Política

"Discurso reacionário contra o meio ambiente não convence ninguém", diz governador

27/08/2019
O governador Mauro Mendes participou nesta segunda-feira (26.08), em São Paulo, do Seminário Agronegócio Sustentável, em que debateu o tema “Mudanças no Código Florestal”. Na oportunidade, ele defendeu a não necessidade de alteração do código florestal e, sim, que o Estado brasileiro faça com que as leis sejam cumpridas.   “Precisamos cumprir o código florestal não só porque é lei, mas também porque os mercados [importadores] irão exigir isso de nós. Isso é bom para o Brasil, isso é bom para o nosso Estado e para a economia brasileira e é bom para o meio ambiente. E não é porque a ONG A, B ou C falou ou porque o gringo falou, mas porque é bom para nós brasileiros e porque temos consciência ambiental”, defendeu.   Mauro Mendes destacou também, no evento em que debateu com ambientalistas e representantes da academia e ruralistas, que hoje o “filho de produtor, é ambientalista”.   “Então, esse discurso reacionário contra o meio ambiente ele não pega, ele não funciona. Ele não convence ninguém, nem lá fora e muito menos aqui dentro. Temos que fazer por consciência, porque é legal. Temos que fazer porque é um ótimo negócio fazer”, avaliou, acrescentando que por isso, Mato Grosso tem dado prioridade na pauta ambiental. “No nosso Estado temos feito esse esforço gigante para adequar às novas realidades”.   “Nós somos um Estado de grande capacidade de produção, no setor do agronegócio brasileiro, somos o maior produtor de várias commodities agrícolas. Nós somos uma fronteira de crescimento dessa produção, estamos no linear desse bioma Amazônia e isso nos coloca como um dos principais atores nessa história do agronegócio, do ambientalismo e da preservação”, acrescentou.   Não cumprimento da lei Mauro Mendes destacou que o problema no país não é a falta de leis, mas uma mudança na cultura da população. De acordo com ele, essa cultura é um problema grave, em que temos “centenas de milhares de leis que não estão sendo cumpridas nesse momento. Não é um problema específico do nosso código florestal. No Brasil tem até uma frase difícil de ouvir, mas é verdade, e não podemos ser hipócritas, que tem lei que pega e lei que não pega”.   “Se nós não formos capazes de fazer a lei ser cumprida, os mercados irão nos impor esta obrigação. Eu não tenho dúvida disso. Antes que os mercados nos imponham isso, cujas conseqüências podem ser traumáticas para nossa economia, começamos a tomar uma série de providências esse ano”, ressaltou, informando que Mato Grosso adquiriu um sistema de monitoramento, em tempo real, que irá facilitar o trabalho dos órgãos estaduais para barrar a prática dos crimes ambientais.   No debate, Mauro Mendes destacou a importância do Estado funcionar para que os produtores, e todos aqueles que dependem dos órgãos ambientais, não ajam na ilegalidade. Ele pontuou também o trabalho que está sendo realizado para validar os mais de 60 mil pedidos de Cadastro Ambiental Rural (CAR), que estão na Secretaria de Meio Ambiente.   “Se nós não tivéssemos feito algo, iria demorar 30 anos para que um produtor tivesse em mãos o CAR”, disse, acrescentando que, no ano passado, foram analisados dois mil cadastros rurais, e somente nas cinco semanas com o novo sistema de cadastro, com a contratação de novos funcionários, em parceria com a KFW e o Ministério Público Estadual, mais de dois mil CARs já foram analisados pelos servidores. “E menos de 2% passaram pela primeira análise, sem a necessidade de devolver ao solicitante”.   Mauro Mendes também disse que a mentalidade de que é necessário respeitar o meio ambiente não vigora apenas em Mato Grosso. “Os governadores da Amazônia têm compreendido que não adianta ter um discurso reacionário contra a legalidade e do que se deve fazer”.   Para ele, agora, o  “Congresso Nacional é quem precisa entender os graves problemas e os vícios que existem ainda no nosso país e, a partir daí, criar marcos jurídicos que realmente colaborem para restabelecer a ordem. Não precisamos ter 500 mil leis, mas precisamos voltar a ter bom censo e respeito nesse país, seja na área ambiental ou em qualquer outra área”.