Brasil
O esquema de desvio de doações em cidade no RS que fez MP pedir assistência do Exército
De acordo com denúncias recebidas pelo órgão, membros da Defesa Civil municipal estariam desviando as doações para beneficiar futuros eleitores
Após uma operação contra desvios de doações para vítimas das enchentes na cidade de Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) negocia para que o Exército Brasileiro assuma a entrega dos donativos no município.
De acordo com denúncias recebidas pelo órgão, membros da Defesa Civil municipal estariam desviando as doações para beneficiar futuros eleitores.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do MP-RS investiga três agentes públicos, sendo que pelo menos dois deles são pré-candidatos às eleições municipais deste ano.
Foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão nas casas dos suspeitos, na Prefeitura e em depósitos da cidade. Foram apreendidos celulares, documentos, dinheiro, entre outros.
A investigação do Ministério Público apura os crimes de apropriação indébita, peculato e associação criminosa durante estado de calamidade pública.
Leia também
INUNDAÇÕES NO RIO GRANDE DO SUL RS negocia com governo flexibilizar acesso a recursos federais INUNDAÇÕES NO RIO GRANDE DO SUL Banco do Brics vai destinar R$ 5,7 bilhões para reconstrução do RS INUNDAÇÕES NO RIO GRANDE DO SUL 'É muito triste passar por tudo isso outra vez': os voluntários de resgate em 2023 que voltaram a atuar nas enchentes INUNDAÇÕES NO RIO GRANDE DO SUL Abrigados no Rio Grande do Sul serão imunizados contra a gripe ENCHENTES NO RIO GRANDE DO SUL RS: cidades do Vale do Taquari contabilizam estragos e repensam futuro TEMPORAIS EM SANTA CATARINA Chuvas em Santa Catarina obrigam 925 pessoas a abandonar casas ENCHENTES NO RIO GRANDE DO SUL Porto Alegre tem alerta de chuva intensa para esta segunda-feira,27Os investigados foram afastados temporariamente de suas funções. A investigação do MP-RS continua.
Em nota, a Prefeitura de Eldorado do Sul reforçou "seu compromisso com a transparência, a ética e o respeito aos recursos destinados aos cidadãos". "Continuaremos colaborando plenamente com as autoridades competentes para que todos os fatos sejam esclarecidos de maneira justa e rápida", diz o comunicado.
Atuação do Exército
Após a operação, o MP-RS passou a negociar para que o Exército Brasileiro assuma a entrega de doações às vítimas da enchente em Eldorado do Sul.
No próprio sábado, o órgão se reuniu com a Prefeitura de Eldorado do Sul e outros órgãos públicos para expor a necessidade de delegar aos militares, em caráter de urgência, o recebimento, controle e distribuição de donativos à população.
Segundo o Ministério Público, a decisão foi tomada após contato com o procurador-geral de Justiça do Estado, Alexandre Saltz, e seu principal objetivo é evitar que moradores fiquem desatendidos de suprimentos básicos durante a investigação.
Também foi solicitado que a Prefeitura apresente um plano de trabalho para utilização dos recursos públicos já disponibilizados no atendimento às vítimas e na reconstrução da cidade.
Pior inundação da história
A cidade de Eldorado do Sul foi uma das mais atingidas pelo temporal no Rio Grande do Sul.
Com 100% da área urbana da cidade atingida pela água, além de boa parte da área rural, 30 mil moradores ficaram desalojados, conforme boletim divulgado pela Prefeitura. O número equivale a 75% da população.
Os moradores foram afetados principalmente pela elevação das águas do lago Guaíba e do Rio Jacuí. Foi a maior inundação da história da cidade, que já é acostumada a enchentes, pela sua topografia plana.
Segundo as estimativas da Prefeitura, 20 mil residências foram atingidas, e muitas delas ficaram totalmente comprometidas.
Com a trégua nas chuvas nos últimos dias, os moradores, o poder público e voluntários de outras regiões iniciaram mutirões de limpeza.
Em todo o Estado, 166 pessoas morreram vítimas das enchentes e outras 61 seguem desaparecidas.
Ao todo, 469 municípios foram afetados e quase 56 mil pessoas continuam em abrigos.