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Trump demite John Bolton, o terceiro assessor de Segurança Nacional de seu Governo

10/09/2019
Donald Trump destituiu nesta terça-feira o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, um falcão da era de George Bush filho. O presidente americano anunciou no Twitter o fim de uma peça-chave de sua Administração. Trata-se do terceiro conselheiro de Segurança Nacional destituído por Trump, que em sua mensagem na rede social sustentou que “discordava profundamente de muitas de suas propostas, assim como outros membros da Administração”. “Agradeço muito ao John por seu serviço”, afirmou o presidente, que prometeu anunciar o sucessor na próxima semana.   Bolton refutou a afirmação de seu chefe de que tinha sido despedido, esclarecendo que lhe ofereceu sua demissão na noite da segunda-feira, ao que Trump respondeu, segundo o agora ex-conselheiro: “Conversemos amanhã”. Bolton deveria comparecer esta tarde diante da imprensa na Casa Branca ao lado do secretário de Estado, Mike Pompeo, e do secretário do Tesouro, Steven Mnuchin. O anúncio de Trump pelo Twitter foi feito menos de duas horas antes dessa entrevista coletiva.  

Em breves declarações a jornalistas, a porta-voz Stephanie Grisham assinalou que o tuíte “dizia tudo”. “Ele não gostava de muitas de suas políticas. Não estavam de acordo”, disse ela.

 

As desavenças entre Trump e Bolton, um dos nomes mais significativos da fracassada invasão do Iraque por George W. Bush, e partidário de uma política externa dura, ficaram evidentes nos últimos meses, principalmente quanto ao Irã e à Coreia do Norte, mas também em relação ao Afeganistão. Bolton defendia uma ação militar contra a Coreia do Norte e o fim do acordo com o Irã. Ele também se opunha ao encontro que Trump pretendia ter com representantes dos talibãs em Camp David, que foi cancelado no último momento e poderia ter sido a gota d’água em suas divergências com o presidente.

 

Também eram visíveis suas diferenças com Pompeo, a quem acusava em privado, segundo a imprensa americana, de gastar muito tempo com sua própria agenda e suas ambições políticas. O belicista Bolton tinha declarado recentemente que não queria aparecer na televisão para defender algumas das posições da Administração, particularmente as referentes à Rússia e ao Afeganistão.

 

Antes de Bolton, ocuparam o posto, desde janeiro de 2017, Michael Flynn e Herbert McMaster. No caso de Flynn, sua demissão ocorreu depois que a imprensa revelou que ele manteve contatos com o Kremlin e que mentiu sobre isso para altos funcionários do Governo. Já a saída do general McMaster, em março de 2018, ocorreu em meio de uma crise de Governo que culminou com a mudança radical da Administração Trump.

 

Diferentes fontes citadas por veículos de comunicação assinalaram que, sob Bolton, o Conselho de Segurança Nacional se transformou em uma entidade separada dentro da Casa Branca, e que Bolton atuava de maneira separada do restante da Administração, sem ir às reuniões e promovendo suas próprias iniciativas. Uma fonte da Casa Branca comentou à rede americana CBS News que Bolton tinha “suas próprias prioridades”: “Ele não perguntava ao presidente quais eram suas prioridades. Eram as prioridades de Bolton.”

 

Bolton foi umdas vozes mais críticas contra Nicolás Maduro. O agora ex-conselheiro de Segurança Nacional foi considerado um homem-chave, juntamente com Pompeo, nos esforços do Governo de Trump para derrubar a Maduro. No entanto, o presidente americano também o criticou pelo fracasso de sua estratégia em relação à Venezuela.

 
Bolton foi o primeiro integrante do Governo Trump a se aproximar do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Logo após a vitória do ultradireitista, Bolton o visitou em sua casa no Rio de Janeiro, em novembro de 2018 —na ocasião, ele prestou continência ao então assessor. Mais recentemente, em setembro deste ano, Bolton se reuniu com o filho do mandatário brasileiro, Eduardo Bolsonaro, que fez uma visita relâmpago à Casa Branca com o chanceler Ernesto Araújo.