Brasil

Rebelião com reféns em presídio de Manaus terminou com 17 feridos, diz governo

02/05/2020
Dezessete pessoas ficaram feridas durante a rebelião que aconteceu na manhã deste sábado (2) na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) em Manaus, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). Sete agentes de ressocialização foram feitos reféns durante o motim. Entre os feridos, dez são agentes prisionais.  

Em nota, a SSP-AM afirma que três agentes teriam se machucado ao pular das muralhas. Cinco presos e dois policiais militares tiveram ferimentos durante as negociações, que duraram aproximadamente cinco horas.

“Todos os reféns estão bem, alguns um pouco machucados porque estavam com estoques no pescoço. O objetivo dessa rebelião era fazer uma fuga, eles estavam cavando um túnel, o que não estavam conseguindo fazer no dia a dia. A tropa entrou, dominou a cadeia, ninguém ferido gravemente, só alguns policiais levaram pedradas e estão machucados”, esclareceu o secretário de segurança, coronel Louismar Bonates.

Há mais de um mês, a Pastoral Carcerária Nacional enviou à Defensoria Pública do Amazonas e à Justiça do Estado um documento que listava diversas denúncias de violações de direitos de presos da Unidade Prisional do Puraquequara.

A operação para restabelecer a ordem na unidade contou com efetivos do Grupo de Intervenção Penitenciário e das tropas especializadas da Polícia Militar (Rocam, COE, Marte, CipCães), o Departamento de Operações Aéreas da Secretaria de Segurança e o Corpo de Bombeiros.

Segundo o secretário de Administração Penitenciária, coronel Marcos Vinicius, a rebelião ocorreu após duas tentativas de fuga terem sido frustradas. Após o motim, as equipes policiais realizaram uma vistoria no local e encontraram o início de um túnel em uma das celas, informou a SSP.

“Existe uma necessidade de fuga, eles tentaram por duas vezes fazer túneis de fora para dentro, como eles viram que não tinha condições, porque a rotina lá dentro é muito forte, eles criaram todo esse pano de fundo para tentar criar uma distração e cavar o túnel de dentro para fora. O túnel está lá, já detectamos, tem escadas, tem tudo, e nós conseguimos impedir que eles conseguissem êxito”, disse coronel Marcos Vinicius.

De acordo com a SSP, parte da unidade prisional foi destruída durante a rebelião. Houve depredação de grades, bebedouros, telhado e grades.

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou que não descarta transferência de presos que organizaram o motim. Uma investigação será aberta para identificar os responsáveis. No momento, é realizada a contagem dos presos e revista dentro das celas.

Coronavírus, restrições e tensão no sistema

 

No Amazonas, dois presos já testaram positivo para Covid-19, apesar das medidas restritivas adotadas desde a chegada da pandemia ao estado. Um dos casos foi confirmado no Centro de Detenção Provisória I e outro em uma cadeia de Parintins, no interior.

Sem visitas e vivendo sob novas restrições como o isolamento de presos recém-chegados, o sociólogo e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ítalo Lima, explicou que as tentativas de fuga poderiam ser comuns.

“As tensões são muito elevadas. Se a situação piorar, ela pode ficar incontrolável e o Sistema Prisional do Amazonas, apesar das intervenções Federais que acontecem também não apresentarem uma situação muito favorável em respeito à segurança. Acho que um reflexo da pandemia seria um motim”, comentou.