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Boca de urna indica que extrema direita lidera eleição com participação recorde na França; Macron pede aliança com esquerda

Pesquisa de boca de urna indicou que partido Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, obteve 34% dos votos. Franceses começaram a escolher neste domingo (30) o novo Parlamento do país. Macron pediu aliança para barrar extrema direita, e partido socialista

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM G1 30/06/2024
Boca de urna indica que extrema direita lidera eleição com participação recorde na França; Macron pede aliança com esquerda
Marine Le Pen e Jordan Bardella: foco da agenda da direita radical na França é o controle da imigração | Getty Imagens

O primeiro turno das eleições legislativas da França, convocadas há apenas três semanas, terminou neste domingo (30) com recorde de participação em 40 anos e a concretização da extrema direita como favorita, segundo pesquisas de boca de urna.

O cenário pode tornar o governo de Macron inviável na prática.

Segundo uma sondagem feita pelos institutos Ifop, Ipsos, OpinionWay e Elable e pela Rádio França, o partido Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, saiu na frente neste primeiro turno, com 34% dos votos.

O bloco formado por siglas da esquerda aparece em segundo lugar, com 28,1%, e a coalizão de centro liderada pelo partido do presidente francês, Emmanuel Macron, em terceiro, com 20% dos votos.

Diante da pesquisa, Macron sugeriu uma aliança ampla entre "candidatos republicanos e democráticos" para o segundo turno das eleições, que acontecem em 7 de julho. Já Marine Le Pen pediu aos franceses que deem a maioria absoluta no Parlamento à sua sigla no segundo turno.

E nomes da coligação de esquerda, a Nova Frente Popular (NFP), começaram a indicar uma aliança com Macron ou até o apoio total ao bloco de centro. Jean-Luc Melanchon, o líder da França Insubmissa, um dos partidos que integram o bloco da esquerda, disse após a votação que vai retirar seus candidatos caso a coligação termine em terceiro.

O resultado parcial da apuração dos votos está previsto para sair às 23h no horário local (18h pelo horário de Brasília).

Pelo sistema político da França, semipresidencialista, os eleitores elegem os partidos que vão compor o Parlamento. A sigla ou a coalizão que obtiver mais votos indica então o primeiro-ministro, que, no país europeu, governa em conjunto com o presidente -- este eleito em eleições presidenciais diretas e separadas das legislativas e que, na prática, é quem ganha mais protagonismo à frente do governo.

Caso o presidente e o primeiro-ministro sejam de partidos políticos diferentes, a França entrará em um chamado governo de "coabitação", o que ocorreu apenas três vezes na história do país europeu e que pode paralisar o governo de Macron. Isso porque, neste caso, o premiê assume as funções de comandar o governo internamente, propondo, por exemplo, quem serão os ministros.

O primeiro-ministro atual, Gabriel Attal, é aliado de Macron, mas, se as pesquisas se concretizarem, quem deve assumir o cargo é o Jordan Bardella, de apenas 28 anos, o principal nome do partido de extrema direita de Le Pen, o Reunião Nacional (RN).

Após o fechamento das urnas neste domingo, Bardella disse que a votação do segundo turno, na semana que vem, será o "momento mais importante da história da Quinta República da França".

O pleito foi convocado antecipadamente no início de junho pelo presidente francês. Diante do resultado ruim de seu partido e do avanço da extrema direita nas eleições para o Parlamento europeu -- o Legislativo de todos os países da União Europeia, com sede em Bruxelas --, Macron tomou a arriscada e surpreendente decisão de dissolver o Legislativo francês e marcar uma nova votação.

resposta dos eleitores neste domingo, por enquanto, foi grande: o comparecimento às urnas até as 17h no horário local (meio-dia no Brasil), foi o mais alto em quase 40 anos no país, com um índice de 59% do total de votantes.

índice é considerado alto para eleições na maioria dos países da Europa Ocidental, onde o voto não é obrigatório. Nas eleições passadas da França, em 2002, a participação foi de cerca de 47%, por exemplo.

Marine Le Pen comemora após boca de urna indicar liderança da extrema direita na eleição francesa — Foto: Yves Herman/Reuters

Marine Le Pen comemora após boca de urna indicar liderança da extrema direita na eleição francesa — Foto: Yves Herman/Reuters

O presidente francês, Emmanuel Macron, sai de cabine de votação durante eleições legislativas na França, em 30 de junho de 2024. — Foto: Yara Nardi/ Reuters

O presidente francês, Emmanuel Macron, sai de cabine de votação durante eleições legislativas na França, em 30 de junho de 2024. — Foto: Yara Nardi/ Reuters


Eleições na França — Foto: Yves Herman/Reuters

Eleições na França — Foto: Yves Herman/Reuters

As eleições parlamentares são realizadas em dois turnos -- um neste domingo e o outro, em 7 de julho.

A líder do RN, partido da extrema direita, Marine Le Pen, vota em Hénin-Beaumont, no norte da França, em 30 de junho de 2024. — Foto: Yves Herman/ Reuters

A líder do RN, partido da extrema direita, Marine Le Pen, vota em Hénin-Beaumont, no norte da França, em 30 de junho de 2024. — Foto: Yves Herman/ Reuters