Polícia
Influenciadora de MT que vendia ilusão com o "jogo do tigrinho" é capturada após dois meses escondida na casa da mãe
Emilly Souza, que ostentava luxo nas redes sociais enquanto induzia seguidores ao vício em jogos ilegais, é apontada como peça-chave em esquema milionário de estelionato digital

A farsa da ostentação chegou ao fim. A influenciadora digital e autoproclamada “modelo e jogadora” Emilly Souza foi presa na terça-feira,03, em Cuiabá, após dois meses foragida da Justiça. Escondida na casa da própria mãe, no bairro Santa Terezinha, ela tentou escapar da responsabilização por enganar milhares de pessoas com o famigerado “jogo do tigrinho”, um cassino online ilegal que destruiu sonhos e esvaziou contas bancárias por todo o país.
Com mais de 90 mil seguidores nas redes sociais, Emilly vendia uma vida de luxo, viagens internacionais e ostentação, mas por trás das câmeras havia um esquema sujo e lucrativo de estelionato, manipulação emocional e lavagem de dinheiro. Ela é uma das investigadas da Operação Quéfren, deflagrada pela Polícia Civil para desmontar um verdadeiro cartel digital de apostas fraudulentas.
Segundo a investigação, Emilly e outros influenciadores usavam contas manipuladas, programadas para exibir vitórias irreais em jogos de azar. Os vídeos, recheados de supostos lucros fáceis, iludiam seguidores inocentes com promessas de enriquecimento instantâneo. Na realidade, o objetivo era claro: transformar fãs em vítimas.
Os criminosos lucravam em dobro: recebiam pagamentos das plataformas ilegais por publicações e ainda comissões por cada novo apostador que entrasse nas armadilhas digitais.
A prisão de Emilly não foi isolada. Em abril, a polícia já havia capturado Mariany Dias, também influenciadora e estudante de odontologia, em Várzea Grande. Outros nove “influencers” foram presos em São Paulo, Ceará e Pará. Ao todo, a Operação Quéfren cumpriu 13 mandados de prisão, além de bloqueios de bens, apreensão de veículos e quebra de sigilos bancários.
De acordo com a polícia, o esquema movimentou milhões de reais com base em mentiras cuidadosamente encenadas. Enquanto Emilly e seus comparsas exibiam carros de luxo e viagens para o Japão, Suíça e França, milhares de brasileiros caíam no golpe, apostando tudo que tinham e saindo de mãos vazias — muitos afundados em dívidas e em estado de desespero.
O “Fortune Tiger”, apelidado de jogo do tigrinho, tornou-se símbolo dessa farsa digital: um cassino online ilegal que promete fortuna, mas entrega prejuízo.
Agora atrás das grades, Emilly Souza deve responder por estelionato, exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro. A influenciadora que jurava ganhar dinheiro “brincando” com joguinhos está prestes a encarar a dura realidade de uma cela — longe dos filtros, dos likes e da ilusão que construiu.
Enquanto influenciadores ganhavam comissões milionárias, milhares de seguidores perdiam economias, dignidade e, em muitos casos, a saúde mental. O prejuízo é incalculável.