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Avião cai na Índia e mata 204 pessoas: o que se sabe
Autoridades confirmaram que 230 passageiros e 12 membros da tripulação estavam a bordo

Um avião com 242 pessoas caiu num alojamento de médicos perto do aeroporto de Ahmedabad, no oeste da Índia.
A aeronave seguia para o aeroporto de Gatwick em Londres, no Reino Unido.
Autoridades confirmaram que 230 passageiros e 12 membros da tripulação estavam a bordo.
O chefe de polícia de Ahmedabad confirmou à BBC que até o momento 204 corpos foram retirados do local do acidente.
Ainda não se sabe se todas essas vítimas estavam no avião, ou se algumas se encontravam no alojamento onde a aeronave caiu.
Ao menos 50 estudantes de medicina que estavam no alojamento atingido foram encaminhadas para hospitais, segundo informações da Federação da Associação Médica da Índia (FAIMA, na sigla em inglês).
Entre os passageiros do avião, havia 169 indianos, 53 britânicos, sete portugueses e um canadense.
Horas depois do acidente, um chefe de polícia local disse que um passageiro sobreviveu. A mídia indiana informou que ele é britânico.

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O avião decolou do aeroporto às 13h38 no horário local, 5h08 de Brasília.
Foi emitido um pedido de socorro ao controle de tráfego aéreo, mas a aeronave não enviou novas comunicações na sequência, segundo as informações disponíveis até o momento.
Após a decolagem, o avião caiu fora do perímetro do aeroporto.


Um oficial sênior da polícia em Ahmedabad afirma que policiais, bombeiros e outros trabalhadores civis chegaram ao local do acidente em poucos minutos. As operações de resgate ainda estão em andamento.
Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram fumaça preta saindo do avião. Aparentemente, a aeronave caiu em uma área residencial.
O Flight Radar, um site de rastreamento de voos, informou no X que acompanha "relatos de um acidente com o voo AI171 da Air India".
"Recebemos o último sinal da aeronave poucos segundos após a decolagem", diz o texto.
As primeiras imagens do local do acidente mostram uma coluna de fumaça preta e densa.

A Federação Indiana de Associações Médicas afirma que cerca de 50 a 60 estudantes de Medicina foram levados ao hospital após o voo da Air India colidir com um alojamento.
A associação afirma que cinco estudantes estão desaparecidos e pelo menos dois estão na unidade de terapia intensiva (UTI).
Familiares de alguns médicos também estão desaparecidos.
Darshna Vaghela, uma representante política local, disse aos repórteres que os apartamentos de vários médicos foram danificados.
"Eu estava no meu escritório ali perto quando o avião caiu e houve um baque forte", diz ela.
"Resgatamos muitos médicos de seus apartamentos."

Cenas 'chocantes'
A repórter da BBC Roxy Gagdekar foi ao local do acidente e descreveu a cena como "chocante".
"Todos estão correndo agora, e tentam salvar o máximo de vidas possível", disse. "Uma operação de resgate está em andamento no local, bem próximo ao aeroporto. Ambulâncias estão por toda a área. Estradas estão bloqueadas. Equipes de emergência ainda tentam apagar o incêndio."
"Pessoas dizem ter ouvido um som alto e visto fumaça preta. Muitas pessoas começaram a se reunir aqui. Voluntários nas proximidades estão tentando ajudar o máximo possível."
"Os bombeiros iniciaram a operação de resgate. Corpos ainda estão sendo removidos da área", descreve ela.
Começam a aparecer também os primeiros relatos de familiares em busca de informação do lado de fora dos hospitais em Ahmedabad.
Poonam Patel, que está no Hospital Civil de Ahmedabad, contou à agência de notícias ANI que sua cunhada estava no voo para Londres.
"Em menos de uma hora, recebi a notícia de que o avião havia caído. Então, vim para cá", relatou ele.
Já Ramila disse que seu filho tinha acabado de ir para o alojamento dos médicos para fazer uma refeição quando o avião se chocou com o prédio.
Ela conta que ele pulou do segundo andar e sofreu ferimentos, mas está bem.

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O que pode ter causado o acidente
Especialistas em aviação disseram à BBC que a posição das abas localizadas nas asas do avião durante a decolagem pode ter sido um problema.
Um vídeo verificado pela equipe da BBC mostra o avião em queda seguido de uma grande explosão quando ele atinge o solo.
"Quando olho essas imagens", avalia o analista de aviação Geoffrey Thomas, "o trem de pouso ainda está abaixado, mas os flaps (as abas) foram recolhidos."
Isso significa que os flaps estavam alinhados com a asa, o que ele diz ser muito incomum de acontecer após a decolagem.
"O trem de pouso normalmente é recolhido em 10 a 15 segundos, e os flaps são então recolhidos ao longo de um período de 10 a 15 minutos", calcula ele.
Outro especialista, Terry Tozer, entende que é muito difícil dizer com certeza pelo vídeo quais foram as causas do acidente.
"Não parece que os flaps estejam estendidos, e essa seria uma explicação perfeitamente óbvia para uma aeronave não completar a decolagem corretamente."
"Isso indicaria um potencial erro humano, caso os flaps não estivessem ajustados corretamente", complementa Marco Chan, ex-piloto e professor sênior na Buckinghamshire New University, no Reino Unido.
"Mas a resolução do vídeo é muito baixa para confirmar isso", pondera o especialista.

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Reação das autoridades
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, prestou solidariedade aos passageiros e familiares do voo da Air India.
"As cenas que surgem de um avião com destino a Londres, que transportava muitos cidadãos britânicos, são devastadoras", declarou ele.
"Estou atento ao desenrolar da situação e meus pensamentos estão com os passageiros e suas famílias neste momento profundamente angustiante."
O primeiro-Ministro da Índia, Narendra Modi, escreveu no X que "a tragédia em Ahmedabad é de partir o coração".
"Mantenho contato com ministros e autoridades que estão trabalhando para ajudar os afetados", assegurou ele.
O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, disse estar "devastado" e acrescentou que "as autoridades de transportes do Canadá estão em contato próximo com seus colegas".
"Estou recebendo atualizações regulares conforme a resposta a esta tragédia se desenrola", completou ele.
O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, disse em uma publicação no X: "Em meu nome e em nome do governo, gostaria de expressar minhas condolências e profunda solidariedade às famílias das vítimas."

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Em um comunicado publicado no X, o presidente da Air India, Natarajan Chandrasekaran, afirmou: "Nossos pensamentos e mais profundas condolências estão com as famílias e entes queridos de todos os afetados por este evento devastador."
"Neste momento, nosso foco principal é apoiar todas as pessoas afetadas e suas famílias. Estamos fazendo tudo o que podemos para auxiliar as equipes de resposta a emergências no local e fornecer todo o apoio e cuidados necessários às pessoas afetadas."
"Mais atualizações serão compartilhadas à medida que recebermos informações verificadas. Um centro de emergência foi ativado e uma equipe de apoio foi criada para as famílias que buscam informações", detalhou ele.
Primeiro acidente do tipo com esse modelo de avião
O acidente da Air India marca a primeira vez que um Boeing 787 cai dessa forma, destaca o repórter Jonathan Josephs, da BBC News.
Essa aeronave foi lançada há 14 anos e, há apenas seis semanas, a fabricante americana de aviões elogiou o fato de o modelo, também conhecido como Dreamliner, ter ultrapassado a marca de transportar 1 bilhão de passageiros.
Para marcar a ocasião, a empresa afirmou que a frota global de 787, com mais de 1.175 aeronaves, realizou quase 5 milhões de voos, e totalizou mais de 30 milhões de horas de voo.
Para Josephs, o acidente representa um golpe para a empresa, que tem lutado para superar uma série de problemas, incluindo acidentes fatais.
O fato também será mais um teste para o CEO da Boeing, Kelly Ortberg, que está prestes a completar um ano no cargo.
Ele foi contratado para tentar ajudar a companhia a resolver uma série de problemas que levantaram questões sobre o futuro do negócio.
Após o acidente na Índia, a Boeing afirmou estar "em contato com a Air India em relação ao voo 171".
"Nossos pensamentos estão com os passageiros, a tripulação, os socorristas e todos os afetados", diz o comunicado.