Política
Lula fala em “evitar conflitos” e cobra Nísia em reunião com ministros
Para aliados, presidente faz "inflexão" após críticas ao mercado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou o encontro com os 39 ministros, no Palácio da Alvorada, para sinalizar que dará trégua às falas que colocam em xeque a responsabilidade fiscal do governo.
À CNN, ministros relataram que Lula disse não existir razão para “conflitos” e pediu cuidado com “brigas” no próximo biênio.
A fala foi interpretada como uma “inflexão” após críticas recorrentes ao mercado financeiro e declarações que colocaram em xeque o compromisso do governo com a saúde das contas públicas e o pacote fiscal da Fazenda.
No último domingo (15), em entrevista o “Fantástico”, da TV Globo, o presidente chegou a dizer que “a única coisa errada no Brasil é a taxa de juros”. A afirmação levantou dúvidas sobre a eventual pressão contra o Banco Central, sob a gestão de seu indicado, Gabriel Galípolo.
No encontro desta sexta, Lula também reconheceu o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal e elogiou atuação de líderes no Congresso, após aprovação do pacote de cortes de gastos. Aos ministros, Lula pediu atenção total às entregas dos próximos dois anos.
Segundo relatos, Lula não mencionou a possibilidade de trocas ministeriais, nem para abafar eventuais boatos sobre o assunto, o que, na visão de ministros, reforça a certeza de que substituições serão feitas.
Sem mencionar outros ministérios, o presidente cobrou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, sobre a entrega do programa “Mais Acesso a Especialistas”, que amplia oferta de consultas, exames e cirurgias na rede pública. O programa foi lançado em abril, mas ainda não está ativo em todo país.
A pasta da Saúde é algo de cobiça do centrão e poderá entrar na reforma ministerial para acomodar aliados do governo.
Esta não é a primeira vez que Lula cobra Nísia em reuniões ministeriais. Em março deste ano, a ministra chorou quando o presidente lhe pediu para “falar grosso” para se defender de ataques.
Depois disso, o presidente disse, publicamente, que Nísia fala “manso”, mas tem “credibilidade”.