Polícia

Alunas que torturaram colega em “tribunal do crime escolar” são internadas por ordem da Justiça

Grupo agia como facção criminosa dentro de escola pública em MT; vítima de 12 anos foi espancada por descumprir regra

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA 06/08/2025
Alunas que torturaram colega em “tribunal do crime escolar” são internadas por ordem da Justiça
A agressão covarde foi filmada pelas próprias adolescentes e viralizou nas redes sociais na segunda-feira (4), chocando o estado de Mato Grosso | Divulgação/PC-MT

Três adolescentes foram internadas por determinação da Justiça após a brutal agressão cometida contra uma aluna de 12 anos, dentro da Escola Estadual Carlos Hugueney, em Alto Araguaia (415 km de Cuiabá). O caso chocou o estado após a divulgação de vídeos nas redes sociais mostrando a vítima sendo covardemente espancada por colegas de classe.

A decisão foi proferida nesta quarta-feira (6) pela 1ª Vara da Comarca local. As adolescentes, com idades entre 12 e 14 anos, serão levadas para uma unidade do sistema socioeducativo em Cuiabá. A quarta envolvida, de apenas 11 anos, não poderá ser internada por impedimento legal previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

De acordo com a Polícia Civil, as agressoras integravam um grupo de alunas que copiava rituais e a hierarquia de facções criminosas. Elas aplicavam punições físicas — conhecidas como “salves” — contra colegas que desobedecessem as regras internas do grupo. A vítima foi agredida justamente por ter infringido uma dessas normas.

"Durante a agressão, elas impunham que a vítima não chorasse. Se chorasse, o espancamento aumentava", afirmou o delegado Marcos Paulo Batista de Oliveira, responsável pelas investigações.

A prática criminosa dentro da escola já teria vitimado ao menos outras quatro alunas, segundo depoimentos colhidos. As agressoras confessaram os ataques e explicaram o funcionamento do “grupo”, que contava com regras, punições e até liderança definida, tudo inspirado em facções criminosas reais.

Com base nas gravações feitas pelas próprias agressoras e nos depoimentos de dez pessoas, entre elas pais, vítimas e a direção da escola, a Polícia Civil concluiu o inquérito e o enviou ao Ministério Público, recomendando a internação das adolescentes por atos infracionais análogos aos crimes de tortura e associação criminosa.

Celulares foram apreendidos e os vídeos, localizados. As investigações apontaram ainda que algumas das alunas têm vínculos familiares com integrantes de facções criminosas, o que pode ter influenciado o comportamento violento dentro da escola. Uma das meninas já havia sido conduzida à delegacia por estar acompanhada de um suspeito de tráfico de drogas.

A Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT) afirmou que acompanha o caso e que equipes da escola e da Diretoria Regional de Educação estão prestando apoio psicológico à vítima, aos estudantes envolvidos e às suas famílias.

Em nota, a pasta disse ainda que pretende aplicar “punições exemplares” às alunas envolvidas, dentro dos limites legais. O estado de saúde da menina agredida não foi divulgado.