Polícia
A Máfia da Soja: Empresário usava caminhões e propina milionária para assaltar fazendas em Mato Grosso
Segundo os investigadores, o empresário — responsável por seis caminhões-caçamba usados para transportar cargas furtadas — agia como operador financeiro da quadrilha

Um dos maiores esquemas de roubo e fraude da história do agronegócio mato-grossense foi escancarado pela Polícia Civil nesta terça-feira (24), durante a Operação Safra 3. Um empresário do ramo de transportes, tratado como peça-chave da quadrilha, planejou saquear R$ 15 milhões do BNDES para bancar uma operação criminosa que já vinha devastando propriedades rurais e enchendo cofres particulares com dinheiro sujo.
Segundo os investigadores, o empresário — responsável por seis caminhões-caçamba usados para transportar cargas furtadas — agia como operador financeiro da quadrilha, que desviou mais de R$ 20 milhões em soja e milho. A ousadia foi tanta que ele carregou meio milhão de reais em dinheiro vivo dentro de uma caminhonete, pronto para subornar contatos em Brasília e liberar a primeira parcela do golpe bilionário.
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“As investigações comprovam uma teia criminosa altamente organizada, que usava corrupção, roubo e lavagem de dinheiro para saquear produtores e enganar o sistema financeiro nacional”, disse o delegado Gustavo Colognesi Belão, responsável pelo caso.
O esquema envolvia recrutamento de funcionários das fazendas, incluindo gerentes, balanceiros e operadores, que permitiam o carregamento de caminhões fantasmas. Depois, as cargas eram “esquentadas” em empresas de fachada, com notas fiscais frias emitidas para parecer tudo legal.
A GCCO descobriu ainda movimentações bancárias suspeitas — depósitos de até R$ 210 mil para parentes de outros criminosos, numa engrenagem de lavagem de dinheiro que se estendia por diversos estados.
Na terceira fase da ofensiva, a Polícia cumpriu 63 ordens judiciais e desmontou parte do que chamou de “máfia do agronegócio”. Entre os alvos, empresários, falsificadores e operadores do caixa clandestino que alimentava o esquema.
O empresário preso será indiciado por organização criminosa, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e furto qualificado. O delegado já adiantou que novas prisões e bloqueios milionários devem acontecer nos próximos dias.
O caso expõe como a criminalidade vem se infiltrando no agro e transformando o furto de grãos em um negócio clandestino de proporções bilionárias.