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Papa Francisco passa por cirurgia no intestino; entenda como funciona o procedimento

Operação já estava agendada para este domingo (4) e busca curar estenose diverticular do cólon. Especialista explica que pontífice deve ter maior qualidade de vida depois da intervenção

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM G1/COM AFP 04/07/2021

Papa Francisco foi internado em um hospital de Roma, neste domingo (4), para uma cirurgia no intestino grosso. Segundo o Vaticano, o procedimento foi necessário por causa de uma "estenose diverticular do cólon".

Abaixo, entenda:

  • o que causa a doença,
  • quais os sintomas que o pontífice deve ter apresentado;
  • qual o grau de complexidade da operação e como ela é feita;
  • de que modo a recuperação poderá afetar a rotina do Papa.
  • O que é estenose diverticular do cólon?

    Para compreender o que é "estenose diverticular do cólon", é preciso saber o significado de "divertículo".

    Imagine que o intestino seja um cano. Na terceira idade, é comum que apareçam "saquinhos" na parede desse tubo — eles surgem principalmente pelo enfraquecimento natural dos tecidos. Essas tais "bolsas" são os divertículos.

    "Depois dos 60 anos, praticamente 100% dos idosos têm esse problema, em maior ou menor grau. Nem todos apresentarão sintomas: alguns têm dor, outros desenvolvem complicações maiores", explica Juliano Barra, cirurgião do aparelho digestivo no Hospital Sírio-Libanês em Brasília (DF).

    "Quando há inflamação, chamamos de diverticulite, que é um quadro agudo a ser tratado com remédios via oral ou endovenosa. Caso chegue a ter perfuração ou sangramento do intestino, o paciente precisará de cirurgia com urgência."

    O médico explica que essas inflamações deixam uma cicatriz no intestino, fazendo com que a parede dele fique mais dura e grossa. "Se isso se repete, uma vez atrás da outra, o 'cano' que tinha 5 centímetros de calibre passa a ter 1 ou 2 centímetros."

    É essa estreitamento do órgão que recebe o nome de "estenose".

    Quais os sintomas?

    Quando o paciente tem estenose, o intestino fica mais estreito, e as fezes enfrentam dificuldade para passar pelo "tubo".

    Segundo o Vaticano, a operação do Papa Francisco já estava agendada. Ou seja: provavelmente, não é um quadro agudo.

    "Ele já devia estar sofrendo com dores há tempos. Por isso, a equipe médica optou pela cirurgia", afirma o especialista do Sírio-Libanês.

    Como funciona a operação?

    Usando mais uma analogia: se uma mangueira estiver entupida, será preciso cortar o pedaço do tubo que está mais estreito, tirá-lo e juntar as duas extremidades que ficaram soltas.

    A cirurgia para tratar a estenose diverticular do cólon funciona desse mesmo jeito.

    Qual o grau de complexidade da operação?

    De acordo com Barra, o procedimento pode ser considerado "de média complexidade". É difícil estimar a duração dele, mas deve levar de 2 a 3 horas.

    "Como o Papa é um paciente idoso, há um certo grau de risco. Mas é uma cirurgia que faz parte do dia a dia de qualquer hospital. Não é nada de outro mundo", afirma o médico.

    Como deve ser a recuperação?

    "Em geral, não é necessário colocar a bolsinha [de colostomia, que desvia o trânsito intestinal para fora do corpo do paciente]. Ela só é usada quando a emenda feita na cirurgia não cicatriza corretamente", afirma Juliano Barra.

    Segundo o médico, o Papa Francisco deve ficar no hospital de 5 a 7 dias.

    De que modo a cirurgia poderá afetar a rotina do Papa Francisco?

    Três horas antes do comunicado do Vaticano, neste domingo, o pontífice chegou a participar da tradicional cerimônia religiosa na Praça de São Pedro. Em seu discurso, ele informou que viajará em setembro para a Hungria e a Eslováquia.

    Mas será que, passando por uma cirurgia, a agenda será mesmo mantida?

    Segundo Barra, tudo indica que sim. "Ele fará uma viagem ainda mais tranquila, com maior qualidade de vida e sem dor."