Polícia
Do lado da lei ao lado do crime: O que se sabe sobre os atos criminosos de advogados e policiais penais em MT
A Operação Arinos Sujo, deflagrada recentemente em Juara, jogou luz sobre mais um desses esquemas

Em Mato Grosso, a linha que separa o cumprimento da lei e a associação ao crime parece, em muitos casos, ter sido apagada por aqueles que deveriam defendê-la. Advogados e policiais penais, profissionais que ocupam funções essenciais à Justiça e à ordem pública, surgem cada vez mais como protagonistas em escândalos de corrupção, extorsão, facilitação ao crime organizado e lavagem de dinheiro.
Nos últimos anos, operações conjuntas da Polícia Civil, Polícia Federal e Ministério Público expuseram a atuação criminosa de servidores penitenciários em Mato Grosso. Entre as práticas mais comuns identificadas: Facilitação da entrada de celulares, drogas e até armas em unidades prisionais, mediante pagamento por parte de organizações criminosas, cobrança de propina de familiares de detentos para garantir supostas "regalias" ou "proteção" dentro das celas e conivência com a realização de festas clandestinas em presídios, com consumo de bebidas alcoólicas e presença irregular de visitantes.
A Operação Arinos Sujo, deflagrada recentemente em Juara, jogou luz sobre mais um desses esquemas. Policiais penais teriam utilizado suas funções para obter vantagens financeiras ilícitas, enquanto advogados atuavam como operadores na lavagem do dinheiro sujo.
Ao mesmo tempo, parte da advocacia em Mato Grosso também aparece envolvida em graves denúncias. Investigações revelaram que: advogados vinham sendo usados como “pombos-correio” do crime organizado, levando ordens de facções para o exterior dos presídios sob o manto do sigilo profissional, escritórios se transformaram em centros de operações financeiras do crime, com atuação direta em esquemas de lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e blindagem de bens adquiridos ilicitamente.
Casos de advogados flagrados negociando propinas em nome de detentos e repassando informações estratégicas a criminosos em liberdade.
Em diversos episódios, a OAB-MT precisou abrir processos disciplinares para apurar a conduta dos profissionais envolvidos, enquanto órgãos correcionais do sistema prisional reforçaram investigações internas contra policiais penais.
Embora notas oficiais das entidades de classe reiterem o compromisso com a moralidade, os casos têm manchado a imagem de categorias que deveriam ser exemplo de ética e respeito à lei. A sociedade cobra punições rigorosas, medidas de controle mais eficazes e maior transparência nas apurações.
Para especialistas, os crimes cometidos por advogados e policiais penais em Mato Grosso refletem uma falha estrutural no controle e fiscalização dos agentes públicos, além da necessidade de revisão dos mecanismos de combate à corrupção dentro das próprias instituições.
O nome “Arinos Sujo” — escolhido para a operação que revelou o conluio entre advogados e policiais penais em Juara — simboliza não apenas o rio da região, mas também a lama moral que precisa ser removida para que a confiança nas instituições seja resgatada.
O Ministério Público, com apoio das forças policiais, promete novas ações para desmantelar o que já é chamado de rede do crime dentro do Estado, mostrando que, para o combate à corrupção, não há foro privilegiado nem farda ou toga que proteja os culpados.