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Rotas alternativas ao bloqueio do canal de Suez não são viáveis para todos e oferecem risco de ataques
Operação para resgatar o ‘Ever Given’ será reforçada no domingo enquanto 248 navios estão engarrafados. Volta pelo Cabo da Boa Esperança serve apenas para grandes navios e é alvo de piratas
Ameaça dos piratas
Por enquanto, o objetivo da operação de resgate liderada pela Autoridade do Canal de Suez passa por dragar para eliminar a areia e o lodo da área da proa do Ever Given, tarefa para a qual foi enviado ao local três dragas, segundo um comunicado do porta-voz da empresa Bernhard Schulte Shipmanagement, encarregada das questões técnicas do navio.
Também estão tentando reduzir os níveis de água no espaço vazio de proa do navio e na sala de hélice de proa. Apesar disso, todas as tentativas de fazer o navio voltar a flutuar fracassaram, de acordo com o mesmo comunicado. A empresa afirma que a equipe se prepara para receber outros dois rebocadores no domingo, o que sugere que a operação aumentará. De acordo com a Lloyd’s List, já há 248 barcos na fila esperando.
A opção de dar a volta pelo Cabo da Boa Esperança, entretanto, não parece viável para todos os navios, somente aos grandes petroleiros e grandes porta-contêineres que têm uma capacidade de combustível suficiente para fazê-lo, como diz Soledad Álvarez, professora e especialista em negócio marítimo. Por outro lado, os barcos menores, que representam “um número importante”, não poderão fazê-lo ou terão que parar em escalas intermediárias para reabastecer para consegui-lo, acrescenta Álvarez.
Outro aspecto que algumas empresas navais devem contemplar no caso de se desviarem pela rota africana é a ameaça que a pirataria representa para alguns navios, especialmente os barcos que precisam parar para reabastecer. Em 2020, os incidentes de pirataria no mundo, 195, aumentaram em relação aos 162 registrados em 2019, segundo um relatório do International Maritime Bureau, que atribui o aumento principalmente ao golfo da Guiné, onde se concentraram mais de 95% do número de tripulantes sequestrados, assim como o estreito de Singapura.
Apesar disso, a Marinha dos Estados Unidos afirma que sua comunicação com empresas navais sobre as preocupações no âmbito marítimo da região se manteve constante e nega que tenha ocorrido um aumento nos últimos dias. A comandante Rebecca Rebarich, porta-voz da 5ª Frota dos Estados Unidos, afirmou ao EL PAÍS que seu diálogo com o transporte marítimo comercial sobre ameaças como a pirataria foi “contínuo nos últimos dias”. Porta-vozes da Maersk e da Hapag-Lloyd também disseram que não é uma grande preocupação.