Brasil

Atentado no Maranhão deixa dois índios mortos; Moro fala em enviar Força Nacional

07/12/2019
Dois índios da etnia Guajajara morreram após terem sido alvo de um ataque a tiros neste sábado, 7, às margens da rodovia BR-226, localizada no município de Jenipapo dos Vieiras, no Maranhão, 500 quilômetros ao sul da capital São Luís. As mortes foram confirmadas pela Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular do Estado. Ainda há dois feridos.   O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, informou no Twitter que a equipe da Polícia Federal foi enviada ao local para investigar o crime e suas motivações. "Vamos avaliar a viabilidade do envio de equipe da Força Nacional à região. Nossa solidariedade às vítimas e aos seus familiares", escreveu. Procurada, a Funai lamentou o ocorrido na Terra Indígena Cana Brava, próxima da Aldeia El-Betel, e afirmou que os indígenas foram atingidos por tiros vindos de um veículo Celta, de cor branca e com vidros espelhados, por volta de 14h30. A equipe da Funai foi enviada para a região, assim como a da Secretaria de Segurança Pública e da Secretaria de Estado de Direitos Humanos. Como forma de protesto, os indígenas interditaram a rodovia nos dois sentidos e a passagem de veículos foi bloqueada.   A deputada federal Joênia Wapichana (Rede-RR), líder da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, afirmou que a situação é urgente e ligou o aumento da violência à impunidade. "A violência está crescendo porque não há punição", disse. Ela defendeu que a Polícia Federal e a Força Nacional atuem provisoriamente para garantir a segurança da região, mas pediu uma atuação contínua e permanente, com maior fiscalização.   "É essencial que se crie uma base de proteção contra essa violência orquestrada. É preciso tomar providências enérgicas. Está na hora de fazer operações contra o desmatamento, invasões de terras indígenas e considerar isso também como crime organizado, que está crescendo na Amazônia".  

Crítica

  A líder indígena Sônia Guajajara escreveu em uma rede social dizendo que é preciso acabar com os ataques contra indígenas. "Basta de vítimas, não queremos mártires, queremos vozes vivas". Em novembro, o líder indígena Paulo Paulino Guajajara foi alvo de uma emboscada de madeireiros na reserva Arariboia.   Naquele mês, o Estado mostrou que o Ministério Público Federal (MPF) pede na Justiça que as autoridades tomem providências para evitar mortes de índios “guardiões da floresta” como Paulo Paulino Guajajara, Atualmente existem ao menos quatro “guardiões” sob ameaça de morte na área indígena onde ocorreu o crime e outros 20 em todo o Estado.