O presidente da Rússia, Vladimir Putin, adiou nesta quarta-feira uma votação nacional de mudanças constitucionais que lhe permitiriam se preservar no poder, dizendo que a saúde e a segurança dos cidadãos são sua maior prioridade agora que a pandemia global do novo coronavírus está se agravando.
As mudanças, já aprovadas pelo Parlamento e pelo Tribunal Constitucional russos, zerariam os mandatos presidenciais de Putin, habilitando-o a servir mais dois mandatos consecutivos de seis anos até 2036.
O adiamento vem na esteira de pedidos de críticos pela postergação da votação, que estava planejada para 22 de abril. Um ativista de oposição, Andrei Pivovarov, comparou a ideia de ir adiante em meio ao coronavírus com "dar uma festa durante uma praga".
"Vemos o quão severamente a epidemia de coronavírus está se desenvolvendo no mundo. Em muitos países, o número de casos está continuando a crescer, toda a economia mundial está ameaçada", disse Putin em um pronunciamento televisionado à nação.
"A prioridade absoluta para nós é a saúde, a vida e a segurança do povo. Portanto, acredito que a votação deveria ser adiada para uma data posterior."
Putin, que domina o panorama político russo como presidente ou primeiro-ministro há duas décadas, falou no momento em que a Rússia registrou seu maior aumento de casos diário, mas a contagem oficial de 658 continua muito abaixo daquela de muitos países europeus.
Na terça-feira, porém, o prefeito de Moscou disse a Putin que a verdadeira escala do problema na capital russa ultrapassa muito as cifras oficiais, e no início deste mês a Reuters noticiou que um aumento acentuado de casos de pneumonia relatado em Moscou está aumentando as dúvidas sobre a precisão dos dados oficiais.