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Funai solicita apoio da PF para investigar emboscada no Pará

Vaqueiro a serviço do Ibama foi assassinado na TI Apyterewa

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM AGÊNCIA BRASIL 16/12/2025
Funai solicita apoio da PF para investigar emboscada no Pará
A Fundação Nacional do Índio (Funai) disse ter solicitado apoio de policiais federais na região | Gilvan Alves

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou, nesta terça-feira (16), que o assassinato do vaqueiro Marcos Antônio Pereira da Cruz que estava a serviço do instituto durante uma operação de desintrusão na Terra Indígena Apyterewa foi uma emboscada.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) disse ter solicitado apoio de policiais federais na região. De acordo com a fundação, eles já estão a caminho da base localizada na terra indígena, próximo ao distrito da Taboca, São Félix do Xingu.

Segundo a Polícia Federal, já há equipes fazendo diligências no local. O caso está sendo investigado pela delegacia da corporação no município de Redenção (PA).

vaqueiro, de 38 anos, foi alvejado no pescoço nesta segunda-feira (15) em São Félix, quando auxiliava o Ibama no deslocamento de cerca de 350 cabeças de gado para fora de uma área invadida.

A operação de desintrusão seguia o cumprimento de decisão judicial do Supremo Tribunal Federal, no âmbito da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF nº 709).

Essa ação foi ajuizada em 2020 pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), durante a pandemia de Covid 19, justificada pela situação de vulnerabilidade dos indígenas da região invadida ilegalmente por pecuaristas e garimpeiros.

Desde então, o poder público tem atuado para retirar os invasores.

Emboscada

A emboscada contra Marcos Antônio ocorreu em uma dessas ações de desintrusão determinada pelo STF. Entre os órgãos que participam dessas ações estão o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) – além de Ibama, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Força Nacional e as polícias Civil e Militar.

Segundo a Funai, a situação é preocupante, mas os servidores estão em segurança em uma das bases de apoio da fundação. As suspeitas são de que a emboscada tenha sido feita por “antigos moradores da TI, que ainda invadem o local para criação ilegal de gado”, informou a fundação, sem citar nominalmente quem seriam essas pessoas.

Caminhos da Reportagem

Uma equipe do programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, esteve recentemente na terra indígena preparando material a ser utilizado em um programa especial sobre a desintrusão da região.

Segundo a repórter Ana Passos, o vaqueiro foi baleado no pescoço por volta das 14h. Ela conta que mais de 2 mil pessoas envolvidas com criação de gado e cultivo de cacau já haviam sido retiradas do território.

“Apesar de os produtores rurais já terem sido retirados da área, há um gado remanescente. O Ibama detectou mais de 40 pontos onde ainda há bovinos. Alguns invasores continuam tentando entrar lá pra manejar esse gado. Eles vem fazendo atentados contra os indígenas e contra os agentes do estado. Um funcionário da Funai chegou a ser baleado no ano passado”, detalhou a repórter.

Segundo ela, esses invasores costumam queimar pontes e deixar estruturas pontiagudas nas estradas pra furar pneu dos carros oficiais.

“É uma ação complexa porque esse gado está em áreas da mata por onde não é possível chegar de carro. Às vezes, nem de quadriciclo”, detalhou.

Apuração

Em nota, o Ibama informou que medidas cabíveis para a apuração do crime já foram adotadas “com o objetivo de identificar os responsáveis e promover sua devida responsabilização, nos termos da lei”.

“O Ibama lamenta profundamente o ocorrido, manifesta solidariedade aos familiares e amigos da vítima e informa que está prestando o apoio necessário à família neste momento de dor”, complementou a nota.