Polícia

Golpe do século em MT: Justiça solta casal que destruiu o sonho de formatura de mais de mil jovens e causou rombo de R$ 7 milhões

Márcio e Eliza, o casal que virou pesadelo de estudantes, agora está livre usando tornozeleira — enquanto vítimas colecionam dívidas e frustrações

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM PC-MT/COM TJ-MT 14/06/2025
Golpe do século em MT: Justiça solta casal que destruiu o sonho de formatura de mais de mil jovens e causou rombo de R$ 7 milhões
A Justiça de Mato Grosso chocou o estado ao decidir libertar os empresários Márcio Júnior Alves do Nascimento e Eliza Severino da Silva | Arquivo Página 12

A Justiça de Mato Grosso chocou o estado ao decidir libertar os empresários Márcio Júnior Alves do Nascimento e Eliza Severino da Silva, acusados de protagonizar um dos maiores golpes já registrados no setor de eventos: o golpe das formaturas, que deixou um rastro de mais de mil jovens enganados e um prejuízo milionário.

Mesmo diante das acusações de fraude premeditada, calote em fornecedores e funcionários e quebra do sonho de milhares de famílias, os empresários agora respondem em liberdade, monitorados por tornozeleira eletrônica. A decisão foi da Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, que acatou o voto do relator, desembargador Lídio Modesto, sob o argumento de que o casal colabora com as investigações.

O plano, segundo a Polícia Civil, foi arquitetado nos mínimos detalhes: enquanto já sabiam que a empresa seria fechada no início de 2025, Márcio e Eliza continuavam assinando contratos até o último instante, extorquindo recursos de estudantes que só queriam celebrar suas conquistas.

“Eles sabiam que a empresa ia encerrar e agiram para arrecadar o máximo possível, sem nenhuma preocupação com as vítimas”, disparou o delegado Rogério da Silva Ferreira.

Foram mais de 250 boletins de ocorrência, com casos de turmas inteiras lesadas. Em algumas situações, um único B.O. reúne até 20 vítimas.

O impacto emocional é devastador. Eduarda Santana, estudante de odontologia, gastou R$ 46 mil com a irmã e relata o choque:

“Foram quatro anos esperando por esse momento. Estávamos com vestidos prontos, maquiagem marcada, tudo pago... e ficamos sem nada.”

A turma de Alana Gosch, de medicina, amarga um prejuízo de R$ 307 mil, sem contar os gastos pessoais.

Além dos estudantes, funcionários como o fotógrafo Guilherme Firmino relatam calotes: “A empresa me deve R$ 10 mil e até hoje ninguém entrou em contato. É um descaso total.”

Enquanto isso, as vítimas amargam dívidas, frustrações e traumas, e os responsáveis pelo golpe seguem livres, em casa, enquanto a Justiça parece ignorar o clamor popular. Os empresários respondem por crimes que podem gerar até 13 anos de prisão e multa, mas hoje caminham pelas ruas, monitorados apenas por tornozeleiras.