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'Maga', Deus, imigração e críticas ao governo Biden: veja os principais pontos do discurso de posse de Trump nos EUA

Após vitória com folga na eleição de 2024, republicano assumiu oficialmente a presidência nesta segunda-feira (20) em tom de restaurar a grandeza dos EUA e críticas à gestão anterior

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM G1 20/01/2025
'Maga', Deus, imigração e críticas ao governo Biden: veja os principais pontos do discurso de posse de Trump nos EUA
Em suas primeiras palavras como o 47º presidente dos EUA, Trump prometeu retomar a grandeza dos EUA | REUTERS
"A era de ouro dos Estados Unidos começa neste momento".

Foi desta maneira que Donald Trump introduziu seu segundo mandato, não consecutivo, como presidente dos EUA, em discurso de posse nesta segunda-feira (20).

Em suas primeiras palavras como o 47º presidente dos EUA, Trump prometeu retomar a grandeza dos EUA, adotou tom messiânico para justificar sua vitória nas eleições, repetiu mentiras e anunciou as primeiras medidas que tomará já no 1º dia de seu novo governo.

Em discurso que remontou o Destino Manifesto —doutrina que coloca EUA como "nação escolhida"—, Trump afirmou que a maior prioridade de seu governo será "criar uma nação orgulhosa, próspera e livre".

"Os EUA vão retomar lugar de nação mais grandiosa e próspera, voltaremos a ser respeitados em todo o mundo. Nossa soberania será recuperada, nossa segurança será restaurada. A balança da Justiça será reequilibrada. (...) Seremos prósperos, orgulhosos, fortes e vamos vencer como nunca antes. (...) De hoje em diante, os EUA serão uma nação livre, soberana e independente", afirmou o novo presidente.

Trump prometeu extinguir todas as dificuldades que os EUA enfrentam atualmente, como a inflação e "a crise de confiança" da população norte-americana no governo e nas instituições do país.

O republicano também criticou o governo Biden. Sem nenhum indício de reconciliação, Trump afirmou que o democrata "não consegue administrar uma simples crise doméstica" além de "acumular eventos catastróficos no exterior". Também citou a crise migratória que o país vive. Logo após Trump ser empossado, sua equipe mudou o site oficial da Casa Branca para mostrar uma foto de Trump com a mensagem "Os EUA voltaram".

Durante seu discurso, Trump também adotou tom messiânico ao afirmar que foi escolhido por Deus quando escapou da morte no atentado sofrido durante comício em julho: "Minha vida foi salva por Deus para tornar os EUA grandes novamente", repetindo seu slogan de "Maga".

O novo presidente prometeu retomar uma unidade nacional nos EUA. "Não vamos esquecer do nosso país. Não vamos esquecer nossa Constituição, e não vamos esquecer nosso Deus", afirmou.

Trump também fez promessas de garantir o Estado de Direito e combater perseguições judiciais, ao mesmo tempo em que prometeu implementar o que chamou de "revolução do senso comum", com medidas como "restaurar" a liberdade de expressão —argumento utilizado pela extrema direita contra regulação nas redes sociais— e a extinção de programas de diversidade.

Veja o que mais Trump afirmou durante seu discurso:

  • Prometeu ser "pacificador e unificador" durante seu segundo mandato, e que esse será seu legado político;
  • Prometeu crescimento econômico inédito: "Vamos construir carros em uma velocidade que vocês nunca viram. Vocês vão poder comprar qualquer carro", afirmou Trump;
  • Reafirmou que renomeará o Golfo do México para "Golfo da América", em referência aos EUA;
  • Reafirmou que retomará o Canal do Panamá, afirmando que o estreito foi tomado pela China. "O canal foi dado ao Panamá, não à China. Vamos tomá-lo de volta";
  • Anunciou que declarará emergência nacional para deportar imigrantes não documentados e designará o Exército dos EUA para as fronteiras ao sul para "reverter a invasão desastrosa em nosso país";
  • Criação de sistemas para proteger os empregos dos cidadãos dos EUA;
  • Prometeu revogar todas as formas de censura e "restaurar a liberdade expressão" nos EUA;
  • Afirmou que o sistema de Justiça dos EUA não perseguirá mais inimigos políticos de quem estiver no poder;
  • Prometeu a extinção de programas de diversidade: "Vamos forjar sociedade que não enxergará duas cores e será baseada no mérito. Agora só existem dois gêneros: masculino e feminino".

Veja a íntegra do discurso de Trump aqui.

Trump de volta

Foto oficial de Trump como 47º presidente dos Estados Unidos.  — Foto: Divulgação

Foto oficial de Trump como 47º presidente dos Estados Unidos. — Foto: Divulgação

Quatro anos depois, o republicano volta à Casa Branca com fôlego renovado, processos judiciais resolvidos e, desta vez, sem a tutela de figurões do Partido Republicano como a do primeiro mandato. Ele venceu as eleições de novembro de 2024.

Trump foi empossado após fazer o juramento do cargo no Capitólio, a sede do Congresso americano. Por conta do frio, a cerimônia ocorreu em um espaço fechado do Capitólio. Antes da posse, ele se encontrou com Joe Biden, presidente que se despede do cargo também nesta segunda.

Também nesta segunda, o republicano  dará o pontapé inicial aos primeiros atos de seu governo: ele vai assinar, de uma só vez, dezenas de ordens executivas direcionadas a políticas anti-imigratórias —que podem afetar brasileiros em situação ilegal nos EUA— e tributárias favoráveis aos magnatas que agora integram seu governo.

A estratégia é a mesma de sua primeira gestão à frente da Casa Branca, quando ele anunciou decretos polêmicos já nos primeiros dias de governo, como a construção do muro na fronteira com o México e a suspensão de vistos para cidadãos de sete países muçulmanos.

Joe Biden e Jill recebem Donald Trump e Melania na Casa Branca para transição de poder nos EUA em 20 de janeiro de 2025. — Foto: Reprodução/Globonews

Posse

O que Trump anunciou que irá fazer em novo governo

Já na cerimônia de posse, também chamada de Dia da Inauguração nos EUA, Trump dará demonstrações desse "voo solo". Quebrando um protocolo de não convidar governantes do exterior para o evento e sim diplomatas que os representem, o republicano, segundo a imprensa local, enviou uma série de convites diretos a aliados.

Entre eles, os presidentes Javier Milei, da Argentina, Giorgia Meloni, da Itália, e Viktor Orbán, da Hungria, além do brasileiro Jair Bolsonaro — apesar de o Supremo ter negado o pedido de Bolsonaro, que está com o passaporte apreendido, de ir à cerimônia nos EUA.

Trump também chamou políticos de partidos ultraconservadores europeus, como Tino Chrupalla, do Alternativa para a Alemanha (AfD), o espanhol Santiago Abascal, do VOX, e o ultraliberal britânico anti-União Europeia Nigel Farage, de acordo com o site de notícias dos EUA Politico.

Já a presidente da Comissão Europeia — o braço executivo da União Europeia —, Ursula von der Leyen, não recebeu convite, assim como o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un. O líder chinês, Xi Jinping, foi convidado por Trump, mas enviou seu vice.

O presidente Lula (PT) não foi convidado para a posse. A embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, vai representar o governo brasileiro no evento.

Nomes do Vale do Silício e magnatas da tecnologia, parte essencial da segunda gestão de Trump — ex-magnata que tem uma fortuna estimada em cerca de US$ 6,5 bilhões (cerca de R$ 32 bilhões) — também terão assentos garantidos na posse.

Segundo a imprensa norte-americana, Elon Musk, CEO da Tesla, do X e do SpaceX; Jeff Bezos, presidente-executivo da Amazon; e Mark Zuckerberg, CEO da Meta, estarão nas primeiras filas.

É justamente pensando nesse nicho que Trump deve assinar uma enxurrada de ordens executivas já durante a cerimônia de posse. As promessas de Trump de deportar imigrantes deverão encabeçar a lista das ordens executivas e, com isso, criar uma cortina de fumaça para medidas tributárias que favorecem o Vale do Silício, segundo o professor Leonardo Trevisan, da ESPM.

"Nós vamos assistir a uma enorme cortina de fumaça nos primeiros dias, exatamente pela complexidade que terão algumas medidas econômicas".

As ordens executivas são espécies de decreto, por não precisarem de aprovação prévia do Congresso, mas não criam uma lei específica. São como uma determinação do presidente sobre como órgãos do governo devem usar seus recursos.

Entre as que devem ser assinadas já nesta segunda estão também o texto em que Trump declara a imigração ilegal uma emergência nacional, o que na prática autoriza a liberação de fundos militares para a construção do muro na fronteira com o México, e a que permite agentes de imigração federal a prender pessoas sem antecedentes criminais.

Trajetória

Melania Trump será primeira-dama pela segunda vez.  — Foto: REUTERS/Elizabeth Frantz

Melania Trump será primeira-dama pela segunda vez. — Foto: REUTERS/Elizabeth Frantz

Trump se muda de volta à Casa Branca novamente ao lado de Melania Trump, sua terceira esposa. O agora presidente dos EUA tem cinco filhos, dez netos, frutos de três casamentos diferentes.

Ao contrário do que já disse algumas vezes, Donald Trump não construiu sua fortuna do zero. Seus primeiros passos e milhões de dólares foram proporcionados por seu pai, Fred Trump, filho de um imigrante alemão que investiu no incipiente mercado imobiliário de Nova York na década de 1950.

Após se formar em economia na Universidade da Pensilvânia, em 1968, ele assumiu oficialmente a imobiliária da família, que começou a expandir por Nova York com construções de prédios altos em Manhattan e hotéis, campos de golfe e cassinos fora dos EUA, que sempre batiza com o nome da família.

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