Polícia

Assassinos de delator do PCC abandonaram carro e armas e fugiram em ônibus em SP após executarem empresário a tiros

Câmeras de coletivo gravaram dois atiradores após crime em aeroporto. Eles abandonaram automóvel e fuzis usados na execução de Vinicius Gritzbach em 8 de novembro. Força-tarefa tenta identificá-los

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM G1 21/11/2024
Assassinos de delator do PCC abandonaram carro e armas e fugiram em ônibus em SP após executarem empresário a tiros
Atiradores fugiram em ônibus após matarem delator do PCC em aeroporto, aponta investigação da polícia | Reprodução

Fotos analisadas pela força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) mostram e comprovam que os dois executores de Vinicius Gritzbach abandonaram um carro usado no crime, se livraram das armas, e fugiram num ônibus (veja imagens acima).

Eles fizeram isso após assassinarem com tiros dez tiros de fuzil o empresário no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo . Os investigadores tentam identificar quem são esses homens para buscar prendê-los (saiba mais abaixo). As imagens acima foram obtidas nesta quinta-feira (21) pela equipe de reportagem.

O crime foi cometido no dia 8 de novembro, mas até o momento nenhum suspeito foi preso. Um motorista de aplicativo foi atingido pelos disparos e também morreu naquela ocasião. Outras três pessoas que estavam no local ficaram feridas.

A Polícia Civil, a Polícia Militar (PM), o Ministério Público (MP) e a Polícia Federal (PF) investigam o caso e tentam identificar os assassinos, saber quem mandou matar Vinicius e qual é o motivo do homicídio.

Antes de ser morto, Gritzbach havia feito um acordo de delação premiada homologado pela Justiça para denunciar membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) por lavagem de dinheiro e acusar agentes de segurança pública por corrupção.

Entre as principais hipóteses apuradas para tentar esclarecer o crime estão as suspeitas de envolvimentos de integrantes da facção criminosa, de policiais civis e um agente penitenciário denunciados por Vinicius, de policiais militares da escolta pessoal do empresário e um de seus devedores.

Vinicius trabalhava no ramo imobiliário, tinha segurança particular e já havia sido ameaçado antes por alguns de seus desafetos.

Apesar de a força-tarefa ter a convicção de que os dois homens que aparecem na foto acima são os executores do empresário, eles ainda tentam identificar os atiradores. Quem tiver informações ou pistas que levem aos assassinos pode telefonar para o Disque-Denúncia pelo número 181. Não é preciso se identificar.

Os dois homens foram gravados pelas câmeras de segurança do ônibus que pegaram momentos após cometerem o crime, segundo a investigação. Além de analisar as filmagens, as autoridades tiraram fotos do momento em que os rostos deles foram flagrados.

SBT deu essas imagens e informações em primeira mão na quarta-feira (20). A TV Globo e o g1 também tiveram acesso às cenas e detalhes da investigação que indicam a participação de ao menos quatro criminosos na execução de Vinicius.

'Quebra-cabeças' do crime

Polícia tenta identificar assassinos que executaram o delator do PCC

Câmeras de monitoramento do aeroporto que gravaram o crime também estão ajudando os investigadores a montar o "quebra-cabeças" para buscar elucidar o caso. Juntamente com as fotos acima dos dois atiradores, o que a força-tarefa tem até o momento é o seguinte:

  • Vinicius, sua namorada e um de seus seguranças desembarcam no aeroporto vindos de Alagoas. O empresário voltou de lá com joias dadas por um de seus devedores. O homem lhe devia R$ 6 milhões;
  • Um "olheiro" do grupo que decidiu executar o empresário aparece dentro do aeroporto avisando seus comparsas por um comunicador de que ele havia chegado. Ele some após o crime;
  • Do lado de fora do aeroporto, outros seguranças do empresário aparecem nas imagens num carro da escolta que levaria o grupo;
  • Outras cenas mostram o carro dos executores, um Gol preto, estacionado atrás de um ônibus da Guarda-Civil Municipal (GCM) de Guarulhos. Nenhum agente estava no veículo no momento.
  • Em seguida, o automóvel dos assassinos sai e passa perto de Vinicius, que está sozinho na área externa do aeroporto;
  • Depois, os dois homens encapuzados e segurando fuzis deixam o carro preto e disparam na direção do empresário, que é atingido e morreu no local. Outros disparos atingem mais quatro pessoas, uma delas também perdeu a vida;
  • Os dois atiradores voltam para o carro preto, que é dirigido por um motorista. O grupo foge. O carro é abandonado a 3 quilômetros de distância do aeroporto. Os fuzis são deixados próximos. O veículo e as armas são apreendidos mais tarde pela polícia;
  • O motorista foge junto com os dois atiradores. O paradeiro do condutor do carro é desconhecido. Mas de acordo com a investigação, os assassinos vão para um ponto de ônibus onde pegam um coletivo municipal. Câmeras do circuito interno do veículo gravam eles. Depois os bandidos descem do ônibus e vão embora.

Segundo a força-tarefa, o "olheiro" que participou da execução de Vinicius é Kauê do Amaral Coelho. A polícia pediu a prisão temporária dele que foi decretada pela Justiça. A pasta da Segurança divulgou o nome e a foto do suspeito, que é procurado pelas autoridades.

O secretaria ainda informou que está oferecendo uma recompensa de R$ 50 mil para quem tiver informações que possam levar a polícia a prender Kauê. Ele tem 29 anos e já teve passagens anteriores na Justiça por suspeita de tráfico de drogas.

A equipe de reportagem tenta contato com a defesa de Kauê para comentar o assunto.

Kauê do Amaral Coelho, suspeito de participação no assassinato do delator do PCC — Foto: Reprodução

Kauê do Amaral Coelho, suspeito de participação no assassinato do delator do PCC — Foto: Reprodução

Empresário era réu por homicídios e lavagem

Vinicius era réu em processos de homicídio contra dois membros do PCC e por fazer lavagem de dinheiro para a facção. Ele respondia aos crimes em liberdade.

Em abril, a Justiça homologou uma delação premiada dele com o Ministério Público. O acordo permitiria que o empresário tivesse redução das penas no caso de condenações. Em troca, ele denunciou integrantes da facção por lavagem de dinheiro e agentes de segurança por extorsão.

Um áudio que faz parte da deleção revela, segundo a defesa de Vinicius, um advogado ligado ao PCC oferecendo a um policial civil R$ 3 milhões de recompensa para ele matar o empresário. Ele também acusou agentes de cobrarem R$ 40 milhões para deixar de investigá-lo como suspeito de ser o mandante dos assassinatos criminosos do PCC. O empresário disse que não pagou a propina.

Oito agentes da PM que faziam a segurança de Vinicius e policiais civis que ele denunciou na delação premiada foram afastados preventivamente pela SSP.

Delator do PCC revelou a juiz que já havia sido sequestrado e ameaçado pela facção — Foto: Reprodução/Fantástico

Delator do PCC revelou a juiz que já havia sido sequestrado e ameaçado pela facção — Foto: Reprodução/Fantástico

Veja o que se sabe sobre dinâmica do atentado — Foto: Arte/ g1

Veja o que se sabe sobre dinâmica do atentado — Foto: Arte/ g1