O Governo da Venezuela pediu apoio ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, nesta terça-feira (26), em meio à crescente tensão com os Estados Unidos.

A crise se intensificou nas últimas semanas, após Washington acusar o ditador venezuelano Nicolás Maduro de liderar um cartel e enviar navios de guerra para a costa da Veneuzela.

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, afirmou em comunicado divulgado em suas redes sociais que fez o pedido de apoio durante uma reunião com o coordenador residente da ONU na Venezuela, Gianluca Rampolla.

“Solicitamos o apoio do secretário-geral da ONU, António Guterres, para restaurar o bom senso”, disse Gil, acrescentando que, para a Venezuela, o envio de unidades militares dos Estados Unidos a águas caribenhas suscita “preocupações” porque representa um ataque “contra a paz”.

Gil disse ainda que existem “narrativas falsas” que procuram “justificar os ataques contra a Venezuela”, referindo-se às recentes alegações do governo dos EUA de que Maduro lidera o Cartel de los Soles, suposto grupo de tráfico de drogas.

A Venezuela rejeitou as acusações e a existência do Cartel de los Soles e afirma que a suposta organização é uma mentira inventada pelos Estados Unidos para justificar possíveis ações contra Caracas.

A CNN entrou em contato com o porta-voz do secretário-geral da ONU para comentar o pedido da Venezuela e aguarda uma resposta. O gabinete de Rampolla não comentou esta reunião.

A CNN também entrou em contato com o Departamento de Estado dos EUA para comentar.

O encontro entre Gil e Rampolla – que Guterres nomeou coordenador residente na Venezuela em 2021 – ocorre num contexto de aumento das tensões entre a Venezuela e os Estados Unidos.

Em 25 de julho, os Estados Unidos designaram o Cartel de los Soles como uma organização terrorista internacional e nomearam Maduro como líder. O governo americano também aumentou a recompensa por informações que levassem à prisão de Maduro para US$ 50 milhões.

Pouco  depois, os Estados Unidos anunciaram que enviariam navios de guerra para perto de águas latino-americanas como parte das suas ações para se protegerem de possíveis operações de tráfico de drogas.

A Venezuela condenou a decisão e convocou os seus cidadãos para se inscreverem na Milícia Bolivariana – órgão criado pelo então presidente Hugo Chávez em 2005 – para “defender a pátria”. Até agora, o governo venezuelano não divulgou números sobre o número de pessoas inscritas.