Polícia

Chico 2000 na mira da PF: vereador é investigado por propina e compra de votos em 2024

Um dos mandados de busca e apreensão foi cumprido na residência do parlamentar, que já havia sido afastado de suas funções

DA REPORTAGEM/COM PF-MT 05/06/2025
Chico 2000 na mira da PF: vereador é investigado por propina e compra de votos em 2024
Segundo a PF, Chico 2000 é suspeito de abordar eleitores de outro candidato do próprio partido, o PL, oferecendo vantagens indevidas em troca de apoio político | Leia Agora

O vereador afastado Chico 2000 (PL) voltou ao centro de um escândalo político e policial em Mato Grosso. Nesta quinta-feira (5), a Polícia Federal deflagrou a Operação Rescaldo, que investiga compra de votos nas eleições de 2024 em Cuiabá e Várzea Grande. Um dos mandados de busca e apreensão foi cumprido na residência do parlamentar, que já havia sido afastado de suas funções pela Justiça no âmbito da Operação Perfídia, deflagrada em abril, por suspeita de corrupção ativa e passiva na Câmara de Cuiabá.

Segundo a PF, Chico 2000 é suspeito de abordar eleitores de outro candidato do próprio partido, o PL, oferecendo vantagens indevidas em troca de apoio político. A prática configura o crime de captação ilícita de sufrágio, popularmente conhecido como compra de votos, cuja pena pode chegar a cinco anos de prisão. Os agentes também realizaram buscas em outro imóvel localizado no bairro Água Vermelha, em Várzea Grande.

As investigações foram iniciadas a partir de uma notícia-crime, segundo a qual um candidato estaria atuando para “cooptar” eleitores do concorrente. A PF afirmou que as medidas cautelares visam reunir provas e elementos para aprofundar a apuração dos crimes eleitorais e outros possíveis ilícitos associados.

Chico 2000 já estava afastado do cargo desde abril, quando a Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) deflagrou a Operação Perfídia. A ação investigava um esquema de corrupção envolvendo o vereador e o colega Sargento Joelson (PSB), supostamente em conluio para aprovar um projeto de lei que beneficiava a empresa HB 20 Construções EIRELI, contratada para realizar obras públicas em Cuiabá.

De acordo com depoimentos colhidos pela Polícia Civil, os parlamentares teriam exigido propina de R$ 250 mil da empreiteira — R$ 150 mil via Pix e R$ 100 mil em dinheiro vivo — para viabilizar a tramitação e aprovação de um projeto de lei que permitiu o parcelamento de débitos fiscais do município com a HB 20. Após a aprovação da matéria, a empresa teria recebido R$ 4,8 milhões da Prefeitura, o que, segundo as autoridades, configura indício claro de contrapartida ilícita.

As reuniões e repasses teriam ocorrido dentro dos gabinetes dos vereadores, o que agrava ainda mais o caráter institucional da suspeita de corrupção. A presidência da Câmara era ocupada por Chico 2000 no período em questão, aumentando sua responsabilidade nos fatos.

Com o afastamento dos vereadores, os suplentes Rafael Yonekubo (PL) e Gustavo Padilha (PSB) foram convocados e assumiram provisoriamente os mandatos na Câmara de Cuiabá. A Justiça determinou que Chico 2000 e Joelson estão proibidos de frequentar o prédio do Legislativo municipal e quaisquer obras relacionadas à HB 20 Construções, como o canteiro do Contorno Leste.

Um pedido de Comissão Processante para cassação do mandato de Chico 2000, protocolado pelo advogado e ex-candidato Julier Sebastião, chegou a ser arquivado por falta de provas formais, uma vez que o requerimento se baseava apenas em reportagens da imprensa, sem anexar documentos oficiais do inquérito policial.

Até o momento, nenhum pedido de cassação foi protocolado contra Sargento Joelson.

Em nota, a HB 20 Construções EIRELI negou qualquer envolvimento institucional com as tratativas criminosas. A empresa afirmou que não autorizou, pactuou ou participou de qualquer conduta ilícita, e que colabora com as investigações para o esclarecimento dos fatos.