Polícia
Desinternação da justiça ‘refuta’ versão de delegados de feminicídio de ex-PM contra advogada; ele pode ser inimputável
Ao contrário da versão apresentada pelos delegados, o suposto crime de feminicídio que o ex-PM teria cometido não está tipificado na lei nº 13.104/2015
Uma ordem de desinternação determinada pelo juiz Leonardo Pitaluga, da 2ª vara criminal da Comarca de Cuiabá, ‘refuta’ a versão dada para a imprensa pelos delegados da Delegacia de Homicídio da Polícia Civil de Cuiabá, Marcel de Oliveira e Ricardo Fraco, que a morte da advogada, Cristiane Castrillon, de 48 anos, seria por feminicídio e o autor do crime seria o ex-policial militar, Almir Monteiro dos Reis, de 49 anos.
Os delegados chegaram a afirmar na segunda feira, 14, que Almir já conhecia a advogada, caracterizando assim o feminicídio.
Ao contrário da versão apresentada pelos delegados, o suposto crime de feminicídio que o ex-PM teria cometido não está tipificado na lei nº 13.104/2015, que trata do crime e o coloca na lista de crimes hediondos, com penas mais altas, de 12 a 30 anos.
Segundo a lei de feminicídio, o crime ocorre naqueles momentos em que a mulher morre porque o companheiro sentimental, ex-companheiro ou um desconhecido tira a vida de uma mulher porque pensa que esta é sua propriedade.
Esse tipo de crime está apoiado na misoginia, ódio às mulheres e ao universo feminino. Além de ser intimo e familiar quando é cometido pelo companheiro ou ex-companheiro da vítima, seja qual for a situação legal entre eles no círculo familiar, cometido por parentes ou amigos próximos da vítima.
E ainda no lesbicídio, quando ocorre o assassinato de mulheres lésbicas ou bissexuais, o feminicídio racial, quando ocorre o homicídio de mulheres de apenas uma etnia ou grupo específico e o feminicídio em série, quando um homem mata várias mulheres a fim de obter prazer sexual.
Em todos esses exemplos, o suposto crime de feminicídio que teria sido cometido pelo ex-PM, conforme se constata pela ordem de desinternação, pois o ex-PM estava no mês passado em uma unidade prisional.
Além de que, Almir, o suposto assassino não obteve vaga no hospital psiquiátrico Adalto Botelho, por ele sofrer de esquizofrenia que é um transtorno mental caracterizado pela perda de contato com a realidade (psicose) e alucinações e que poderá torná-lo inimputável.
Em um vídeo divulgado pela própria Polícia Civil, o ex-PM conta à a sua versão dos fatos, mantendo a afirmação de que Cristiane teria caído acidentalmente, batendo a cabeça, e que ele não a teria matado.