sobre colapso da ponte nos EUA após colisão de navio cargueiro

Duas pessoas foram resgatadas com vida; autoridades buscam por outras seis

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM CNN 26/03/2024
O que sabemos sobre colapso da ponte nos EUA após colisão de navio cargueiro
Vista da ponte Francis Scott Key, que desabou após a colisão de um navio de carga, em Baltimore, Maryland, Estados Unidos, em 26 de março de 2024 | Rob Carr/Getty Images

Um enorme navio de carga atingiu a ponte Francis Scott Key, em Baltimore, nos Estados Unidos, na manhã desta terça-feira (26), fazendo com que a estrutura de 2,5 quilômetros desmoronasse, derrubando carros e pessoas nas águas geladas abaixo.

Veja abaixo o que sabemos sobre o caso.

Por que a ponte desabou?

Pouco antes da 1h30 desta terça, no horário local, um navio porta-contêineres de bandeira de Cingapura chamado DALI atingiu um dos pilares da ponte, disseram autoridades.

O navio tem cerca de 300 metros de comprimento, segundo dados da MarineTraffic.

Momentos antes da batida, o DALI teria perdido a propulsão e lançado âncora como parte do seu protocolo de emergência, informou a Autoridade Marítima e Portuária de Cingapura em comunicado.

Segundo a nota, a embarcação “não foi capaz de manter a direção desejada e colidiu com a ponte Francis Scott Key”.

Vídeos mostraram luzes piscando a bordo do navio pouco antes da colisão.

Vista da ponte Francis Scott Key, que desabou após a colisão de um navio de carga, em Baltimore, Maryland, Estados Unidos, em 26 de março de 2024.
Vista da ponte Francis Scott Key, que desabou após a colisão de um navio de carga, em Baltimore, Maryland, Estados Unidos, em 26 de março de 2024. / Rob Carr/Getty Images

“Podemos confirmar que a tripulação notificou as autoridades sobre um problema de energia” antes do acidente, informou o governador de Maryland, Wes Moore.

As imagens do acidente também mostraram que a embarcação estava na parte errada do canal ao se aproximar da ponte. O navio bateu em um pilar, em vez de passar por baixo do meio da ponte, onde o espaço é maior.

“Se você olhar, está fora do centro de onde deveria estar. Obviamente, deveria estar no canal principal, que fica abaixo desse vão principal”, ressaltou o secretário de Transportes de Maryland, Paul J. Wiedefeld, à CNN.

Quantas pessoas estão desaparecidas ou feridas?

Ao menos seis pessoas que estavam na ponte no momento do desabamento ainda estão desaparecidas, afirmou Wiedefeld.

Todos os seis são trabalhadores que tapavam buracos na rodovia da ponte quando o navio bateu, de acordo com a autoridade. As obras “não tiveram nada a ver com uma questão estrutural”, pontuou.

Duas pessoas foram resgatadas do rio Patapsco, observou o chefe dos bombeiros da cidade de Baltimore, James Wallace, na manhã desta terça-feira. Um deles não ficou ferido e o outro foi levado para um centro médico local.

Essa segunda vítima já foi liberada, mas o estado de saúde não foi divulgado, segundo o Centro Médico da Universidade de Maryland.

Ninguém a bordo do navio DALI ficou ferido, ressaltou a empresa gestora do navio, a Synergy Group.

Um sonar detectou carros submersos na água após o acidente, mas não há informações sobre vítimas nesses carros, disse Wiedefeld. É possível que os carros pertenciam aos trabalhadores que estavam na ponte.

Quem estava pilotando o navio?

O navio de carga porta-contêineres DALI, que tinha acabado de sair do porto de Baltimore e seguia para Colombo, no Sri Lanka, não era pilotado por seus próprios tripulantes.

Quem estava no comando da embarcação eram pilotos locais, que são usados especificamente para evitar acidentes como o ocorrido na madrugada desta terça-feira (26), quando a ponte Francis Scott Key desabou.

Os pilotos embarcam fora dos canais locais e levam os navios aos portos. Operações de saída como este levam os navios dos portos para mar aberto.

Quão perigosa é a condição da água?

O rio Patapsco tem cerca de 15 metros de profundidade sob a ponte Francis Scott Key, de acordo com as autoridades.

Um ponto crítico para as operações de busca e resgate é a temperatura da água no porto de Baltimore, perto do local do colapso da ponte. Os termômetros chegaram a marcar 7 °C a 10 °C. A capacidade de sobrevivência humana neste ambiente é de uma a três horas.

Qualquer exposição prolongada à água abaixo de 12° C pode ser mortal, alertou o Serviço Meteorológico Nacional dos EUA, causando desde incapacitação imediata a “aumentos repentinos na frequência cardíaca e na pressão arterial”, o que poderia ocasionar um ataque cardíaco.

Os corpos perdem calor quatro vezes mais rápido na água fria do que no ar frio, o que pode levar rapidamente à hipotermia, confusão e choque.

Isso foi um acidente ou um ato intencional?

Não há indícios de que a colisão do navio e o colapso da ponte tenham sido intencionais, afirmaram autoridades estaduais e federais.

Mesmo assim, o FBI — o serviço de investigação federal dos Estados Unidos — está envolvido na apuração.

Andrew McCabe, ex-vice-diretor do FBI, explicou que isso acontece por causa do intercâmbio de informações entre várias agências de segurança e porque o FBI tem “equipes de mergulho muito experientes” que podem ajudar na busca, por exemplo.

Em segundo lugar, o FBI pode ajudar a confirmar se o desastre foi intencional, examinando dados para entender se houve alguma conversa sobre planos ou alvos, sobre locais como este.

O presidente Joe Biden pontuou em coletiva de imprensa que não há indícios de que colapso de ponte nos EUA foi provocado intencionalmente.