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Boca de urna das eleições em Israel aponta vantagem de Netanyahu, mas cenário continua indefinido

Impasse no país pode continuar se nenhum grupo conseguir formar maioria necessária para o Parlamento

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM G1 23/03/2021
Boca de urna das eleições em Israel aponta vantagem de Netanyahu, mas cenário continua indefinido
Fotos: Jack Guez/Emmanuel Dunand/AFP/Ronen Zvulun/Pool/Reuters/ Corinna Kern/Reuters/

Pesquisas de boca de urna apontam que não há um vencedor claro nas eleições gerais de Israel, organizadas nesta terça-feira (23). Embora o partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apareça à frente, nenhuma sigla terá conseguido sozinha, se os números se confirmarem, a maioria necessária para controlar o Knesset — nome do Parlamento israelense.

De acordo com a média das pesquisas publicadas pelas três principais emissoras de TV israelense, divulgada pelo site Haaretz, o cenário é o seguinte:

  • Likud, partido do atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, deve ficar com 32 das 120 cadeiras do Knesset. Apesar de manter o maior número, ele precisaria de alianças para obter 61 parlamentares e, assim, ficar no poder.
  • Yesh Atid, de Yair Lapid — um dos maiores opositores de Netanyahu —, deve chegar a 17 assentos no Parlamento. Por isso, teria de conseguir uma ampla coalizão entre opositores do atual governo.
Como o impasse já era previsto, os dois principais candidatos vinham se articulando: enquanto Netanyahu conta com seus aliados naturais, os partidos ultraortodoxos e de direita, ele também corteja eleitores árabes-israelenses do pequeno partido separatista Lista Árabe Unida e um apoio ainda incerto do partido de direita radical Yamina.

Já Yair Lapid planeja uma coalizão com os partidos de esquerda, centro e da direita decepcionada com o primeiro-ministro. Em sua campanha, Lapid adotou um tom moderado, focando em questões de democracia, economia e gestão da pandemia pelo governo.

O fiel da balança pode ser o partido direitista Yamina, de Naftali Bennett. A previsão é de que sigla consiga sete assentos — importantes em um possível desempate. No domingo, o líder da agremiação assegurou que não se uniria a Lapid. Porém, ele também não assumiu compromisso com Netanyahu.

Eleições entre vacinas e processos judiciais

As eleições foram convocadas em dezembro, após o Knesset ser dissolvido automaticamente ao não chegar a um acordo para a aprovação do orçamento do país. É a quarta vez que Israel passa por votação geral desde 2019, diante de um impasse na composição política.

Um ano depois do início da pandemia, Israel parece a caminho de superar a Covid-19 graças a uma campanha de imunização considerada exemplo mundial, que já permitiu administrar as duas doses necessárias em 49% da população.

Mas o último ano também foi marcado pelo início de dois processos contra o primeiro-ministro por corrupção e abuso de poder, o que gerou uma série de protestos mesmo em meio aos três lockdown que o país atravessou. No sábado, por exemplo, milhares de pessoas se reuniram em frente à casa de Netanyahu, em Jerusalém, para pedir sua saída do poder.