Cultura

Foo Fighters cumpre seu papel e traz rock cinquentão ao Rio

29/09/2019
A entrada do Foo Fighters no Palco Mundo do Rock in Rio consagra uma das histórias mais marcantes do festival: em 2001, quando eles pisaram aqui como uma banda menor num horário alternativo, Cassia Eller entrou no palco e entregou um bolo para Dave Grohl, um dos homens mais simpáticos da indústria. Agora, o Foo Fighters, além de celebrar um pedido de casamento no palco, volta como atração principal de uma noite dedicada ao rock dos anos 1990.   Praticado agora por cinquentões. O Palco Mundo recebeu hoje, além de Grohl, Jack Black, Rivers Cuomo e a junção do CPM 22 e do Raimundos.  

Dessa forma, o Foo Fighters tinha terreno limpo para explorar e abusar do público imenso que se espalhava pela Cidade do Rock. Dave Grohl usa todos os truques da cartilha do roqueiro de estádio: solta gritos aparentemente sem sentido, corre pela passarela que entra na plateia com a guitarra, pede palmas, estica as versões das músicas até não poder mais. Até solo de bateria em plataforma elevada o show tem.

 

Grohl diz que chorou no backstage quando o Weezer tocou 'Lithium', do Nirvana, banda que o consagrou como baterista. Ele dedica 'Big Me', canção do primeiro disco do Foo Fighters (que ele fez sozinho), para a banda que tocou antes dele no Palco Mundo. "Eu lembro da primeira vez que vim para o Brasil, para tocar no Hollywood Rock. Eu tinha só 23 anos", compartilhou.

 

A turnê do Foo Fighters ainda é a do álbum 'Concrete & Gold' (2017), que a banda já trouxe para cidades brasileiras em 2018. As canções do disco até atraem vozes da plateia, mas são as músicas antigas que fazem a festa. Hits como 'Learn to Fly', 'Times Like These' e uma versão poderosa de 'The Pretender', no início do show, são o que fazem a banda justificar o respeito que adquiriram durante as décadas.

 

Sabendo que precisa agradar, Dave Grohl embarca numa viagem pelos discos da carreira do Foo Fighters tocando uma de cada álbum. 'My Hero', 'These Days', 'Walking', 'All My Life' (que forma rodas), são todas cantadas do início ao fim por maior parte dos presentes.

 

Com quase 25 anos de carreira, o Foo Fighters segue há mais de uma década como uma das principais bandas de rock do planeta.

 

A estreia no festival aconteceu ainda em 2001, com direito a bolo de aniversário para Grohl e invasão de palco de Cássia Eller, que surpreendeu a todos ao aparecer de maneira repentina para dar um abraço no vocalista. Desde então, a banda voltou outras três vezes ao Brasil, com direito a uma apresentação para mais de 75 mil pessoas no Lollapalooza de 2012.

 

Apesar de ser conhecido pelo bom humor em seus videoclipes, o Foo Fighters nasceu de forma melancólica, como um projeto de Dave Grohl para superar a morte de Kurt Cobain. No documentário 'Back & Forth', de 2011, o ex-baterista do Nirvana conta que meses após o suicídio do amigo resolveu alugar um estúdio e gravar sozinho algumas músicas que havia guardado. Pouco menos de um ano depois, o material rendeu uma assinatura de contrato com a Capitol Records, sendo lançado de forma oficial como o primeiro disco do grupo. Desde então, a banda sofreu diversas alterações em sua formação e colecionou prêmios, incluindo 12 Grammys.

 

No Rock in Rio, eles fizeram o que tinha fazer, e encerraram a noite do sábado com uma das melhores performances da banda em suas passagens pelo Brasil.

 

Segundo dia do Rock in Rio

O sábado começou com um rescaldo da noite anterior. A polêmica passagem de Drake como headliner do Palco Mundo na sexta-feira, 27,continuou rendendo nas redes sociais mesmo depois da sua apresentação. Após proibir transmissão do show, fotógrafos e tirolesa, o rapper se justificou no Twitter. Pedindo desculpas, ele apontou a chuva como motivo dessas decisões e terminou a mensagem prometendo que vai retornar ao Brasil.

 

Boninho, diretor da Rede Globo que já comandou a transmissão do festival pelo canal, rebateu a publicação do canadense no Twitter: "Não é verdade! Vc pisou na bola por absoluta falta de respeito com o público Brasileiro. Muito antes da chuva, já não tinha liberado o show. Mandou seu light designer embora, deu piti geral. Simplesmente não quis liberar. Uma pena para seus fãs brasileiros".

 

De volta à Cidade do Rock, uma surpresa neste sábado, 28: em um pocket show de cerca de meia hora, Liniker e os Caramelows e Criolo tocaram um par de sucessos numa arena do banco patrocinador do festival.