Polícia
Golpe do século em MT: Justiça solta casal que destruiu o sonho de formatura de mais de mil jovens e causou rombo de R$ 7 milhões
Márcio e Eliza, o casal que virou pesadelo de estudantes, agora está livre usando tornozeleira — enquanto vítimas colecionam dívidas e frustrações

A Justiça de Mato Grosso chocou o estado ao decidir libertar os empresários Márcio Júnior Alves do Nascimento e Eliza Severino da Silva, acusados de protagonizar um dos maiores golpes já registrados no setor de eventos: o golpe das formaturas, que deixou um rastro de mais de mil jovens enganados e um prejuízo milionário.
Mesmo diante das acusações de fraude premeditada, calote em fornecedores e funcionários e quebra do sonho de milhares de famílias, os empresários agora respondem em liberdade, monitorados por tornozeleira eletrônica. A decisão foi da Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, que acatou o voto do relator, desembargador Lídio Modesto, sob o argumento de que o casal colabora com as investigações.
O plano, segundo a Polícia Civil, foi arquitetado nos mínimos detalhes: enquanto já sabiam que a empresa seria fechada no início de 2025, Márcio e Eliza continuavam assinando contratos até o último instante, extorquindo recursos de estudantes que só queriam celebrar suas conquistas.
“Eles sabiam que a empresa ia encerrar e agiram para arrecadar o máximo possível, sem nenhuma preocupação com as vítimas”, disparou o delegado Rogério da Silva Ferreira.
Foram mais de 250 boletins de ocorrência, com casos de turmas inteiras lesadas. Em algumas situações, um único B.O. reúne até 20 vítimas.
O impacto emocional é devastador. Eduarda Santana, estudante de odontologia, gastou R$ 46 mil com a irmã e relata o choque:
“Foram quatro anos esperando por esse momento. Estávamos com vestidos prontos, maquiagem marcada, tudo pago... e ficamos sem nada.”
A turma de Alana Gosch, de medicina, amarga um prejuízo de R$ 307 mil, sem contar os gastos pessoais.
Além dos estudantes, funcionários como o fotógrafo Guilherme Firmino relatam calotes: “A empresa me deve R$ 10 mil e até hoje ninguém entrou em contato. É um descaso total.”
Enquanto isso, as vítimas amargam dívidas, frustrações e traumas, e os responsáveis pelo golpe seguem livres, em casa, enquanto a Justiça parece ignorar o clamor popular. Os empresários respondem por crimes que podem gerar até 13 anos de prisão e multa, mas hoje caminham pelas ruas, monitorados apenas por tornozeleiras.