Economia e Negócios

Os desafios para a inserção do Brasil na economia mundial

Desde o início da pandemia causada pelo Covid-19, os mercados do Brasil e do mundo enfrentam um período de instabilidade, volatilidade e, acima de tudo, incerteza

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM CNN BRASIL 07/04/2021
Os desafios para a inserção do Brasil na economia mundial
Foto: CNN
Desde o início da pandemia causada pelo Covid-19, os mercados do Brasil e do mundo enfrentam um período de instabilidade, volatilidade e, acima de tudo, incerteza. Tomando como base as duas últimas crises econômicas (2008/2009) e (2014/2016), as exportações tiveram um papel fundamental na retomada do crescimento do Brasil. E na atual crise não será diferente. O comércio exterior é uma ferramenta fundamental para a aceleração do crescimento econômico e para o aumento da produtividade e da competitividade da indústria brasileira. Um país mais integrado ao mundo produz, inova e gera mais e melhores empregos. Porém, essa ampliação da inserção internacional das empresas e produtos depende de fatores cruciais, como avanços em questões estruturais da economia brasileira, aprovação das reformas tributária e administrativa e urgente redução do Custo Brasil. Entram também nessa lista a abertura de mercados externos e o fortalecimento do sistema de defesa comercial. “Temos uma agenda vasta de pendências, um dever de casa que precisamos fazer, que vai desde a redução de barreiras aos nossos produtos no mercado internacional à desoneração das exportações e financiamento. No curto prazo, por exemplo, precisamos eliminar o resíduo tributário na exportação – com a reconstituição da alíquota do Reintegra – e assegurar a manutenção e o pleno funcionamento dos instrumentos de financiamento e garantias.” diz Carlos Eduardo Abijaodi (Diretor de Desenvolvimento Industrial e Economia da CNI).

Balança Comercial

A balança comercial brasileira registrou superávit de U$ 50,995 bilhões em 2020. O valor é superior ao saldo de 2019, quando a balança teve superávit de US$ 48,036 bilhões. Em todo o ano de 2020, houve um aumento de 6% na exportação de produtos agropecuários. Por outro lado, as vendas da indústria extrativa caíram 11,3%, e as exportações de produtos da indústria de transformação diminuíram 2,7%. Quanto às importações, houve queda na compra de produtos de todos os setores.

Defesa Comercial

Com a crise gerada pela pandemia, o número de medidas protecionistas e práticas desleais no mercado internacional aumentaram. Com isso, o Brasil precisa de fortes instrumentos de defesa comercial para combater práticas desleais como o dumping e o uso de subsídios. Infelizmente, dados mostram que, enquanto o mundo tem se defendido cada vez mais, o Brasil tem enfraquecido unilateralmente seu sistema de defesa comercial ao longo dos anos. Segundo levantamento da CNI quanto às medidas antidumping aplicadas na última década, o mundo aumentou em média 25%, enquanto o Brasil as reduziu em 54%. Em números - Mundo: de 143 para 178 medidas antidumping / Brasil: de 21 para 10, no mesmo período. Considerando apenas os últimos 5 anos, as medidas antidumping em vigor no Brasil caíram 10% - de 164 para 147. E as medidas novas (originais) aplicadas por ano caíram 100% - de 17 em 2016 para ZERO em 2020.

Abertura Comercial

A ampliação da integração do Brasil no mercado global deve ser feita por meio  de acordos comerciais, onde o país negocia contrapartidas, como redução de tarifas de importação por redução de barreiras não-tarifárias e períodos de transição que são essenciais para que as empresas façam os ajustes necessários para concorrer em um mercado mais competitivo. Além disso, a abertura comercial deve ocorrer de forma bilateral. No momento, a indústria espera a assinatura e internalização do acordo Mercosul-União Europeia. E quanto à relação com os Estados Unidos, o setor privado tem grande expectativa para o início das negociações dos acordos para evitar a dupla tributação e de investimentos, já pavimentando o caminho para as negociações de um acordo de livre comércio.

Brasil – China

A China tende a crescer em relevância para a indústria brasileira, mas é preciso equacionar o descompasso na balança comercial: enquanto exportamos majoritariamente produtos básicos, importamos quase exclusivamente produtos industrializados. E ainda, o país asiático levantou bandeiras que prejudicam as exportações de produtos que vão desde o frango, café e suco de laranja, até as rochas e comida para pets. A indústria precisa aumentar a competitividade no mercado internacional para a retomada do crescimento do Brasil.