Cotidiano
Alguns acreditam que encontrar a cara metade é algo que está escrito nas estrelas. Mas o casal Antônio e Luiza, residentes na cidade de Várzea Grande, em Mato Grosso, tem mais motivos do que a maioria para acreditar no destino. Seus caminhos se cruzaram em 1956, pela primeira vez na cidade de Jangada(76 KM de Cuiabá) – onde Luiza Antônia de Paula, nome de solteira, residia.
Em um encontro casual do casal, Antônio Oliveira Ribeiro, trabalhava com o Exército brasileiro na abertura da BR 364(rodovia que corta o munícipio) e mais de seis décadas e meia fez deles companheiros de vida.
Os números que os rodeiam são robustos. Ele tem 87 anos, ela 82. Unidos, são 65 e juntos fizeram virar 12, 18 e 35. Agora, depois de viverem as mudanças do mundo em muito mais de meio século de história, vão celebrar bodas de platina no próximo dia 23 de novembro. Mais do que isso, Antônio Ribeiro e Luiza Ribeiro, vão celebrar toda uma vida junta e uma série de coincidências que levaram a esta união.
O encontro do casal – pela primeira vez – se deu quando ele trabalhava apara o Exército na construção de uma ponte sobre o rio jangada e ela tinha que, obrigatoriamente, passar pelo local onde seu futuro marido trabalhava. “Ela iria visitar a madrinha e estava acompanhada de uma prima no mês de Junho de 1957. Olhou para mim por várias e dava tchau. Por várias vezes ela passava pela ponte. Até que um belo dia ela perguntou pelo meu nome: começamos a conversar e um dia pedi sua mão em namoro”, relembrou Antônio sobre quando viu pela primeira vez sua futura esposa. “Nos conhecemos assim. Eu disse: ‘vamos tentar’. E tentamos. E foi assim”, disse ele. No mês de junho daquele ano engataram o namoro e casaram cinco meses depois, em novembro daquele ano, 1957. “Na época foi uma festa só na minha família, em Jangada. Mataram vaca, porco, galinha. Teve cururu, licor de leite, vinhos Cinzano e Martins, churrasco, carne de porco, galinhada e baile tocado no violão. Foi lindo”, relembra Luiza com lágrimas nos olhos ao lembrar dos convidados que participaram da festa e que já faleceram. “Tinha uma lua maravilhosa no céu e a temperatura estava incrível. Foi uma das noites mais lindas em toda minha vida”, relatou Luiza. “Eu me lembro dele vindo em minha direção... ele se aproximou e deu um beijo em minha testa”, contou Luiza. Segundo ela, a simples lembrança daquele momento lhe coloca num estado de “absoluto êxtase”. “Levou apenas um ano para ela decidir que queria se casar comigo, disse Antônio aos risos em entrevista ao Página 12. Casaram-se numa cerimônia com vários convidados na cidade de Jangada. A lua de mel ocorreu em uma noite de alegria, festa e sonhos do jovem casal, ele com 22 e ela com 17 anos.
Luiza diz que o segredo de um relacionamento tão longo é a tolerância que ela teve durante todos esses anos. “Só durou porque eu tive paciência, pois ele viajava muito trabalhando para o país, junto com o Exército brasileiro nas construções de pontes na BR 163 e na 364”, disse.
É certo que o casamento do casal residente em Várzea Grande e considerado tão longo, está cada vez mais incomum no Brasil, que tem uma expectativa de vida de 72 anos.
Mas, para o casal, o casamento é uma das poucas instituições que propícia para que o ser humano possa desenvolver suas potencialidades e virtudes na busca da excelência ética. Um casamento fortalecido é do interesse não apenas dos cônjuges e dos filhos, mas de toda a sociedade.
Diversas ideologias recentes têm tentado minar a importância do casamento, tratando-o como uma construção social imposta por determinadas tradições e clamando por sua “superação”. Nada mais distante da realidade: trata-se de uma instituição natural, fundada na complementaridade biológica e psíquica entre homem e mulher.
O fim do casamento, faz com que o casal entre, essencialmente, em um estado de perda emocional devastadora. Os sentimentos são intensos de tristeza, luto e a sensação avassaladora de nunca ser capaz de superar a dor.
Você não pode apressar o amor — e, infelizmente, tampouco pode abreviar o processo de superação do fim do relacionamento. Mas, estudos publicados por revistas cientificas sugere que leva cerca de três meses (11 semanas para ser mais precisa) para que alguém tenha um sentimento mais positivo em relação à uma separação.
Quanto ao casamento, é preciso dizer que, não é uma imposição jurídica, mas uma necessária e verdadeira educação e respeito do seu significado, e um desafio apaixonante que reside nesta união. E é o caso do casal Antônio e Luiza apesar dos percalços que tiveram durante esse tempo juntos.
Um desses problemas aconteceu na morte prematura de sua quarta filha, Evanildes Terezinha Ribeiro. Ela morreu aos sete meses de idade de pneumonia e abalou profundamente o casal. “Uma dor profunda que tivemos e que é difícil de falar até hoje”, afirmou o casal. “Quando ela nasceu, me entregaram ela - era uma menina loirinha -, meu coração se encheu de amor. Era linda, fofinha”, disse Luiza em lágrimas. Segundo ela, Evanildes tinha cerca de 50 cm e quando ela recebeu a bebê após o parto, ela estava de vestidinho branco e touca, enrolada em um cobertor branco tricotado à mão e “seus dedos dos pés e das mãos repousavam em perfeição”, afirma. “Olhava para ela maravilhada. E não consegui entender por que ela tinha morrido”, lamentou. Além de Evanildes o casal criou um sobrinho, Luiz Ribeiro, e tiveram mais sete filhos: Antônia, Ivane, Edson, Ivan, Zelito, Zelita e Pedro. O casal várzea-grandense comemora na quarta-feira, 23, o aniversário de 65 anos de casamento.
Acredita-se que o casamento dos dois seja um dos mais duradouro em existência no município. Antônio, que nasceu na cidade de Sertanópolis, interior do Paraná e Luiza na cidade de Jangada, interior de Mato Grosso celebram a união sendo um dos mais longevo e cumpriram onde a tradição manda se casar cedo.
A família apresenta-se, na pós-modernidade, como uma realidade plural e modelada pelos costumes vigentes no momento histórico correspondente, apresentando por seu turno dogmas religiosos, políticos, históricos e culturais com filhos e netos advogados, médicos, professores, contadores, pedagoga, historiador, engenheiros, arquiteta, jornalista, psicóloga, administrador de empresa, empresário, estudantes e servidores públicos.