Polícia

Lideranças de facção de MT são capturadas no RJ após comandarem mais de 100 mortes em Sorriso

Chefes do crime viviam escondidas no Complexo da Maré e foram presas em shopping de luxo no Rio; Mana Isa era temida até por outros criminosos

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM PC-MT 04/08/2025
Lideranças de facção de MT são capturadas no RJ após comandarem mais de 100 mortes em Sorriso
As duas são apontadas como lideranças de facções atuantes em Sorriso(420 km de Cuiabá), e mesmo distantes continuavam ordenando execuções | PC-MT/PC-RJ

Duas das mais temidas criminosas de Mato Grosso foram finalmente capturadas no domingo,03, em uma ação conjunta entre a Polícia Civil de MT e do Rio de Janeiro. Priscila Moreira Janis, a temida “Mana Isa”, e Ingride Fontinelles Morais, conhecida como “Mulher do Buchudo”, foram presas em um shopping de luxo em Jacarepaguá (RJ), após passarem quase dois anos foragidas, escondidas no Complexo da Maré — um dos maiores redutos do crime organizado no país.

As duas são apontadas como lideranças de facções atuantes em Sorriso(420 km de Cuiabá), e mesmo distantes continuavam ordenando execuções, punições internas (“salves”) e guerras entre grupos criminosos.

A Segurança Pública estima que Mana Isa tenha ordenado mais de 100 homicídios, tornando-se uma das figuras mais letais da facção mato-grossense. Os números ainda estão sob apuração.

Segundo a Polícia Civil, as duas viviam sob a proteção de criminosos cariocas e também com recursos próprios, mantendo uma vida discreta no Rio. Mas isso não impediu que continuassem comandando o tráfico e os assassinatos em Mato Grosso à distância.

“Essas prisões são estratégicas. Elas representam um duro golpe na estrutura do crime em Mato Grosso, especialmente em Sorriso, onde o terror imposto por essas mulheres provocou um salto nos índices de homicídios”, afirmou o delegado Gustavo Belão, titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).

Desde 2022, Priscila Janis havia se tornado a principal líder da facção em Sorriso, impondo uma conduta de extrema violência até mesmo para os padrões do crime. Seu comportamento provocou insatisfação e gerou uma cisão no grupo, levando à criação de uma facção rival por integrantes que discordavam da quantidade de “salves” e “decretos” (ordens de morte) expedidos por ela.

A ruptura desencadeou uma guerra territorial entre as organizações, com execuções frequentes e o aumento descontrolado da violência na cidade.

As duas criminosas foram surpreendidas por investigadores dentro de um shopping center em Jacarepaguá e não ofereceram resistência. Ambas tinham vários mandados de prisão expedidos pela Justiça de Mato Grosso, por crimes como organização criminosa, tráfico de drogas e homicídio.

Mesmo vivendo sob disfarces e proteção no Rio de Janeiro, continuavam articulando crimes no Norte de MT, deixando um rastro de sangue e medo.

“A prisão de Mana Isa e da Mulher do Buchudo é simbólica. Demonstra que, mesmo foragidas em outras unidades da federação, o braço da Justiça alcança os líderes do crime organizado”, concluiu o delegado Belão.