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'Grande vitória' de Milei: o que disse imprensa internacional sobre eleição na Argentina

Os resultados renovaram metade da Câmara dos Deputados (127 legisladores) e um terço da Câmara Alta (24 senadores) com forte apoio ao presidente atual

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM BBC 27/10/2025
'Grande vitória' de Milei: o que disse imprensa internacional sobre eleição na Argentina
O presidente da Argentina, Javier Milei, fala aos seus apoiadores após as eleições de 26 de outubro de 2025, em Buenos Aires, Argentina | Getty Imagens

A imprensa internacional destacou a vitória do presidente da ArgentinaJavier Milei, nas eleições nacionais de meio de mandato realizadas neste domingo (26/10).

Com mais de 90% dos votos apurados, o Libertad Avanza, partido governista, obteve 40,84% dos votos, com vitórias expressivas na cidade de Buenos Aires e nas províncias de Córdoba e Santa Fé. A coalizão opositora Fuerza Pátria + aliados estava em segundo lugar na apuração, com 31,66%.

Os resultados renovaram metade da Câmara dos Deputados (127 legisladores) e um terço da Câmara Alta (24 senadores) com forte apoio ao presidente atual.

O jornal britânico Financial Times diz que Milei obteve uma "grande vitória, dando um novo impulso à sua campanha de reformas de livre mercado, após uma crise no mercado financeiro ter ameaçado inviabilizá-las."

A notícia era a principal do portal inglês na manhã desta segunda-feira (27/10).

Para o jornal, o resultado "reforçará a posição de Milei no Congresso e o ajudará a levar adiante sua reforma radical da economia argentina há muito tempo em crise, que vacilou após uma série de erros do seu governo."

O Financial Times avalia que "o nervosismo dos investidores em relação ao enfraquecimento do apoio às reformas de Milei provocou uma corrida ao peso argentino no mês passado."

O jornal inglês The Guardian diz que embora o resultado ainda não seja suficiente para dar a Milei a maioria no Congresso – que continua nas mãos dos peronistas –, "ele está sendo amplamente descrito como surpreendente pelos analistas argentinos, dados os recentes golpes à popularidade do libertário, desde as acusações de corrupção envolvendo sua irmã até a crise econômica em curso."

A reportagem destaca que Milei começou seu governo com "cortes drásticos nos gastos, eliminando dezenas de milhares de empregos públicos e congelando investimentos em infraestrutura, saúde, educação e até mesmo no fornecimento de medicamentos para aposentados."

E que conseguiu reduzir a inflação de mais de 200% em 2023 para cerca de 30% em setembro, "alcançando o primeiro superávit fiscal do país em 14 anos."

O espanhol El País disse que "o governo construiu sua campanha em torno do medo de um retorno do peronismo em sua forma kirchnerista", em referência à ex-presidente Cristina Kirchner.

O veículo afirma que Milei colocou a disputa como uma "batalha entre o bem, representado por ele mesmo, e o mal, representado pelo kirchnerismo", que se provou "bem sucedida."

O jornal americano The New York Times destacou que a eleição foi um "teste crucial" para o seu governo e que, segundo o presidente americano, Donald Trump, "decidiria se os EUA concederiam ajuda financeira ao país."

"A vitória dá a Milei apoio suficiente no Congresso para impedir que seus vetos sejam derrubados, colocando-o em uma posição forte para levar adiante sua ambiciosa agenda", disse a publicação.

O jornal afirma que a vitória também é de Donald Trump, que apoiou Milei. "Milei é um entusiasta apoiador de Trump e do movimento MAGA [Make America Great Again], e sua fortuna é vista pelo governo Trump como uma forma de reforçar a influência americana na América do Sul e contrariar a expansão da China na região."