Política
Com a demissão de Nelson Teich do Ministério da Saúde – o segundo ministro a deixar a pasta em um mês –, três outros médicos e também um militar aparecerem como os mais cotados para assumir a vaga.
O primeiro deles é o general Eduardo Pazuello, nomeado no fim de abril para o cargo de secretário-executivo do Ministério durante a curta gestão de Teich – ele havia assumido a pasta em 16 de abril.Além dele, são considerados os médicos Nise Yamaguchi, Luiz Cláudio Fróes e Osmar Terra, que também é deputado federal.
Oncologista e imunologista, Yamaguchi ganhou destaque no governo por seu apoio ao uso da hidroxicloroquina, remédio defendido por Jair Bolsonaro contra o novo coronavírus.
Já Fróes o atual diretor de Saúde da Marinha e, segundo fontes ouvidas pela CNN, já teria sido sugerido ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como um bom ministro na época da demissão de Luiz Henrique Mandetta.
Terra é um nome que sempre aparece em discussões sobre a troca na gestão do Ministério da Saúde. Ele foi cotado para substituir Mandetta, em abril, e atua como consultor de Bolsonaro sobre a pandemia de Covid-19.
Eduardo Pazuello
Natural do Rio de Janeiro, Pazuello é formado pela Academia Militar das Agulhas Negras, em 1984. Participou de Operações no Centro de Instrução de Guerra na Selva, em Manaus (AM) e, assim como o presidente Jair Bolsonaro e outros militares, tem o curso de paraquedista.
Entre outras funções de destaque, trabalhou na assessoria de planejamento, no comando da Base de Apoio Logístico do Exército e na coordenação logística das Tropas do Exército Brasileiro empregadas nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no Rio de Janeiro, em 2016.
Também prestou serviços ao governo durante a presidência de Michel Temer quando assumiu a coordenação da Operação Acolhida, que cuida de refugiados da Venezuela em Roraima.
Em 29 de abril, foi anunciado por Teich para ocupar a posição de secretário-executivo do Ministério da Saúde. Sem experiência de atuação na área de saúde, ele substituiu o médico João Gabbardo, nomeado para a posição durante a gestão de Mandetta. Segundo Teich, Pazuello foi escolhido por sua capacidade na gestão de logística, considerada por ele uma das principais necessidades para a atual crise derivada da pandemia do novo coronavírus.
Nise Yamaguchi
A oncologista e imunologista Nise Yamaguchi, que trabalha no hospital Albert Einstein, em São Paulo, era uma das opções cotadas para assumir o cargo em abril, após a demissão de Mandetta. Ela voltou a aparcer entre os favoritos após se reunir, ontem, com o presidente, minutos antes de Teich entregar seu pedido de demissão.
A médica ficou conhecida por sua defesa pública do uso da hidroxicloroquina, normalmente recomendada para o tratamento da malária e do lúpus, em pacientes com Covid-19. Em entrevista à CNN em abril, Yamaguchi defendeu o tratamento com o fármaco, embora estudos já coloquem em cheque a eficácia do medicamento, e a comunidade médica alerte para os efeitos colaterais.
De acordo com Caio Junqueira, colunista da CNN, o governo deu a ela a missão de reunir toda a produção científica sobre a cloroquina no Brasil e no mundo e liderar um processo de flexibilização da legislação sobre o medicamento de modo que facilite sua prescrição para os pacientes.
A profissional também é defensora do chamado isolamento vertical, em que só os indivíduos nos grupos de risco da doença se resguardariam. A estratégia é apoiada por Bolsonaro, mas vai contra o isolamento amplo recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e adotado na maioria dos estados brasileiros.
Luiz Cláudio Fróes
Desde maio de 2019 é diretor de Saúde da Marinha. Antes, foi diretor do Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, e diretor médico do Hospital das Forças Armadas.
Também já atuou em Brasília. De 2015 a 2017, foi diretor do Departamento de Saúde e Assistência Social do Ministério da Defesa.
Segundo fontes ouvidas pela CNN, foi um dos nomes sugeridos a Bolsonaro para substituir Mandetta. Na ocasião, porém, o presidente acabou optando por alguém que tivesse endosso da classe médica, caso de Nelson Teich.
Osmar Terra
Outro nome que voltou a ganhar peso foi o do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania, e defensor do relaxamento da quarentena imposta por governadores. Em abril, o Planalto chegou a avaliar a substituição de Mandetta por Terra, que é médico.
Ele foi, inclusive, flagrado em uma conversa com ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, sobre a substituição do ex-ministro da Saúde e a mudança da política do governo de enfrentamento ao coronavírus no Brasil.
Terra já foi secretário de Saúde do estado do Rio Grande do Sul, quando enfrentou a pandemia do H1N1. Atualmente, tem atuado como consultor de Bolsonaro sobre a pandemia, e é bem mais alinhado com as ideias do presidente – sobre cloroquina e isolamento – do que eram Mandetta e Teich.