Polícia
MP/MT denuncia 17 policiais militares e um segurança por fazerem parte de grupo de extermínio que matavam em Cuiabá e VG
A denúncia é proveniente da Operação Simulacrum, deflagrada pela Polícia Civil em 2022, e que levou à prisão 63 militares e um civil
Um segurança particular e 17 policiais militares foram denunciados pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) por atuarem em um grupo de extermínio que agia em Cuiabá e Várzea Grande.
Segundo a denúncia do MP/MT, os policiais militares e o segurança particular contavam com a atuação de um colaborador, que atraía interessados na prática de roubos e furtos, mas, o objetivo – afirma – o Ministério Público, era matar os participantes do crime. “Uma cultura que vem se consolidando em parte da força policial militar do Estado [...], se notabilizando pelo uso brutal da violência letal, em verdadeiras execuções sumárias travestidas de ‘confrontos’, sob o manto da farda e da conivência de superiores hierárquicos, em que milicianos se valem do aparato estatal para a perpetração de condutas hediondas materializadas em homicídios qualificados, aliados a fraudes e falsidades ideológicas, ocultação de provas e divisão de tarefas, num consórcio tenebroso e macabro típico das mais odiosas organizações criminosas”, afirma trecho da denúncia assinada por cinco promotores de Justiça.
Ainda conforme a denúncia dos promotores, é “inconcebível” que integrantes das forças de segurança, cuja função é a preservação da ordem pública, têm fomentado a sensação de insegurança e agido contra o seu propósito, “a eficiência da polícia é dimensionada pela capacidade de evitar que os crimes aconteçam, e não pelo número de pessoas que ela mata. Polícia que mata é polícia ineficiente”, disse os promotores.
A denúncia é proveniente da Operação Simulacrum, deflagrada pela Polícia Civil em 2022, e que levou à prisão 63 militares e um civil suspeitos de forjarem confrontos para cometerem execuções.
Segundo as investigações, o grupo teria atuado na morte de 24 pessoas, em Cuiabá e Várzea Grande, além da tentativa de homicídio de, pelo menos, outras quatro. A denúncia é assinada pelos promotores de Justiça Vinicius Gahyva Martins, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, Samuel Frungilo, Jorge Paulo Damante Pereira e César Danilo Ribeiro de Novais.
De acordo com a denúncia, o grupo agia através da ajuda de Ruiter Candido da Silva que era o responsável por "selecionar" as pessoas que seriam mortas.
Ele cooptava indivíduos dispostos a praticarem um delito patrimonial e os convencia de que seria um crime fácil e lucrativo. Inclusive, em alguns casos se dizia segurança do local e que facilitaria o roubo.
Entretanto, conforme a denúncia, tudo era armação. Ele conduzia os supostos criminosos para um local onde os policiais aguardavam para interceptá-los.
Ali, simulavam um confronto para executar as vítimas, diz o MPE. “Em todos os casos, verifica-se que o responsável por selecionar as pessoas que seriam mortas (ditos ‘malas’) as escolhia a esmo e de acordo com suas impressões pessoais, e que os policiais militares envolvidos direta ou indiretamente nos homicídios sequer sabiam quem estava sendo executado”, diz trecho da denúncia.
Conforme a denúncia, as combinações entre Ruiter com integrantes da Polícia Militar teve início após um assalto ocorrido na residência do sogro dele e irmão de um coronel da PM. “A partir de então o denunciando foi apresentado a policiais militares para ajudar na identificação de autores de crimes, vez que transitava bem entre criminosos e, com o tempo, passou a ser orientado a se infiltrar no meio para repassar informações às ditas inteligências das unidades especializadas da Polícia Militar e a instigar indivíduos a cometerem crimes, a fim de serem impedidos pelos agentes de segurança pública, gerando assim, produtividade, respeito e promoções no meio policial”, diz trecho da denúncia.
O MP/MT também apontou a morosidade de setores da Polícia Militar na apuração dos fatos e responsabilização dos acusados.
A operação foi deflagrada em março de 2022 e teve como base investigações realizadas em 6 inquéritos policiais sofre supostos ‘confrontos’ na região metropolitana.
Os promotores citaram ainda registros da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) que demonstram uma escalada exponencial de mortes decorrentes de intervenção policial ao longo dos últimos anos. “Na região metropolitana de Cuiabá e Várzea Grande, eis que, no ano de 2023 mais de um a cada 3 homicídios foram cometidos por policiais militares, situação que torna urgente e necessária a atuação do Sistema de Justiça no sentido de estancar a sangria desenfreada e que mira setores específicos da sociedade, jovens que habitam as periferias, em geral marcados pela cor da pele e pela condição social de pobreza”.
Denunciados
1.ALTAMIRO LOPES DA SILVA
2. ANTONIO VIEIRA DE ABREU FILHO
3. ARLEI LUIZ COVATTI
4. DIOGO FERNANDES DA CONCEIÇÃO
5. GENIVALDO AIRES DA CRUZ
6. HERON TEIXEIRA PENA VIEIRA
7. ICARO NATHAN SANTOS FERREIRA
8. JAIRO PAPA DA SILVA
9. JONATHAN CARVALHO DE SANTANA
10. JORGE RODRIGO MARTINS
11. LEANDRO CARDOSO
12. MARCOS ANTONIO DA CRUZ SANTOS
13. THIAGO SATIRO ALBINO
14. TULIO AQUINO MONTEIRO DA COSTA
15. VITOR AUGUSTO CARVALHO MARTINS
16. WESLEY SILVA DE OLIVEIRA
17. PAULO CESAR DA SILVA
18. RUITER CANDIDO DA SILVA(segurança particular)