Política
Polícia retira à força Glauber da Mesa Diretora da Câmara
Deputado ocupava cadeira da presidência em ato de resistência após anúncio de análise de cassação de seu mandato
A Polícia Legislativa retirou à força o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (9).
O parlamentar ocupava a cadeira da presidência em protesto contra o anúncio feito mais cedo pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que informou que analisaria um pedido de cassação do mandato de Braga, acusado de agressão a um manifestante dentro da Casa.
Após ser retirado à força, ele foi conduzido por outros parlamentares até o Salão Verde. Aparentando desgaste e cansaço, o deputado precisou ser amparado.
Mais cedo, o parlamentar havia afirmado que manteria sua posição até o fim da disputa. “Se o presidente da Câmara quiser tomar uma atitude diferente daquela que ele tomou com os golpistas que ocuparam essa Mesa Diretora e que até hoje não tiveram qualquer punição, essa é uma responsabilidade dele. Eu ficarei aqui até o limite das minhas forças”, declarou Braga.
Motta anunciou que levaria ao plenário, a partir desta quarta-feira (10), os processos envolvendo os deputados Carla Zambelli (PL-SP), Delegado Ramagem (PL-RJ) — ambos já condenados pelo STF — e também o de Glauber Braga.
O anúncio ocorreu após reunião de líderes partidários, no mesmo dia em que o presidente da Câmara prometeu pautar o projeto de lei que reduz penas para envolvidos nos atos golpistas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No momento em que Braga assumiu a Mesa, os deputados estavam na primeira fase da sessão que poderia avançar na votação do projeto. Após a ocupação, seguranças esvaziaram o plenário e a TV Câmara interrompeu a transmissão.
Após o ocorrido, Braga disse que se solidarizava “com a imprensa que também foi agredida e que teve seu trabalho cercado. Estou aqui há algum tempo e até hoje não tinha ouvido falar de cortarem o sinal da TV Câmara para que as pessoas não acompanhassem o que estava acontecendo”.
Entenda o caso de Braga
O deputado é acusado de empurrar e expulsar um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) do Congresso Nacional em abril de 2024.
Na ocasião, Glauber e o influenciador identificado como Gabriel Costenaro discutiram dentro da Câmara. O deputado expulsou Costenaro do prédio com empurrões e chutes, com a confusão se arrastando até a rua (veja no vídeo abaixo).
Uma representação contra o parlamentar foi apresentada ainda em abril passado pelo partido Novo. A legenda argumentou à época que Glauber ameaçou agredir o integrante do MBL caso ele tentasse entrar novamente no anexo.
O relator da ação no Conselho de Ética da Câmara, Paulo Magalhães (PSD-BA), alegou que os empurrões e chutes do deputado do PSOL foram comprovados por vídeos e que Costenaro não reagiu, além de ter sido agredido fora das dependências da Câmara.
O parlamentar do PSOL afirma que o ativista do MBL tinha um histórico de provocações contra ele que culminaram em ofensas à sua mãe.