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Veja Documentos: Reportagem embasou investigação da Receita e Polícia Federal contra conselheiro afastado do TCE/MT

21/06/2020
Veja Documentos: Reportagem embasou investigação da Receita e Polícia Federal contra conselheiro afastado do TCE/MT
Foto: Cidade onde Antônio Joaquim viveu com os pais no interior de Goias/Página 12
 Uma reportagem investigativa feita pelos Jornais Página 12 e o Mato Grosso, feita em 2015, serviu como base para a abertura de uma investigação na Receita Federal do Brasil conjuntamente com a Polícia Federal contra o conselheiro afastado por corrupção do Tribunal de Contas de Mato Grosso, Antônio Joaquim de Moraes Rodrigues Neto. Em cruzamentos de dados, analistas da Receita fizeram um minucioso ‘pente fino’ na vida pregressa de Joaquim, desde quando ele se elegeu pela primeira vez como Deputado Estadual – até a sua segunda gestão à frente do TCE/MT. Na reportagem – na época – os jornais tiveram acesso a Declaração do Imposto de Renda do conselheiro e a elevação de mais de 15.000.00% em seu patrimônio, o que era incompatível com sua renda. No período em que ele comandou o TCE, Antônio Joaquim adquiriu fazendas, milhares de cabeças de gados, investimentos e imóveis. A investigação da Receita Federal, da PF e do Ministério Público Federal se estendeu para outros conselheiros, Waldir Teis, Sérgio Ricardo de Almeida, José Carlos Novelli e Valter Albano. Os documentos contra o conselheiro nas matérias investigativas foram encaminhadas tanto a Receita quanto a PF e ao MPF, na época.                               Veja a reportagem publicada em 2015                                       MÁGICA DA MULTIPLICAÇÃO      Conselheiro sai da miséria e se torna um dos homens mais ricos de MT Patrimônio de Antônio Joaquim salta de R$ 120 mil para mais de R$ 152 milhões   A invejável inclinação do conselheiro do Tribunal de Contas, Antônio Joaquim de Moraes Rodrigues Neto, para feitos que apenas Jesus Cristo foi capaz de sacramentar, como o episódio do milagre dos peixes, é um assunto inexplicável para os dias atuais. O conselheiro mesmo com elementos inquestionáveis, não faz referência à multiplicação do seu patrimônio a partir de quando entrou na administração pública, desde a década de 80, como estagiário do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), no governo Júlio Campos, até hoje, analisando contas públicas no Tribunal de Contas (TCE). [caption id="attachment_21061" align="alignnone" width="300"] Foto: Arquivo[/caption] Ele e sua esposa, Tânia Izabel Moschini Moraes, que exerce um cargo em comissão no TCE, ganham por mês cerca de R$ 40 mil, sendo R$ 30 mil do conselheiro e R$ 10 mil da esposa. Isso sem descontar a previdência estadual e nem imposto de renda. Mas, como um cidadão que veio da miséria, mas, precisamente do vilarejo de São João da baliza – um município paupérrimo – encravado no interior do estado de Goiás, conseguiu evoluir rapidamente seu patrimônio desde quando veio para Mato Grosso? Mesmo tendo iniciado na administração pública, na década de 80, recebendo apenas um salário mínimo como estagiário do Intermat? O conselheiro tinha em 1996 declarado para a receita federal R$ 120.531,20 um dinheiro até então considerável, pois Antônio Joaquim já tinha exercido o mandato de deputado estadual e secretário de educação de Mato Grosso. Um ano depois, em 1997, ele consegue saltar para R$ 188.429,93 mil mais de 50% de seus rendimentos. Um feito inédito é que só os mágicos e os sortudos conseguem ganhar. [caption id="attachment_21060" align="alignnone" width="260"] Foto: Vista aérea de uma das Fazendas de Antônio Joaquim[/caption] Quase 20 anos depois, o conselheiro salta para uma cifra estratosférica de bens e rendimentos e chega a R$ 152.526.700,00 milhões. Documentos obtidos com exclusividade pelos Jornais Página 12 e O Mato Grosso e com dados cruzados com a ajuda de economistas aponta que o conselheiro conseguiu aumentar o seu patrimônio em mais de 15.000.00%. [caption id="attachment_21059" align="alignnone" width="260"] Foto: Vista aérea de uma das fazendas de Antônio Joaquim, no município de Nossa Senhora do Livramento-MT[/caption] Isso mesmo. A cifra é mais de 15.000.00%. Os bens de Antônio Joaquim ultrapassam os R$ 152 milhões. Enquanto o crescimento dos bens do conselheiro, entre 1996 a 2015, ultrapassou 15.000% (já descontada a inflação), a poupança rendeu 19% no período, o ouro se valorizou em 49%, e o índice Ibovespa, que reúne as ações das principais empresas brasileiras, cresceu 61%. [caption id="attachment_21058" align="alignnone" width="260"] Foto: Plantel de Gado de Antônio Joaquim em uma de suas fazendas[/caption] No outro bordo os bens do conselheiro incluem-se: fazendas, gados, cavalos de raças, carros nacionais, carros importados, mansões, terrenos urbanos, chácaras, apartamentos, quadros de pinturas, casas no manso e pantanal, barcos, jet sky, aplicações em rendas fixas e cadernetas de poupança. Todas essas aquisições do casal Antônio e Tânia são incompatíveis com suas rendas. Mas, na verdade, desde quando assumiu a pasta de infraestrutura no governo Dante de Oliveira, Antônio Joaquim deu o grande ´salto´ patrimonial na sua fortuna. A partir daí o que se viu foi à elevação de seus bens, desde quando ele assumiu como conselheiro do Tribunal de Contas. Numa guinada radical o casal Moraes mudou a função social das suas fazendas, transformando-as em empresas agropecuárias. O conselheiro e sua esposa passaram a investir na compra de imóveis em Cuiabá e Várzea Grande e de terras e gados em Nossa Senhora do Livramento e Barra do Garças. Com medo de serem investigados pelo Ministério Público, o casal colocou uma das agropecuárias conjuntamente com suas filhas. Outra situação nada inovadora é que a maior fazenda do conselheiro, a Rancho T tem até pista de avião, e por várias vezes já foi visto pouso e decolagem naquela localidade. O plantel da fazenda do conselheiro gira em torno de 200 mil cabeças de gados nelore. O conselheiro tenta se explicar quanto a elevação de seu patrimônio afirmando que é natural pois é oriunda de uma família rica e que seu pai e avô eram ricos. “Meu pai e meu avô sempre compraram e venderam gado. Sempre foram ricos”, disse o conselheiro durante uma entrevista coletiva. A reportagem do Página 12 foi até a cidade de Barra do Garças e General Carneiro em Mato Grosso e no vilarejo de São João da Baliza em Goiás e descobriu que o pai do conselheiro, o maranhense Salomé José Rodrigues e sua mãe Grimalda dos Santos Rodrigues viviam uma vida humilde em Goiás, depois se mudaram para Mato Grosso para fugirem da miséria. Seu pai foi garimpeiro, assim como seu avô Antônio Joaquim Rodrigues em companhia da avó Hermenegilda Rodrigues. Além de garimpeiro, o pai do conselheiro ainda comprou e vendeu diamantes. Logo após passou a ser delegado de polícia na cidade de General Carneiro. Mas nunca teve plantel de gado e nem fazendas e morreram pobres. O filho, ao contrário, consegui superá-los. E milagrosamente conseguiu em um toque de mágica chegar ao montante de mais de R$ 152 milhões.                                     Evolução patrimonial de Antônio Joaquim              1996                                        1997                                  2015
  R$ 120.531,20    R$ 188.429,93   R$ 152 milhões
                          Bens do conselheiro ultrapassam R$ 152 milhões   *Apartamento (Fontana di Trevi) – situado na avenida Presidente Marques – valor R$ atual R$ 300.000,00 *Uma área de terras com 703 hectares (Nossa senhora do Livramento) – valor atual R$ 17.575 milhões *Sitio Sucury com 221 hectares (Nossa Senhora do Livramento) – valor atual R$ 4.420 milhões *Área rural com 216 hectares (Nossa Senhora do *Livramento) – valor atual R$ 4.320 milhões *Área rural com 66 hectares (Nossa senhora do Livramento) – valor atual R$ 1.320 milhão *Área rural com 200 hectares (Nossa Senhora do Livramento) – valor atual R$ 5.000 milhões *Fazenda Rancho T com 1.165,79 hectares (Nossa senhora do Livramento) – valor atual R$ 34.973,700 (milhões) *Fazenda Santa Fé com 2.014,80 hectares (Nossa Senhora do Livramento) – valor atual R$ 70.518,000 (milhões) *03 terrenos no loteamento Jardim Morada dos Nobres (Cuiabá) – valor atual R$ 160 mil *01 terreno no loteamento Jardim Morada do Nobres (Cuiabá) – valor atual R$ 100 mil *Casa no condomínio Alphaville, localizado no bairro Jardim Itália (Cuiabá) – valor R$ 5 milhões *Carros nacionais (Cuiabá) – valor atual R$ 150 mil *Carros importados (Cuiabá) – R$ 200 mil *Investimentos (Cuiabá) – R$ 3 milhões                                                     Joaquim mentiu quando                                            afirmou que pai e avô eram ricos “Eu sempre mexi com gado. Meu pai e meu avô eram criadores de gado, vendiam e compravam gados e faziam leilão”. A afirmativa é do conselheiro Antônio Joaquim ao tentar justificar onde adquiriu o seu plantel de mais de 200 mil cabeças de gados na qual tem em suas propriedades rurais. Em coletiva realizada no mês de agosto em seu gabinete, ele tentou justificar afirmando que herdou os gados do seu pai e avô. Apuração feita pelo Página 12 constatou que o conselheiro mentiu na coletiva. [caption id="attachment_21056" align="alignnone" width="300"] Foto: Cidade onde Antônio Joaquim viveu com os pais no interior de Goias/Página 12[/caption] Tanto seu pai quanto seu avô eram pessoas humildes e nunca foram criadores de gado. Seu pai Salomé José Rodrigues, era maranhense de nascimento e mudou-se com os avôs, Antônio Joaquim Rodrigues e Hermenegilda Rodrigues, para São José de Baliza, corruptela que fica encravado no sertão do estado de Goiás. Depois se mudaram para Mato Grosso para garimpar. Seu pai chegou a ser delegado da cidade de General Carneiro e tanto ele quanto o avô nunca comercializaram gado e nem foram fazendeiros. [caption id="attachment_21057" align="alignnone" width="300"] Foto: Casa onde Antônio Joaquim morou, em São João da Baliza, antes de se mudar para Barra do Garças-MT[/caption] Declaração de bens Declaração de bens2pdf Declaração de bens3pdf Declaração de bens4pdf Declaração de bens5pdf Declaração de bens6pdf Declaração de bens7pdf Declaração de bens8pdf Declaração de bens9pdf Diario oficial