Polícia

EXCLUSIVO – A QUEDA DO FANTASMA: O Chefe do PCC que comandava o crime atrás de uma vida falsa é preso em Várzea Grande

Ricardo Batista Ambrózio, de 44 anos, apontado como um dos principais articuladores do PCC fora das prisões paulistas, foi finalmente capturado

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM PF-MT/COM PC-MT 04/07/2025
EXCLUSIVO – A QUEDA DO FANTASMA: O Chefe do PCC que comandava o crime atrás de uma vida falsa é preso em Várzea Grande
A caçada envolveu meses de cruzamento de dados bancários, vigilância silenciosa e monitoramento de comunicações clandestinas | Divulgação

Por quase uma década, ele foi conhecido nos relatórios de inteligência policial como o Fantasma. Um nome que surgia em escutas telefônicas, conversas entre detentos e investigações sigilosas. Um homem que parecia ter evaporado, embora seu poder continuasse atravessando fronteiras e abastecendo os cofres do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Na quinta-feira,03, a caçada chegou ao fim. Ricardo Batista Ambrózio, de 44 anos, apontado como um dos principais articuladores do PCC fora das prisões paulistas, foi finalmente capturado em Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá.

Documentos e informações obtidos pelo Página 12 junto a fontes da Polícia Civil revelam detalhes da operação que desmascarou o disfarce. Ambrózio vivia em uma casa discreta, mantinha rotina aparentemente comum e usava documentos falsos para não despertar suspeitas. Mas, por trás da fachada, operava uma rede criminosa que seguia alimentando o tráfico de drogas, o repasse de ordens e a cobrança violenta de dívidas.

Segundo investigadores, Ricardo foi condenado em 2016 a 16 anos de prisão por associação criminosa e tráfico de drogas, mas conseguiu desaparecer antes de cumprir a sentença. Desde então, passou a viver no estado de Mato Grosso como se fosse outro homem, articulando negociações milionárias e mantendo contato direto com integrantes da facção em diversos pontos do país.

A caçada envolveu meses de cruzamento de dados bancários, vigilância silenciosa e monitoramento de comunicações clandestinas. Quando os policiais finalmente entraram na residência, encontraram três veículos de alto valor, uma pistola com numeração raspada pronta para uso e diversos celulares que podem conter informações sobre execuções e movimentações financeiras do PCC.

Ao ser abordado, Ricardo apresentou documentos falsificados. Ao lado dele, a esposa, de 32 anos, também foi presa por uso de identidade falsa. Os crimes podem somar até 12 anos de reclusão, além da pena anterior já determinada pela Justiça.

O mandado de prisão cumprido em Várzea Grande havia sido expedido pela 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo (SP), no mesmo processo que tornou réus outros 25 integrantes do PCC, incluindo o líder máximo da facção, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Para fontes da investigação ouvidas pelo Página 12, a prisão de Ambrózio representa um duro golpe na engrenagem do crime organizado. “Ele não era apenas um fugitivo. Era o canal que mantinha o fluxo de dinheiro e ordens do PCC ativo fora das cadeias”, descreveu um policial que participou da operação.

Agora, o desafio será analisar cada detalhe armazenado nos celulares apreendidos. Há suspeita de que, mesmo preso, Ricardo tenha deixado instruções preparadas para execução nos próximos dias. O fantasma, enfim, foi capturado — mas seus rastros ainda podem revelar o alcance real do poder que construiu na sombra.