Cultura

Morre ao 58, o artista plástico Adir Sodré, um dos maiores defensores da cultura cuiabana

Infarto do miocárdio. Essa foi a causa da morte que matou na noite de segunda feira,10, o artista plástico, Adir Sodré de 58

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM SOCIEDADE DOS POETAS AMIGOS 10/08/2020
Infarto do miocárdio. Essa foi a causa da morte que matou na noite de segunda feira,10, o artista plástico, Adir Sodré de 58. Natural de Rondonópolis, Sodré é um dos mais renomados artistas regionais mato-grossenses e um dos maiores defensores da cultura cuiabana. Ele nasceu em 1962 e mudou com a família quando tinha 15 anos. Ainda com 16 anos incompletos começou no mundo da pintura no ateliê livre da Fundação Cultural na Universidade Federal de Mato Grosso(UFMT), orientado por Humberto Spíndola e Dalva Maria de Barros, em 1977. Na época a UFMT abria as portas parta a sociedade. Em 1982, o seu trabalho orientou-se para uma temática regionalista, preocupando-se com o problema do índio e a invasão da indústria do turismo, a invasão causada pelo turismo em determinadas regiões do Brasil e ao consumismo. Entre as exposições de que participa, destacam-se: Gente da Terra - Homenagem a Maria Auxiliadora da Silva, no Paço das Artes, São Paulo, 1980; Panorama da Arte Atual Brasileira, no MAM/SP, São Paulo, 1983; Como Vai Você, Geração 80, na EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, 1984; Modernidade, Arte Brasileira do Século XX, no Museu de Arte Moderna de Paris (França) e no MAM/SP, São Paulo, 1987; Brasil: Imagem dos Anos 80 e 90, no MAM/RJ, Rio de Janeiro, 1993. Evento no Itaú Cultural: BR/80 Pintura Brasil Década 80, São Paulo, 1991. Nos dois anos seguintes, integra, com Gervane de Paula (1962) e outros artistas, um grupo que procura renovar a arte mato-grossense. Nessa época, participa de exposições coletivas organizadas pelo Museu de Arte e de Cultura Popular da Universidade Federal do Mato Grosso - MACP/UFMT. Participa também, entre outras, das coletivas Como Vai Você, Geração 80, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage - EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, em 1983, e Modernidade, Arte Brasileira no Século XX, no Museu de Arte Moderna de Paris, em 1987. Em sua produção aborda temas relacionados à cultura regional e questões acerca dos povos indígenas. Nos anos 1970, suas pinturas são um registro da vida cotidiana nos bairros populares de Cuiabá e também da paisagem regional. Produz obras com temática social de caráter irreverente. Em trabalhos da década posterior, revela admiração pelo pintor francês Henri Matisse (1869-1954), empregando cores puras e elementos decorativos em obras nas quais o erotismo é muito presente, como em Falos e Flores (1986) ou Orgia das Frutas (1987). Produz também retratos de personalidades, partindo da reprodução fiel da fisionomia, mas fazendo uso do humor. O artista mantém diálogo constante com a tradição da história da arte, e faz referências, entre outros, aos pintores Vincent van Gogh (1853-1890) e Diego Velázquez (1599-1660). Aproxima-se também do universo dos quadrinhos, como em Almoço na Relva VII (1988). Toda a construção da identidade artística de Adir foi baseada em plataformas diversas, bem como a valorização da cultura popular, valorização do indigenismo e das cenas iconográficas. As características singulares da pintura e escultura regional vinham do projeto da criação de um movimento artístico e uma vontade crescente de descentralizar o circuito da arte brasileira para o interior brasileiro, realçado na década de 70. Além de Adir participaram desse movimento, Gervane de Paula, Alcides dos Santos e Nilson Pimenta. O velório e sepultamento será realizado em Cuiabá.