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Suprema Corte da Argentina determina prisão de Cristina Kirchner; condenação é política, diz ex-presidente

Juízes rejeitaram recurso para anular condenação com pena de seis anos, nesta terça-feira (10). Por ter mais de 70 anos, ex-presidente pode pedir prisão domiciliar

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM G1 10/06/2025
Suprema Corte da Argentina determina prisão de Cristina Kirchner; condenação é política, diz ex-presidente
Cristina Fernández de Kirchner se levanta para o hino nacional durante uma masterclass como parte da inauguração da escola do Partido Justicialista, no 20º aniversário da vitória de Néstor Kirchner | Ignacio Amiconi/Getty Images

A Suprema Corte de Justiça da Argentina determinou nesta terça-feira (10) a prisão da ex-presidente Cristina Kirchner. Os juízes rejeitaram um recurso que tentava anular uma condenação a seis anos de prisão por corrupção.

Com a decisão, Cristina tem 5 dias úteis para se apresentar voluntariamente para ser presa e ficará inelegível pelo resto da vida. Por ter mais de 70 anos, ela pode requerer o cumprimento da pena em regime domiciliar.

Cristina recebeu o resultado da decisão na sede do Partido Justicialista, em Buenos Aires. Após o anúncio da Suprema Corte, a ex-presidente esquerdista fez um discurso para apoiadores que se aglomeraram em frente ao edifício.

Durante sua fala, Cristina afirmou que é alvo de uma perseguição política e disse que a sentença já estava escrita. Ela também chamou os juízes que confirmaram sua condenação de "fantoches".

"Esta Argentina em que vivemos hoje nunca deixa de nos surpreender", afirmou. "Não se confundam. [Os juízes] são três fantoches que respondem a líderes naturais muito acima deles", disse.

Cristina também criticou o governo de Javier Milei e afirmou que o atual presidente está fazendo um desmonte em setores como economia e educação. Segundo ela, sua própria prisão não mudará a situação dos argentinos, mas será seu "testemunho de dignidade política e histórica".

A condenação da ex-presidente já havia sido confirmada por duas instâncias da Justiça argentina. Cristina, no entanto, aguardava em liberdade a análise do recurso apresentado à Suprema Corte.

Na segunda-feira (9), diante da possibilidade de prisão, a ex-presidente convocou apoiadores a se mobilizarem e irem às ruas contra a decisão. Segundo o jornal Clarín, há bloqueios em rodovias que dão acesso à cidade de Buenos Aires.

Na semana passada, Cristina havia anunciado a intenção de disputar as eleições legislativas de setembro, tentando uma vaga como deputada pela província de Buenos Aires. Com a rejeição do recurso, ela é considerada inelegível e não poderá concorrer.

Cristina Kirchner governou a Argentina por dois mandatos, entre 2007 e 2015. Mais tarde, foi vice-presidente durante o governo de Alberto Fernández, de 2019 a 2023.

Por ter mais de 70 anos, ela ainda pode solicitar a conversão da pena para prisão domiciliar.

O caso

Cristina Kirchner dá entrevista após votar em 22 de outubro de 2023 — Foto: Horacio Cordoba/Reuters

Cristina Kirchner dá entrevista após votar em 22 de outubro de 2023 — Foto: Horacio Cordoba/Reuters

Cristina Kirchner foi condenada por favorecer o dono de uma empreiteira da província de Santa Cruz — onde os Kirchner iniciaram a carreira política. O empresário venceu 51 licitações para obras públicas, sendo que muitas foram superfaturas e sequer concluídas, segundo a denúncia.

Ela foi acusada de chefiar uma organização criminosa e de conduzir uma administração fraudulenta entre 2003 e 2015, período que inclui o governo de Néstor Kirchner e os dois mandatos da própria Cristina.

Segundo a acusação, o esquema teria causado um prejuízo de US$ 1 bilhão aos cofres públicos.

Cristina negou as acusações e disse que o tribunal já tinha a sentença pronta desde o início do processo. Na época, afirmou que a Justiça agia como um “pelotão de fuzilamento”.

Justiça argentina confirma condenação de ex-presidente Cristina Kirchner