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Candidato de Trump é eleito em Honduras após semanas de incertezas e acusação de fraude
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou o resultado, encerrando um processo marcado por falhas tecnológicas e acusações de fraude desde que os hondurenhos foram às urnas em 30 de novembro
O candidato conservador Nasry "Tito" Asfura, apoiado publicamente por Donald Trump, foi declarado vencedor da eleição presidencial de Honduras nesta quarta-feira (24/12), após uma controversa apuração dos votos que se arrastou por mais de três semanas.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou o resultado, encerrando um processo marcado por falhas tecnológicas e acusações de fraude desde que os hondurenhos foram às urnas em 30 de novembro.
Com 40,27% dos votos, o candidato do Partido Nacional derrotou por uma pequena margem Salvador Nasralla, do Partido Liberal, que obteve 39,39%, segundo a contagem final. Nasralla denunciou fraude e rejeitou o resultado.
A candidata do LIBRE, partido governista de esquerda, Rixi Moncada, ficou em terceiro lugar com 19,19% dos votos, em um resultado interpretado como um grande revés para o governo de Xiomara Castro.
Celebração versus acusações de fraude
Após a divulgação dos resultados oficiais, Asfura publicou uma mensagem nas redes sociais na qual se declarou pronto para governar e prometeu não decepcionar os cidadãos. Em seu comitê de campanha, apoiadores comemoraram o anúncio, enquanto protestos de grupos de oposição ainda podiam ser ouvidos.
Nasry Asfura, ex-prefeito de Tegucigalpa, venceu a presidência em sua segunda tentativa, após uma campanha na qual se apresentou como um administrador pragmático, respaldado por diversos projetos de infraestrutura desenvolvidos durante seu mandato.
"Reconheço o ótimo trabalho realizado pelos vereadores e por toda a equipe que conduziu as eleições. Honduras: estou preparado para governar. Não vou decepcioná-los. Deus abençoe Honduras!", publicou o vencedor nas redes sociais. Nasralla, por sua vez, rejeitou o resultado e reiterou as acusações de fraude que vinha fazendo nas últimas semanas.
"O dinheiro do Partido Nacional, violando a vontade de 8 milhões de hondurenhos", denunciou ele na emissora X.

Crédito,Getty Images
Legenda da foto,Salvador Nasralla, que ficou em segundo lugar segundo o Conselho Nacional Eleitoral, acusa o pleito de ter sido "fraudado"
O candidato derrotado alegou irregularidades na contagem de "10.000 urnas, equivalentes a 2 milhões de votos" e questionou se as missões de observação da União Europeia e da Organização dos Estados Americanos (OEA) "não viram essa fraude".
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, parabenizou Asfura após a proclamação de sua vitória.
"O povo hondurenho falou: Nasry Asfura é o próximo presidente de Honduras. Os Estados Unidos parabenizam o presidente eleito @titoasfura @papialaordenh e esperam trabalhar com seu governo para promover prosperidade e segurança em nosso hemisfério", tuitou Rubio.
O presidente Trump expressou seu apoio a Asfura dias antes da eleição, afirmando que ele era o único candidato hondurenho com quem seu governo estaria disposto a trabalhar.
Seus principais rivais interpretaram esse gesto como uma forma de interferência estrangeira que teria influenciado um processo extremamente disputado. A eleição em Honduras reforça a recente tendência de guinada à direita na América Latina, apenas uma semana depois da eleição do conservador José Antonio Kast no Chile.
Em Honduras, as tensões foram exacerbadas pela lentidão na apuração dos votos, que chegou a um impasse após a convocação de uma recontagem especial das atas finais, mantendo o país em suspense por semanas e intensificando as acusações de manipulação.
Diante desse impasse, o Secretário-Geral da OEA fez um apelo urgente às autoridades para que concluíssem o processo antes de 30 de dezembro.