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Áustria vai às urnas quatro meses após escândalo derrubar governo

29/09/2019

Eleitores austríacos vão às urnas, neste domingo (29), para eleger um novo Parlamento quatro meses depois que um escândalo de corrupção derrubou o governo de coalizão do agora ex-chanceler Sebastian Kurz. A sigla de Kurz, o Partido Popular da Áustria, era coligado com o Partido da Liberdade da Áustria, ambos de direita.

Segundo pesquisas eleitorais, a expectativa é de que Kurz, de 33 anos, retorne ao poder. Eleitores a partir de 16 anos poderão votar no pleito.

Desde junho, a Áustria está sendo governada por uma administração interina, não partidária, depois que um vídeo foi divulgado em que o líder de longa data do Partido da Liberdade da Áustria, Heinz-Christian Strache, que também era vice-chanceler, prometia contratos governamentais a suposto investidor russo próximo de Vladimir Putin.

Strache renunciou ao cargo, e, logo depois, Kurz pediu ao presidente austríaco que convocasse novas eleições "o mais rápido possível".

Desde que foi eleita, há dois anos, a coalizão entre o Partido Popular e o Partido da Liberdade foi marcada por polêmicas. Em fevereiro do ano passado, veio a público que uma fraternidade estudantil ligada ao Partido da Liberdade usava um livro de canções com letras que zombavam de vítimas do Holocausto e celebravam atrocidades nazistas.

Em abril de 2018, o prefeito adjunto da cidade natal de Hitler, Christian Schilcher, também do Partido da Liberdade, escreveu um poema em que comparava imigrantes a ratos. Ele renunciou ao cargo.

Em julho, outro político do Liberdade, Gottfried Waldhäusl, colocou crianças refugiadas em um abrigo cercado de arames farpados. Em novembro, Waldhäusl propôs exigir que pessoas que comprassem carne kosher registrassem seus nomes primeiro. Alimentos kosher são aqueles preparados segundo costumes judaicos.

Cenários possíveis

Se as pesquisas de opinião acertarem e Kurz voltar ao cargo, o chanceler terá que escolher se seu Partido Popular, conservador, formará uma nova coalizão com um Partido da Liberdade - ou se vai se unir aos Social-Democratas, de centro-esquerda.  

Os Social-Democratas, que lideraram muitas das coalizões de governo da Áustria após a Segunda Guerra Mundial, não conseguiram ganhar tração com o colapso do governo, sob a líder Pamela Rendi-Wagner.

Em 2017, o Partido Popular venceu as eleições com 31,5% dos votos; os Social-Democratas ficaram com 26,9% e o Partido da Liberdade, com 26%.

A única alternativa realista a um governo liderado por Kurz seria uma aliança de três vias entre os Social-Democratas, os Verdes e os Neos, pró-negócios.

O novo líder do Partido da Liberdade, Norbert Hofer, tentou reunir partidários alimentando temores sobre a imigração e o Islã. Nos últimos dias da campanha, ele também criticou ativistas climáticos que realizaram manifestações em massa em cidades do mundo todo, incluindo a Áustria, exigindo ações mais rápidas contra as mudanças climáticas.

As primeiras bocas de urna devem ser divulgadas após o fim da votação (17h do horário local; meio-dia de Brasília).