Economia e Negócios
Haddad diz que quebra de bancos nos EUA, não deve gerar crise sistêmica no Brasil
Brasil tem dinheiro em caixa.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (13) que não vê risco de uma crise sistêmica na economia global a partir das quebras de dois bancos nos Estados Unidos, na última semana – e que, mesmo em um cenário mais incerto, o Brasil tem "gordura" para viabilizar uma queda nos juros básicos da economia.
Uma eventual crise bancária nos EUA pode gerar tensões nos mercados, com reflexo nas taxas de juros ao redor do mundo. A incerteza e a aversão ao risco costumam redirecionar o dinheiro para investimentos considerados mais seguros (mesmo que o retorno seja menor).
Órgãos do setor financeiro nos Estados Unidos anunciaram neste domingo (12) o fechamento de dois bancos: o Signature Bank, com sede em Nova York; e o Silicon Valley Bank, que costumava financiar startups.
Questionado sobre o Silicon Valley Bank, Haddad afirmou que esse é um banco regional, com carteira "descasada" do restante do sistema financeiro.
"Aparentemente, não [vai gerar crise sistêmica]. Não vi ninguém tratar como Lehman Brothers, é grave o que aconteceu", declarou, em live promovida pelo Valor Econômico em parceria com O Globo.
No evento, Haddad também afirmou que espera ver a reforma tributária aprovada pelo Congresso até outubro – e descartou a volta de um imposto sobre movimentações financeiras, nos moldes da antiga CPMF.
Banco Central vai avaliar medidas
Haddad observou que o Federal Reserve, o BC dos Estados Unidos, agiu no fim de semana e acrescentou que o presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, deve analisar eventuais providências em relação aos possíveis efeitos desses eventos nas economias periféricas.
"Isso não está claro ainda, vamos acompanhar ao longo do dia. Eu e Galípolo [secretário-executivo do Ministério da Fazenda], que também veio do sistema financeiro, estamos em sintonia fina com os bancos brasileiros. Falei com dois banqueiros hoje, e com o BC. Vamos ter mais clareza ao longo do dia", afirmou Haddad.
Corte de juros no Brasil
O ministro da Fazenda avaliou que as tensões com instituições financeiras não devem conter um eventual processo de corte do juro básico no Brasil.
Atualmente, a taxa Selic está em 13,75% ao ano – o maior nível em seis anos.
Após o aumento de gastos públicos neste início de ano, para recompor o orçamento federal, e de críticas públicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central autônomo, comandado por Campos Neto (indicado por Jair Bolsonaro), analistas do mercado passaram a estimar que a queda dos juros terá início somente em novembro deste ano.