Polícia

A Máfia da Soja: Empresário usava caminhões e propina milionária para assaltar fazendas em Mato Grosso

Segundo os investigadores, o empresário — responsável por seis caminhões-caçamba usados para transportar cargas furtadas — agia como operador financeiro da quadrilha

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM PC-MT 27/06/2025
A Máfia da Soja: Empresário usava caminhões e propina milionária para assaltar fazendas em Mato Grosso
O esquema envolvia recrutamento de funcionários das fazendas, incluindo gerentes, balanceiros e operadores | PC-MT

Um dos maiores esquemas de roubo e fraude da história do agronegócio mato-grossense foi escancarado pela Polícia Civil nesta terça-feira (24), durante a Operação Safra 3. Um empresário do ramo de transportes, tratado como peça-chave da quadrilha, planejou saquear R$ 15 milhões do BNDES para bancar uma operação criminosa que já vinha devastando propriedades rurais e enchendo cofres particulares com dinheiro sujo.

Segundo os investigadores, o empresário — responsável por seis caminhões-caçamba usados para transportar cargas furtadas — agia como operador financeiro da quadrilha, que desviou mais de R$ 20 milhões em soja e milho. A ousadia foi tanta que ele carregou meio milhão de reais em dinheiro vivo dentro de uma caminhonete, pronto para subornar contatos em Brasília e liberar a primeira parcela do golpe bilionário.

O flagrante ocorreu em junho de 2022, quando equipes da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), com apoio da Polícia Rodoviária Federal e da Derf de Primavera do Leste, interceptaram o veículo. Dentro da S-10, pacotes recheados de notas de R$ 100 e R$ 50 seriam entregues como “sinal” para a propina.

“As investigações comprovam uma teia criminosa altamente organizada, que usava corrupção, roubo e lavagem de dinheiro para saquear produtores e enganar o sistema financeiro nacional”, disse o delegado Gustavo Colognesi Belão, responsável pelo caso.

O esquema envolvia recrutamento de funcionários das fazendas, incluindo gerentes, balanceiros e operadores, que permitiam o carregamento de caminhões fantasmas. Depois, as cargas eram “esquentadas” em empresas de fachada, com notas fiscais frias emitidas para parecer tudo legal.

A GCCO descobriu ainda movimentações bancárias suspeitas — depósitos de até R$ 210 mil para parentes de outros criminosos, numa engrenagem de lavagem de dinheiro que se estendia por diversos estados.

Na terceira fase da ofensiva, a Polícia cumpriu 63 ordens judiciais e desmontou parte do que chamou de “máfia do agronegócio”. Entre os alvos, empresários, falsificadores e operadores do caixa clandestino que alimentava o esquema.

O empresário preso será indiciado por organização criminosa, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e furto qualificado. O delegado já adiantou que novas prisões e bloqueios milionários devem acontecer nos próximos dias.

O caso expõe como a criminalidade vem se infiltrando no agro e transformando o furto de grãos em um negócio clandestino de proporções bilionárias.