Cultura
Foo Fighters cumpre seu papel e traz rock cinquentão ao Rio
Dessa forma, o Foo Fighters tinha terreno limpo para explorar e abusar do público imenso que se espalhava pela Cidade do Rock. Dave Grohl usa todos os truques da cartilha do roqueiro de estádio: solta gritos aparentemente sem sentido, corre pela passarela que entra na plateia com a guitarra, pede palmas, estica as versões das músicas até não poder mais. Até solo de bateria em plataforma elevada o show tem.
Grohl diz que chorou no backstage quando o Weezer tocou 'Lithium', do Nirvana, banda que o consagrou como baterista. Ele dedica 'Big Me', canção do primeiro disco do Foo Fighters (que ele fez sozinho), para a banda que tocou antes dele no Palco Mundo. "Eu lembro da primeira vez que vim para o Brasil, para tocar no Hollywood Rock. Eu tinha só 23 anos", compartilhou.
A turnê do Foo Fighters ainda é a do álbum 'Concrete & Gold' (2017), que a banda já trouxe para cidades brasileiras em 2018. As canções do disco até atraem vozes da plateia, mas são as músicas antigas que fazem a festa. Hits como 'Learn to Fly', 'Times Like These' e uma versão poderosa de 'The Pretender', no início do show, são o que fazem a banda justificar o respeito que adquiriram durante as décadas.
Sabendo que precisa agradar, Dave Grohl embarca numa viagem pelos discos da carreira do Foo Fighters tocando uma de cada álbum. 'My Hero', 'These Days', 'Walking', 'All My Life' (que forma rodas), são todas cantadas do início ao fim por maior parte dos presentes.
Com quase 25 anos de carreira, o Foo Fighters segue há mais de uma década como uma das principais bandas de rock do planeta.
A estreia no festival aconteceu ainda em 2001, com direito a bolo de aniversário para Grohl e invasão de palco de Cássia Eller, que surpreendeu a todos ao aparecer de maneira repentina para dar um abraço no vocalista. Desde então, a banda voltou outras três vezes ao Brasil, com direito a uma apresentação para mais de 75 mil pessoas no Lollapalooza de 2012.
Apesar de ser conhecido pelo bom humor em seus videoclipes, o Foo Fighters nasceu de forma melancólica, como um projeto de Dave Grohl para superar a morte de Kurt Cobain. No documentário 'Back & Forth', de 2011, o ex-baterista do Nirvana conta que meses após o suicídio do amigo resolveu alugar um estúdio e gravar sozinho algumas músicas que havia guardado. Pouco menos de um ano depois, o material rendeu uma assinatura de contrato com a Capitol Records, sendo lançado de forma oficial como o primeiro disco do grupo. Desde então, a banda sofreu diversas alterações em sua formação e colecionou prêmios, incluindo 12 Grammys.
No Rock in Rio, eles fizeram o que tinha fazer, e encerraram a noite do sábado com uma das melhores performances da banda em suas passagens pelo Brasil.
Segundo dia do Rock in Rio
O sábado começou com um rescaldo da noite anterior. A polêmica passagem de Drake como headliner do Palco Mundo na sexta-feira, 27,continuou rendendo nas redes sociais mesmo depois da sua apresentação. Após proibir transmissão do show, fotógrafos e tirolesa, o rapper se justificou no Twitter. Pedindo desculpas, ele apontou a chuva como motivo dessas decisões e terminou a mensagem prometendo que vai retornar ao Brasil.
Boninho, diretor da Rede Globo que já comandou a transmissão do festival pelo canal, rebateu a publicação do canadense no Twitter: "Não é verdade! Vc pisou na bola por absoluta falta de respeito com o público Brasileiro. Muito antes da chuva, já não tinha liberado o show. Mandou seu light designer embora, deu piti geral. Simplesmente não quis liberar. Uma pena para seus fãs brasileiros".
De volta à Cidade do Rock, uma surpresa neste sábado, 28: em um pocket show de cerca de meia hora, Liniker e os Caramelows e Criolo tocaram um par de sucessos numa arena do banco patrocinador do festival.
O dia que amanheceu chuvoso nos céus da Cidade do Rock não desinamou o público que enfrentou uma garoa chata para acompanhar as bandas CPM 22 e os Raimundos abrirem o Palco Mundo no Rock In Rio 2019.
A programação já anunciava uma noite de rock nostalgia no festival, com Titãs e Whitesnake, mas foi no Palco Mundo que o rock alternativo resgatou a memória jovem e adolescente cultivada nos anos 1990 com um público fiel em cada verso. "Você imaginava que aquele quarto sujo lá em Brasília ia te trazer aqui, um dia", brincou o vocalista Badauí, do CPM, para Digão, dos Raimundos.
No palco Sunset, o "novo" Titãs, sem Paulo Miklos, apresentou seu show alinhando clássicos como 'Homem Primata' e 'Flores' num palco recheado de convidados. Erika Martins, Edi Rock e Ana Cañas deram um empurrão na apresentação de uma banda com hits suficientes para agradar à plateia roqueira sem muito esforço.
No palco Mundo, outro grande encontro: Tenacious D e o baixista brasileiro Júnior Bass Groovador tocaram uma versão de 'Smells Like Teen Spirit', do Nirvana. A banda norte-americana fez um grande espetáculo musical. Acompanhado pelo violão de Kyle Gass, o cantor e comediante Jack Black trouxe um som enérgico, com uma voz incansável.
O Whitesnake abriu seu show com uma gravação de 'My Generation', do The Who. A banda voltou ao festival 34 anos depois - eles tocaram na estrelada e mítica primeira edição, de 1985. O grupo inaugurou o metal no Rock in Rio 2019, abrindo caminho para uma série de bandas que vêm por aí nos próximos dias.
A estreia do Weezer no Rock in Rio já veio em um ritmo brasileiro. Na sexta-feira, 27, a banda de Los Angeles passou pelo auditório do Ibirapuera, em São Paulo, em uma apresentação que misturou canções próprias com covers.
Não foi diferente no Palco Mundo. Repleto de covers, a apresentação com início mais que pontual levantou o público com 'Africa', de Toto, e 'Take on Me', do A-ha. O vocalista Rivers Cuomo se sentiu em casa e conversou com o público em português: "Finalmente, estamos muito felizes em tocar aqui". Entre os sucessos da banda, Weezer divertiu o público com 'Buddy Hole' e 'In The Garage'.