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Acordo de minerais: EUA e Ucrânia assinam documentos
Tesouro americano também anunciou fundo de investimento conjunto entre países

Os Estados Unidos e a Ucrânia assinaram um “acordo de parceria econômica” que dará a Washington acesso aos minerais de terras raras de Kiev em troca do estabelecimento de um fundo de investimento na Ucrânia.
Os EUA e a Ucrânia vêm tentando fechar o acordo sobre recursos naturais desde que o presidente americano, Donald Trump, retornou à Casa Branca em janeiro.
O acordo surge após semanas de intensas negociações que, por vezes, temporariamente prejudicaram a ajuda de Washington à Ucrânia.
O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou nesta quarta-feira (30) que ambos os países assinaram o acordo. “Como o presidente disse, os Estados Unidos estão comprometidos em ajudar a facilitar o fim desta guerra cruel e sem sentido”, disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent, em um comunicado.
“Este acordo sinaliza claramente à Rússia que o governo Trump está comprometido com um processo de paz centrado em uma Ucrânia livre, soberana e próspera a longo prazo”, afirmou Bessant.
“E, para deixar claro, nenhum Estado ou pessoa que financiou ou forneceu a máquina de guerra russa poderá se beneficiar da reconstrução da Ucrânia”, acrescentou.
A ministra da Economia da Ucrânia, Yulia Svyrydenko, estava em Washington para assinar em nome do governo ucraniano.
Entre os termos do acordo, está a permanência da Ucrânia na “propriedade e controle totais”, conforme publicado por Svyrydenko no X nesta quarta-feira.
“Todos os recursos em nosso território e em águas territoriais pertencem à Ucrânia”, disse ela, acrescentando: “É o Estado ucraniano que determina o que e onde extrair. O subsolo permanece sob propriedade ucraniana — isso está claramente estabelecido no Acordo.”
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deveria fechar o acordo durante sua viagem a Washington em fevereiro — mas o documento não foi assinado quando a visita foi interrompida após a controversa reunião no Salão Oval.
Pontos de discórdia anteriores
Entre os principais pontos de discórdia das negociações estava a questão das garantias de segurança — e se os EUA as forneceriam como parte do acordo. Trump inicialmente recusou, afirmando que queria que a Ucrânia assinasse o acordo primeiro e falasse sobre as garantias depois.
Na época, Zelensky descreveu o rascunho do acordo como uma forma de pedir que ele “vendesse” seu país. Desde então, autoridades ucranianas indicaram acreditar que o investimento americano e a presença de empresas americanas na Ucrânia aumentarão o interesse dos EUA pela segurança do país.
Logo após a visita frustrada à Casa Branca, Trump ordenou a suspensão da ajuda americana à Ucrânia. Embora a assistência tenha sido restaurada, o episódio serviu como um grande alerta para os aliados europeus da Ucrânia, que se comprometeram a intensificar a ajuda ao país.
Trump tem amplamente anunciado o acordo como uma “retribuição” da Ucrânia pela ajuda que os EUA têm fornecido à Ucrânia desde que a Rússia lançou sua invasão em larga escala ao país em fevereiro de 2022.
Os detalhes do documento não foram divulgados. No entanto, Shmyhal afirmou no domingo (27) que o acordo “não incluirá a assistência fornecida antes de sua assinatura”.
Em discurso nesta quarta-feira, Shmyhal descreveu o acordo como “estratégico para o estabelecimento de um fundo de parceria de investimento”.
“É verdadeiramente um acordo internacional igualitário e benéfico sobre investimentos conjuntos no desenvolvimento e recuperação da Ucrânia entre os governos dos EUA e da Ucrânia”, acrescentou.
Segundo o acordo, os EUA e a Ucrânia criarão um fundo de investimento conjunto na Ucrânia com contribuições iguais de ambos e distribuição igualitária das cotas de gestão entre eles, disse Shmyhal.
“O lado americano também pode contar com a nova, enfatizo, nova ajuda militar à Ucrânia como uma contribuição para este fundo”, afirmou Shmyhal.
Riquezas minerais

Os aliados de Kiev há muito tempo observam as riquezas minerais do país. A Ucrânia possui depósitos de 22 dos 50 materiais classificados como críticos pelo Serviço Geológico dos EUA.
Isso inclui minerais de terras raras e outros materiais essenciais para a produção de eletrônicos, tecnologias de energia limpa e alguns sistemas de armas.
A produção global de minerais de terras raras e outros materiais estrategicamente importantes tem sido dominada pela China há muito tempo, deixando os países ocidentais desesperados por outras fontes alternativas – incluindo a Ucrânia.
Um memorando de entendimento preparado sob o governo Biden no ano passado afirmou que os EUA promoveriam oportunidades de investimento em projetos de mineração da Ucrânia para empresas americanas em troca de Kiev criar incentivos econômicos e implementar boas práticas comerciais e ambientais.
A Ucrânia já possui um acordo semelhante com a União Europeia, assinado em 2021.