Economia e Negócios

Dólar passa a cair após fala de Guedes sobre alterações no teto de gastos

Na quinta-feira (21), a moeda dos EUA saltou 1,92% e fechou a R$ 5,6651

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM G1 22/10/2021

Após forte alta no início do dia, o dólar passou a operar em queda na tarde desta sexta-feira (21), após o ministro Paulo Guedes afirmar em coletiva que alterações no teto de gastos não vão abalar os fundamentos fiscais da economia do país.

Às 16h14, a moeda norte-americana registrava queda de 0,48%, cotada a R$ 5,6383. Na máxima do dia até o momento, chegou a R$ 5,7545 – uma alta de mais de 10% no acumulado do ano.

A exemplo da véspera, o Banco Central ainda não anunciou ofertas líquidas de dólar para esta sessão.

Na quinta-feira, o dólar fechou em alta de 1,92%, a R$ 5,6651 – maior cotação desde 14 de abril e a maior valorização diária da moeda desde 8 de setembro. Com o resultado, a moeda norte-americana passou a acumular avanço de 4,03% no mês e de 9,21% no ano.

Furo do teto de gastos

Na noite desta quinta-feira, a comissão especial criada na Câmara para analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios aprovou uma mudança no teto de gastos para viabilizar o Auxílio Brasil, programa social que deve substituir o Bolsa Família. O texto agora segue para o plenário.

A proposta de furar o teto para bancar o programa social repercutiu negativamente no mercado, elevando os temores de piora do quadro fiscal e de descontrole dos gastos públicos para financiar medidas vistas como populistas.

Em meio ao retorno de ameaças de greve de caminhoneiros em razão da alta dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro também anunciou que o governo vai oferecer uma ajuda de R$ 400 a cerca de 750 mil caminhoneiros autônomos para compensar o aumento do preço do diesel, sem informar de onde vai tirar os recursos nem a partir de quando o benefício será pago.

Após a equipe econômica ter sido atropelada pela ala política do governo Bolsonaro na discussão sobre a fonte de financiamento do novo programa social do governo, quatro secretários do Ministério da Economia pediram demissão dos cargos nesta quinta-feira.

A explosão da dívida pública e o risco de um descontrole da situação fiscal é apontado por analistas e investidores como um dos principais fatores de incerteza doméstica, podendo inclusive inviabilizar uma retomada sustentada da economia brasileira.

Na visão do mercado, as manobras para furar do teto dos gastos colocam ainda mais pressão no dólar e para o Banco Central elevar a taxa básica de juros, atualmente em 6,25% ao ano. "Isso compromete a expansão do PIB em 2022. Para as classes de renda baixa, o efeito parece ser de dar com uma mão e tirar com a outra, considerando inflação ascendente e desemprego elevado", acrescentou Bandeira.