Brasil
PF prende 17 pessoas, entre elas sócios de bancos, em operação contra fintechs que movimentaram R$ 7 bilhões
Operação cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão em 15 cidades dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Atuação dos bancos digitais era ilegal, segundo delegado
A Polícia Federal (PF) de Campinas (SP) prendeu 17 pessoas, na manhã desta quarta-feira (28), em uma operação contra uma quadrilha que movimentou R$ 7,5 bilhões em crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.
De acordo com a investigação, o grupo criou dois bancos digitais não autorizados pelo Banco Central (Bacen) para a prática das fraudes financeiras (entenda o esquema abaixo).
Os bancos digitais, chamados de 'fintechs', suspeitos de envolvimento no esquema são o Inovepay e o T10 Bank. O presidente da Inovepay, Patrick Burnett, está entre os presos. O g1 e a EPTV, afiliada da TV Globo, aguardam um posicionamento.
A Polícia Federal (PF) de Campinas (SP) prendeu 17 pessoas, na manhã desta quarta-feira (28), em uma operação contra uma quadrilha que movimentou R$ 7,5 bilhões em crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.
No total, foram cumpridos dez mandados de prisão preventiva, sete de prisão temporária e 60 de busca e apreensão, todos expedidos pela 9ª Vara Federal de Campinas. Os alvos estão espalhados em 15 cidades nos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Do total, 13 prisões foram em Campinas. As cidades de São Paulo, Ilhabela, Sorocaba e Americana tiveram um preso cada. Todas ocorreram nas casas dos investigados. Já as apreensões ocorreram em vários estabelecimentos, incluindo lojas de veículos.
A polícia também pediu o bloqueio de R$ 850 milhões em contas associadas à organização criminosa. Veja os municípios onde há mandados:
- Campinas;
- Americana;
- Valinhos;
- Paulínia;
- Jundiaí;
- Sorocaba;
- Votorantim;
- Embu-Guaçu;
- Santana do Parnaíba;
- Osasco;
- São Caetano do Sul;
- São Paulo;
- Barueri;
- Ilha Bela;
- Belo Horizonte (MG).
A Justiça também autorizou a suspensão das atividades de 194 empresas usadas pela quadrilha para disfarçar as transações irregulares, e cancelou duas inscrições da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), uma em Campinas e uma em Sorocaba, e quatro registros de contadores (dois em Campinas, um em São Paulo e um em Osasco).
O material apreendido, como malotes de dinheiro, foi encaminhado à sede da Polícia Federal de Campinas. No total, 200 policiais federais foram envolvidos na operação. Entre os alvos de busca e apreensão, estão as sedes dos bancos digitais irregulares e instituições administradoras de cartão de crédito. A Receita Federal aplicou sanções fiscais às pessoas jurídicas investigadas.
O esquema
Segundo a Polícia Federal, os bancos digitais, chamados de "fintechs", tinham contas em bancos tradicionais e ofereciam, por meio da internet, contas clandestinas que permitiam transações dentro do sistema bancário oficial.
Ainda de acordo com a corporação, essas operações acabavam "invisíveis" ao sistema financeiro. Por isso, o esquema atendia, principalmente, pessoas blindadas por ordens de bloqueio, penhora e rastreamento.
- Entenda: a fintech atuava fazendo transferências entre seus clientes sem que houve uma real conexão entre remetentes e destinatários e sem ligação entre correntistas e bancos de hospedagem.
As transações eram usadas por facções criminosas, além de empresas com dívidas trabalhistas e tributárias. A movimentação de R$ 7,5 bilhões permitia, de acordo com a PF, um "padrão de vida luxuoso aos envolvidos".
Durante a investigação, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) denunciou as irregularidades ao Ministério Público Federal (MPF). Além das contas em bancos tradicionais, o grupo também usava máquinas de cartão de crédito em nome de empresas de fachada, o que caracteriza a lavagem de dinheiro.
A PF informou que identificou, na apuração, todos os envolvidos de alguma forma nas fraudes financeiras, seja no apoio logístico, financeiro ou operacional.
'Concierge'
Os investigados vão responder por gestão fraudulenta de instituições financeiras, operação de instituição financeira não autorizada, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa.
O nome da operação, "Concierge", é uma palavra francesa que denomina o profissional que atende necessidades específicas de clientes e faz alusão à oferta de serviços clandestinos para ocultação de capitais.
Polícia Federal faz operação contra fraudes financeiras de R$ 7,5 bilhões — Foto: Johnny Inselsperger/EPTV