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Coronavírus: o que as grandes economias do mundo estão fazendo para evitar falências e a falta de dinheiro
21/03/2020
Ajuda financeira
Os líderes europeus disseram que estão prontos para investir "o que for preciso" para salvar as economias de uma grande catástrofe. "Acho que o crucial é que os governos não deixem empresas em insolvência falirem e demitirem trabalhadores", disse Vicky Redwood, analista sênior da consultoria britânica Capital Economics. "Os programas de garantia de empréstimos são um bom começo, mas os governos devem garantir que todas as empresas possam acessar ajuda financeira", disse ele à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.. No entanto, a grande questão aponta para qual é o limite. Isto é, quanto os orçamentos fiscais resistem se a pandemia não diminuir nas próximas semanas e durar meses? A resposta para essa pergunta ainda é um mistério. Maurice Obstfeld, professor de economia da Universidade de Berkeley e pesquisador do Instituto Peterson de Economia Internacional, diz que, no caso dos Estados Unidos, que está planejando uma série de medidas de emergência com fundos fiscais, é necessário ter tenha cuidado na distribuição de ajuda financeira. "Existe o perigo de que o dinheiro vá para lugares errados", explica ele, citando como exemplo a ideia da Casa Branca de suspender o pagamento dos impostos dos trabalhadores, uma vez que terá muito pouco efeito sobre as pessoas com renda mais baixa. "Precisamos fortalecer as redes de proteção social, manter as empresas e dar incentivos para que elas não demitam trabalhadores", diz o acadêmico. Obstfeld argumenta que a reação do governo alemão está indo na direção correta, mesmo que os governos tenham que aumentar seus déficits fiscais. "Não é hora de se preocupar com isso." Estas são algumas das medidas de emergência que estão sendo aplicadas (ou aguardando aprovação do parlamento) nos Estados Unido, Europa e nas maiores economias da América Latina:Estados Unidos
O presidente Donald Trump invocou na quarta-feira uma lei de 1950 que permite a intervenção comercial. O objetivo é mobilizar a produção privada para combater O coronavírus, o que poderia, por exemplo, obrigar a indústria a produzir suprimentos médicos essenciais. O governo suspendeu execuções hipotecárias e despejos até o final de abril. Essas novas iniciativas emergenciais aumentam o plano proposto pela Casa Branca de injetar mais de US$ 1 trilhão na economia, projeto que está sendo negociado no Congresso. O programa inclui o envio de cheques de US$ 1.000 diretamente aos cidadãos mais vulneráveis, para aumentar o consumo. O Federal Reserve (banco central dos EUA), além de reduzir as taxas de juros para quase 0 e injetar liquidez no valor de US$ 700 milhões no mercado com a compra de títulos do tesouro e hipotecários, anunciou que retomará seu programa de compra de dívida corporativa, implementado pela primeira vez durante a Grande Recessão de 2008.Europa
O Reino Unido anunciou que garantirá US$ 400 bilhões em empréstimos garantidos pelo governo a empresas afetadas pela pandemia. A medida representa cerca de 15% do Produto Interno Bruto do país. Também suspenderá pagamentos de hipotecas por três meses para pessoas com dificuldades financeiras e injetará bilhões em ajuda direta e subsídios a pequenas empresas, além de isenções fiscais por um ano. A Espanha anunciou a mobilização de quase 20% do PIB para combater os efeitos econômicos da pandemia, com contribuições públicas e privadas. O Estado abrirá uma linha de garantias disponíveis para as empresas mais afetadas. Para ajudar as pessoas, o governo espanhol estabeleceu uma moratória sobre pagamentos de hipotecas, ajuda financeira a trabalhadores independentes e empresas com perdas graves, isenção de pagamentos à Previdência Social, suspensão do corte de água e serviço de internet para aqueles que não podem pagar e direcionar ajuda a famílias com menos recursos financeiros. Na França, o plano econômico de emergência inclui a entrega imediata de recursos a trabalhadores e empresas, a implementação de garantias fiscais para empréstimos e medidas específicas para proteger as empresas ameaçadas, incluindo a estatização, se necessário. O governo fornecerá benefícios aos trabalhadores autônomos e pagará por dois meses a remuneração dos funcionários parcialmente desempregados devido ao coronavírus. O plano também inclui um "fundo de solidariedade" para pequenas empresas cuja renda caiu substancialmente. Encargos e contribuições tributárias para empresas também serão diferidos, com a possibilidade de serem cancelados nos casos mais extremos. O governo italiano também anunciou a suspensão do pagamento de hipotecas, auxílio financeiro às empresas afetadas, entrega de dinheiro aos trabalhadores autônomos afetados, subsídios aos desempregados, suspensão temporária das obrigações fiscais para empresas e cidadãos, proibição de demissões por dois meses, extensão da licença parental e entrega de um bônus para que os pais que precisam trabalhar paguem pelo cuidado de seus filhos. Além disso, o país também está estudando um projeto para estatizar a companhia aérea Alitalia. A Alemanha surpreendeu os analistas ao se distanciar de seu tradicional dogma da disciplina orçamentária, anunciando medidas excepcionais. O plano contempla a concessão de crédito "ilimitado" às empresas, por meio de garantias bancárias públicas aos empresários, para evitar a falência. Os empregadores também têm financiamento público para reduzir o número de horas que seus funcionários trabalham devido à queda na produção. O governo explicou que todas as empresas, pequenas, médias e grandes, poderão acessar o auxílio. O plano também contempla o adiamento do pagamento de impostos.América Latina
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