Polícia

Mãe, filho e neta mandam matar advogado para escapar de dívida milionária em Mato Grosso

Trama macabra: José Antônio da Silva foi executado com um tiro na cabeça após cobrar honorários na Justiça; assassinos acreditavam que ele não tinha herdeiros

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM PC-MT 26/07/2025
Mãe, filho e neta mandam matar advogado para escapar de dívida milionária em Mato Grosso
Neste sábado (26), a Polícia Civil deflagrou a Operação "Procuração Fatal" e prendeu três gerações da mesma família | PC-MT

Uma dívida milionária foi o estopim para um crime brutal que chocou o interior de Mato Grosso. O advogado José Antônio da Silva, de 65 anos, foi executado com um tiro na cabeça dentro da própria casa em Nova Ubiratã, no dia 26 de junho deste ano. O motivo? Cobrava na Justiça honorários devidos por uma cliente — que, junto com o filho e a neta, decidiu calar o credor com a morte.

Neste sábado (26), a Polícia Civil deflagrou a Operação "Procuração Fatal" e prendeu três gerações da mesma família, acusadas de serem as mentes criminosas por trás do assassinato encomendado. O executor do crime, que disparou contra o advogado, ainda está foragido.

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Segundo as investigações, a família devia uma fortuna em honorários advocatícios ao advogado José Antônio e acreditava que, ao matá-lo, estariam livres da cobrança. Detalhe macabro: eles presumiam que a vítima não tinha herdeiros, o que encerraria automaticamente o processo judicial.

Dias antes de ser morto, o advogado enviou áudios a familiares dizendo que estava sendo ameaçado, mas garantiu que não abriria mão das ações judiciais em andamento.

“Eles achavam que, matando o advogado, a dívida desapareceria. Planejaram tudo friamente. E executaram sem piedade”, afirmou o delegado João Lucas Wanick, responsável pelo caso.

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Foram cumpridas oito ordens judiciais — quatro mandados de prisão e quatro de busca e apreensão — nas cidades de Sorriso, Nobres e Tangará da Serra. Os presos são: a mandante principal, ex-cliente do advogado; o filho dela, responsável por intermediar o contato com o executor; a neta, que também participou do planejamento.

O quarto suspeito, que teria puxado o gatilho, segue foragido.

José Antônio da Silva era um advogado respeitado e atuante há décadas na região norte de Mato Grosso. Segundo a perícia, ele foi morto dentro de casa com um tiro à queima-roupa na cabeça. O corpo foi encontrado dias depois, em estado de abandono.

A Polícia Civil afirma que os criminosos tentaram apagar rastros, mas foram identificados graças a análise de provas digitais, escutas e movimentações suspeitas.

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A operação “Procuração Fatal” é vista como um avanço importante no combate aos crimes contra advogados no exercício da profissão. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) deve se pronunciar oficialmente sobre o caso nos próximos dias.

“Este é um crime covarde, um ataque direto ao sistema de Justiça. O assassinato de um advogado por exercer seu trabalho é inaceitável. Vamos até o fim”, afirmou o delegado Wanick.

As investigações seguem em sigilo e outras prisões podem ocorrer a qualquer momento.

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