Polícia

"Falso advogado" é alvo da Operação Rábula por aplicar golpes de R$ 300 mil contra idosos em MT

Grupo criminoso contratava empréstimos em nome das vítimas e chegou a financiar caminhonete de luxo com benefício previdenciário de aposentada

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM PC-MT 24/07/2025
'Falso advogado' é alvo da Operação Rábula por aplicar golpes de R$ 300 mil contra idosos em MT
O principal investigado, de 31 anos, se passava por advogado previdenciário e já causou prejuízos que ultrapassam R$ 300 mil | PC-MT

A Polícia Civil deflagrou, na quinta-feira,17, a Operação Rábula para desarticular um grupo criminoso especializado em fraudes financeiras contra idosos em Cuiabá e Várzea Grande. O principal investigado, de 31 anos, se passava por advogado previdenciário e já causou prejuízos que ultrapassam R$ 300 mil.

A ação foi coordenada pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Várzea Grande (Derf-VG) com apoio do Ministério Público e da 5ª Vara Criminal do município, que expediu mandados de prisão, busca e apreensão e bloqueio de valores. Um dos investigados está foragido.

Segundo as investigações, iniciadas em março deste ano, o falso advogado — que possui apenas bacharelado em Direito — convencia idosos de que era especialista em aposentadorias. Para dar aparência de legitimidade, usava roupas sociais, jargão técnico e até um comparsa que se passava por seu motorista particular.

O grupo atuava principalmente em locais frequentados por idosos, como igrejas, salões de beleza e hospitais. Após ganhar a confiança das vítimas, o golpista solicitava o celular com acesso ao aplicativo bancário e, em seguida, contratava empréstimos de até R$ 24 mil, parcelados em até 96 vezes, sem que os idosos tivessem conhecimento.

Em um dos casos mais graves, uma aposentada chegou a pagar R$ 10 mil em honorários ao falso advogado. Quando seu benefício foi finalmente concedido, ela recebeu um carnê bancário referente ao financiamento de uma caminhonete Toyota Hilux avaliada em R$ 278 mil — totalmente desconhecido por ela.

Outra vítima teve toda a conta zerada: assim que o benefício caiu, foi automaticamente debitado o valor da parcela do empréstimo, além de transferências realizadas pelos criminosos. Algumas das vítimas chegaram a ter o nome negativado e sofreram abalo psicológico, como crises de pânico e depressão, com medo de estarem sendo monitoradas pelos golpistas.

De acordo com a delegada Elaine Fernandes, responsável pela investigação, a atuação do grupo é marcada por crueldade e oportunismo. “Eles arrancam dos idosos o pouco que recebem, muitas vezes nem sobra o suficiente para se alimentar com dignidade”, lamentou.

Os dois comparsas do falso advogado também receberam valores diretamente das contas das vítimas. Um deles possui condenação definitiva por roubo majorado. O outro já responde por pelo menos dez processos criminais, incluindo cinco condenações por roubo e uma por porte ilegal de arma de fogo.

O nome da operação, Rábula, faz alusão ao principal investigado — termo usado para designar alguém que atua como advogado sem ter habilitação legal. A Polícia Civil investiga se outras pessoas foram vítimas do mesmo esquema e não descartam novas fases da operação.