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Grupo dos 20 países mais ricos diz que vai injetar US$ 5 trilhões na economia para superar efeitos coronavírus
A resposta à pandemia precisa ser transparente, robusta, de grande escala e coordenada, segundo a declaração.
Eles se propuseram a compartilhar dados epidemiológicos e de saúde, reforçar os sistemas públicos de saúde e aumentar a capacidade de produção de materiais médicos. No documento, há uma lista das prioridades
- Proteger vidas
- Garantir os empregos e as rendas das pessoas
- Restaurar a confiança, preservar a estabilidade financeira, reavivar o crescimento
- Minimizar os rompimentos no comércio
- Dar ajuda aos países que precisam de assistência
- Coordenar medidas de saúde pública e financeiras
Também disseram que vão aumentar o financiamento para pesquisa que encontre uma vacina e fortaleça a cooperação científica internacional. Eles pediram à Organização Mundial da Saúde (OMS) para fazer uma avaliação das lacunas na preparação para pandemias nos próximos meses.
FMI no encontro
O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu aos líderes do G20 para que apoiem um reforço à capacidade de financiamento da instituição. O propósito é reforçar a resposta à pandemia, que deve causar uma recessão global em 2020.
A diretora do FMI, Kristalina Georgieva, disse que a profundidade da contração e a rapidez da recuperação depende na contenção da pandemia, e na força e coordenação das políticas monetárias e fiscais.
Ela disse que é preciso apoiar os países pobres, que serão particularmente atingidos pela crise.
Presidência árabe
A reunião do Grupo das 20 nações foi presidida pelo rei Salman da Arábia Saudita. O reino preside o grupo neste ano.
O rei saudita abriu a reunião falando sobre comércio. Ele pediu uma resposta "eficaz e coordenada" à pandemia e disse que é preciso enviar um sinal de confiança, o que significa retomar o fluxo normal de bens e serviços assim que possível.
Xi Jinping, da China, fez um pedido para diminuir as taxas aduaneiras para atingir esse propósito.
Salman disse que a responsabilidade dos países mais desenvolvidos é ajudar os mais pobres para superar a crise.
Convocação para coordenar ações
A reunião extraordinária foi convocada para que os esforços globais para combater a pandemia e suas implicações econômicas sejam coordenados.
A Arábia Saudita também foi criticada por abalar os mercados de petróleo ao reduzir os preços para ganhar participação de mercado, depois que a Rússia, outra grande produtora de petróleo do G20, se recusou a estender um acordo de corte de produção que sustentava os preços do petróleo.
Os EUA já pediram à Arábia Saudita que repensasse sua estratégia. Em uma ligação esta semana com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, enfatizou que a Arábia Saudita, como líder do G20 e importante líder de energia, “tem uma oportunidade real de se aproximar da ocasião e tranquilizar a energia global e mercados financeiros” neste momento de incerteza econômica.
O número global de mortos pelo novo coronavírus ultrapassou os 21 mil, e os infectados são mais de 472 mil, segundo a Universidade Johns Hopkins.
Esta semana houve discussões entre ministros das Relações Exteriores do Grupo das 7 principais democracias industrializadas sobre a possibilidade de classificar a China como a fonte do coronavírus. Os ministros não concordaram com um esforço dos EUA para identificar o coronavírus como o "vírus Wuhan", em referência à cidade na China onde ele apareceu pela primeira vez. Como resultado, os ministros das Relações Exteriores optaram por não divulgar uma declaração do grupo.
O presidente chinês Xi Jinping e o presidente russo Vladimir Putin estão entre os chefes de Estado que participaram da cúpula. Angela Merkel, das Alemanha, esteve presente de seu apartamento em Berlim, onde está em quarentena depois de um médico que lhe atendeu teve um teste para a Covid-19 positivo.
A cúpula virtual também incluiu líderes da Organização Mundial da Saúde, Nações Unidas, Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, Organização Internacional do Trabalho e outros.
Representantes da Espanha, Jordânia, Cingapura e Suíça também participaram da convocação, além de presidentes de órgãos regionais como a União Africana, a Associação das Nações do Sudeste Asiático e o Conselho de Cooperação do Golfo.
A Organização Internacional do Trabalho diz que quase 40% da população mundial não têm seguro de saúde ou acesso a serviços nacionais de saúde, e 55% - ou 4 bilhões de pessoas - não se beneficiam de nenhuma forma de proteção social.
A atual crise da saúde deixa claro que não foram feitos progressos suficientes pelos governos para expandir o acesso a serviços de saúde, benefícios de doença e proteção ao desemprego desde a crise financeira de 2008.
Pedidos anteriores ao encontro
O Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial emitiram um apelo aos países do G20 antes da reunião de quinta-feira, alertando sobre graves consequências econômicas e sociais para os países em desenvolvimento –onde vive um quarto da população mundial e maioria das pessoas mais pobres.
Os credores pediram a suspensão dos pagamentos da dívida desses países e pediram aos líderes do G20 que encarregassem o Banco Mundial e o FMI de fazer as avaliações necessárias sobre quais países têm situações de dívida insustentáveis e requisitos de financiamento imediato.
Em um comunicado conjunto as duas instituições financeiras afirmaram o seguinte: “É imperativo nesse momento ter um senso global de alívio para países em desenvolvimento assim como um sinal forte para os mercados financeiros”.
Kristalina Georgieva, a diretora do FMI, disse que os credores estão prontos para empregar US$ 1 trilhão (R$ 5,05 trilhões). Cerca de 80 países já pediram ajuda ao FMI.
O governo da Etiópia disse aos ministros das Finanças e chefes do Banco Central do G20, em uma ligação antes da cúpula de quinta-feira, que a África precisa de um pacote de financiamento de emergência de US$ 150 bilhões (R$ 755 bilhões) devido ao impacto do vírus.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu aos líderes do G20 que adotem um plano de guerra, incluindo um pacote de estímulos "na casa dos trilhões de dólares" para empresas, trabalhadores e famílias de países em desenvolvimento que tentam combater a pandemia de coronavírus.