Política
Pressionado pelo União Brasil, Celso Sabino entrega carta de demissão do Ministério do Turismo
Partido determinou saída de seus filiados de todos os cargos no governo Lula. Sabino, que é deputado federal, foi nomeado para o Ministério do Turismo há dois anos

O ministro do Turismo, Celso Sabino, oficializou nesta sexta-feira (26) seu pedido demissão anunciado na semana passada, quando o União Brasil deu 24 horas para que os filiados deixassem os cargos no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Sabino afirmou que permanecerá no cargo até a próxima quinta-feira (2), a pedido do presidente Lula, para acompanhá-lo durante um evento de entrega de obras concluídas para a COP30, em Belém.
"Tive uma conversa hoje com o presidente da República, em virtude da decisão do partido ao qual eu sou filiado tomou, de deixar o governo, e vim hoje aqui cumprir o meu papel, entreguei ao presidente a minha carta e o meu pedido de saída do Ministério do Turismo, cumprindo a decisão do meu partido", anunciou Sabino.
Sabino disse que não poderia negar o pedido de Lula.
"Hoje entreguei a minha carta de demissão ao presidente, recebi esse pedido e, assim como o presidente foi muito cortês, confiou em mim, acreditou em mim uma responsabilidade muito grande e eu estou trabalhando para honrar, eu não poderia negar esse pedido", afirmou.
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Celso Sabino e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião Ministerial, no Palácio do Planalto em agosto de 2024 — Foto: Ricardo Stuckert/PR
O ministro declarou que gostaria de seguir no cargo até a COP30, mas destacou que respeitará a determinação do União Brasil.
Na última sexta-feira (19), o ministro já havia conversado com o presidente Lula sobre o ultimato do partido e, na ocasião, os dois acertaram que voltariam a se falar após a viagem do petista a Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU.
Celso Sabino é filiado ao União Brasil e foi eleito deputado federal pelo Pará. Ele deve retornar à Câmara dos Deputados, após dois anos à frente do Ministério do Turismo.
Sabino manteve conversas nas últimas semanas com dirigentes e aliados para tentar uma solução e evitar a saída da pasta. Ele, no entanto, conseguiu adiar a saída em poucos dias com o argumento de que teria agendas para cumprir à frente do ministério.
Desembarque do governo
O União Brasil decidiu acelerar o desembarque do governo e aprovou, na quinta-feira (18), uma resolução que exige que filiados ao partido deixem, em até 24 horas, cargos ocupados no governo Lula.
Segundo o texto da norma, chancelada pela cúpula nacional da sigla, os membros que não abandonarem os cargos poderão ser punidos disciplinarmente. Entre as punições previstas no estatuto do partido, está a expulsão.
A exigência para que os filiados deixem a gestão Lula foi aprovada após a veiculação de reportagens que apontam uma suposta conexão entre o presidente nacional do partido, Antonio de Rueda, e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Rueda nega qualquer envolvimento.
Em nota à imprensa (veja íntegra aqui), o partido indica enxergar influência do governo federal na divulgação das informações. A sigla afirma que há uma "percepção de uso político da estrutura estatal" para desgastar Rueda.
O União Brasil também indicou os ministros do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e das Comunicações, Frederico Siqueira. Os dois, no entanto, não serão afetados pela decisão.
Embora as pastas sejam atribuídas ao partido, os ministros não são filiados ao partido e estão na cota pessoal do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).