Cotidiano
“Eu morava em Boa Viagem, na cidade de Recife, em Pernambuco e era artista de rua. Conheci o padre Denis Lucati Silvero, no início deste ano, em uma praia de Porto de Galinhas, Ipojuca, também em Pernambuco. Ele me convidou para vir para a cidade de Primavera do Leste em Mato Grosso (239 KM de Cuiabá), onde ele era vigário. Ele me prometeu um emprego com um salário de R$ 2,5 mil na Paróquia Nossa Senhora do Carávaggio, em Primavera do Leste, e disse que iria me ajudar a tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), que era um sonho meu. Ele disse ainda que esse dinheiro(salário) seria sem desconto, “livre” e que eu “teria uma vida de príncipe”. Ele(o Padre Denis Lucati) também prometeu que iria ajudar o meu filho autista. Ele(padre) pagou meu voo para Mato Grosso e fui para cidade de Primavera do Leste. Chegando lá, o padre Denis Lucati, me levou para a Paróquia e meu deu comida. No segundo dia, na Paróquia, ele disse que eu dormiria com ele e foi até ao meu quarto e tocou por várias minhas partes intimas. Eu me levantei fui ao banheiro e preferi ficar na sala da Paróquia, pois não sabia o que fazer. Segundo ele, a situação aconteceu outras vezes. Com as recorrentes negativas, o padre passou a me tratar de forma grosseira e chegou a enviar áudios do padre com palavrões”.
O relato é do artista de rua, Luiz Gabriel da Silva Monteiro Valente, de 20 anos, que foi abusado sexualmente pelo padre Denis Lucati Silvero, de 34 anos, na residência oficial dos clérigos da Paróquia Nossa Senhora do Carávaggio, em Primavera do Leste, Mato Grosso no mês passado.
O jovem registrou Boletim de Ocorrência na segunda-feira,08, por importunação sexual e injúria contra o padre Lucati.
O padre nega e disse que tentou ser ‘achacado’ pelo jovem. Ele também registrou Boletim de Ocorrência.
Os abusos e crimes sexuais praticados contra crianças, adolescentes e adultos por padre é condenado pelo Papa Francisco.
Segundo ele, “o abuso é destrutivo, destrói vidas “Não nego [os abusos na Igreja] mas mesmo que fosse apenas um é monstruoso”, disse o Papa. "Um sacerdote não pode continuar no sacerdócio se for culpado de abusos. Ele não pode fazê-lo porque é um doente e um criminoso... Um sacerdote existe para guiar os homens para Deus e não para destruir homens em nome de Deus. Tolerância zero. E assim devemos continuar”, disse Franscisco em uma epístola publicada por ele.
A partir de dezembro de 2021, começou a valer no Direito Canônico que padres que cometeram abusos sexuais contra adultos também serão criminalizados, segundo determinação do Papa Francisco.
Casos envolvendo crianças e adolescentes já estavam previstos no Código de Direito Canônico.
A nova diretriz também prevê demissão a bispos e superiores religiosos que agirem por omissão ou negligência. Passa a ser obrigatório relatar as denúncias de abuso.
A mudança visa evitar acobertamentos de práticas que não condizem com a posição da Igreja.
Em carta apostólica, o Papa Francisco afirma também que crimes de abuso sexual causam danos físicos, psicológicos e espirituais às vítimas e “lesam a comunidade dos fiéis”. “Para que tais fenômenos, em todas as suas formas, não aconteçam mais, é necessária uma conversão contínua e profunda dos corações, atestada por ações concretas e eficazes que envolvam a todos na Igreja.”
Além da punição eclesiástica, o Código Penal do Brasil prevê crimes sexuais contra adultos no artigo 215 e a pena pode chegar até seis anos de reclusão. A medida, no entanto, procura diminuir o desgaste da Igreja Católica no mundo.