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Do bolívar da Venezuela ao rial iraniano, quais são as moedas menos valorizadas do planeta?
Com a reforma monetária, a Venezuela removeu 14 zeros de sua cédula em 13 anos
A situação da Venezuela é um caso extremo, embora não seja insólito. Em um continente que passou por dramáticos processos de hiperinflação ao longo do século XX, o país liderado por Nicolás Maduro já está muito próximo da histórica desvalorização da moeda brasileira: em 1967 o Brasil iniciou a primeira de seis desvalorizações que, com seis mudanças de nome, chegou ao real, em 1994, depois de subtrair 15 zeros do cruzeiro. Outro exemplo paradigmático é o do peso argentino, que perdeu 13 zeros entre 1970 e 1992.
Atualmente, um euro vale 6,22 reais e 114,4 pesos. Não fazem parte das chamadas moedas fortes (como o dólar, o euro, o franco suíço e a libra esterlina, nas quais, além de seu valor, se valoriza sua estabilidade), mas também não estão no grupo das moedas mais desvalorizadas do planeta: oito moedas foram negociadas nesta quinta-feira a um valor em que, para cada unidade de euro, seriam obtidas mais de 10.000 unidades em moeda local.
O primeiro lugar não é nenhuma surpresa: para cada euro (6,22 reais) se obteria na quinta-feira 4,8 milhões de bolívares soberanos. As medidas desta sexta-feira aliviaram a cotação da nova moeda (1 euro são 4,8 bolívares digitais, e 1 real equivale a 29,9 bolívares digitais), embora a mudança seja de pouca utilidade se não for controlada a inflação galopante. A chegada da nova moeda não significou a retirada de circulação da anterior, uma convivência que visa “facilitar os pagamentos exatos”, segundo o Banco Central da Venezuela em comunicado no início de setembro. A nota de 1 milhão de bolívares soberanos continuará, portanto, a ser a de maior denominação do mundo. Foi posta em circulação em março passado e atualmente vale cerca de 21 centavos de euros ou 24 centavos de dólar (1,35 real).
A segunda moeda mais desvalorizada do mundo é o rial iraniano. Décadas de sanções norte-americanas e ocidentais em geral contra o país dos aiatolás enfraqueceram seu sistema financeiro e depreciaram continuamente sua moeda, o que ocasionalmente provoca protestos pelo alto custo de vida. Atualmente, um euro equivale a quase 48.700 riais iranianos. Sua nota de denominação mais alta, o rial de 100.000, vale, portanto, pouco mais de dois euros e menos de 2,4 dólares (12,5 reais).
Até março, o Vietnã tinha em circulação a cédula com a denominação mais alta do mundo: meio milhão de dongs. Uma honra que adquiriu em 2015, depois que outro país clássico na história das flutuações cambiais, o Zimbábue, mudou sua moeda e retirou de circulação uma nota de 100 trilhões. Embora seja incrível, não é o recorde histórico: na hiperinflação que assolou a Alemanha do período entre as duas grandes guerras, a chamada República de Weimar emitiu uma nota semelhante em marcos.
E quando a instabilidade tomou conta das economias europeias durante a Segunda Guerra Mundial e o período do pós-guerra, na Hungria chegou a circular uma nota de 100 trilhões de pengos, sua moeda na época. Seu banco central chegou a imprimir uma nota de 1 quatrilhão, mas não a pôs no mercado porque uma reforma monetária introduziu o florim no país. De volta ao dong, a nota de 500.000 equivale a cerca de 19 euros e 22 dólares (118 reais) — ou seja, 26.341 dongs por um euro (6,22 reais). E em um país que em 2019 recebeu mais de 18 milhões de turistas, e onde muitos preços nas grandes cidades alcançaram patamares ocidentais, não é de estranhar que o visitante precise usar a nota em alguma ocasião.
Com um euro pode-se obter cerca de 16.600 rupias indonésias. O arquipélago do Sudeste Asiático tem como nota de maior valor a de 100.000 rupias, o que equivale a cerca de 6 euros e 7 dólares (37,32 reais). O Uzbequistão (1 euro = 13.377 som) também tem a nota de maior denominação, 100.000 unidades, a mesma do último país asiático na lista das moedas mais desvalorizadas do planeta, o Laos (1 euro = 11.483 kip). Isso significa que as suas notas mais valiosas equivalem a 8 e 8,6 euros (49,76 e 53,49 reais), respectivamente. Na moeda norte-americana, são 9,4 e 10,1 dólares.
Diferente é a situação de Serra Leoa e Guiné, os dois países africanos cujas moedas também estão entre as oito mais depreciadas do planeta. No primeiro, a maior nota é a de 10.000 leones, o que significa que vale menos de um dólar e apenas 81 centavos de euro (5,03 reais). A nota de 20.000 francos guineenses custa 1,77 euros ou 2,05 dólares (11 reais). É a expressão de economias mais fechadas (entre os dois países não chegam nem a 100.000 turistas por ano, de acordo com os últimos dados da Organização Mundial do Comércio, relativos a 2018 e 2019), onde geralmente não são necessárias grandes notas para as trocas.